4 poemas de e. e. cummings



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à atemporalidade e ao tempo igual,
o amor não tem início nem final:
se nada andar nadar nem respirar
o amor serão o vento a terra e o mar

(amantes sofrem? cada divindade
lhes veste a pele com mortal vaidade:
amantes são felizes? seu querer
cria universos ao menor prazer)

amor é a voz por trás do que se cala,
esperança que o medo não cancela:
força tão forte que nem força abala:
verdade antes do sol e além da estrela

– amantes amam? ora, o tolo e o esperto
que preguem céu e inferno, tudo certo

 

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Being to timelessness as it’s to time,
love did no more begin than love will end:
where nothing is to breathe to stroll to swim
love is the air the ocean and the land

(do lovers suffer? all divinities
proudly descending put on deathful flesh:
are lovers glad? only their smallest joy’s
a universe emerging from a wish)

love is the voice under all silences,
the hope which has no opposite in fear:
the strength so strong mere force is feebleness:
the truth more first than sun more last than star

– do lovers love? why then to heaven with hell.
whatever sages say and fools, all’s well

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amo você (mais linda namorada)
como a ninguém na terra inteira e eu
amo-a bem mais que tudo que há no céu

– há luz solar e canto à sua chegada

embora o inverno espalhe em toda parte
tanto silêncio e tanta escuridão
que ninguém mais percebe outra estação

grassar na vida (minha vida à parte) –

e se o que se diz mundo por favor
ou sorte ouvisse o canto (ou visse que
a luz do meio-dia se avizinha
quão mais feliz o coração caminha

a perto de mais perto de você
creria (namorada) só no amor

 

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i love you much (most beautiful darling)

more than anyone on the earth and i
like you better than everything in the sky

– sunlight and singing welcome your coming

although winter may be everywhere
with such a silence and such a darkness
noone can quite begin to guess

(except my life) the true time of year –

and if what calls itself a world should have
the luck to hear such singing (or glimpse such
sunlight as will leap higher than high
through gayer than gayest someone’s heart at your each

nearness) everyone certainly would (my
most beautiful darling) believe in nothing but love

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serás feliz e jovem mais que tudo
Pois se és jovem, a vida que vestires

há de tornar-se tu;e se és feliz,
tal qual deseja a vida assim serás.
Meninas (os) precisam de meninos (as)
e basta: posso amar somente aquela

cujo mistério é dar espaço à carne
e arrebatar o tempo à alma do homem

e quanto a cogitar se deus proíbe
e (em sua graça) puro amor se exclui:
pois nisso irão razão,tumba fetal
dita progresso, e injuízo final

digo que aprendo canto com um pássaro
mas não ensino a não dançar estrelas.

 

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you shall above all things be glad and young
For if you’re young, whatever life you wear

it will become you; and if you are glad
whatever’s living will yourself become.
Girlboys may nothing more than boygirls need:
i can entirely her only love

whose any mystery makes every man’s
flesh put space on;and his mind take off time

that you should ever think,may god forbid
and (in his mercy) your true lover spare:
for that way knowledge lies, the foetal grave
called progress, and negation’s dead undoom.

I’d rather learn from one bird how to sing
than teach ten thousand stars how not to dance

 

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morrer tudo bem) mas Morte

? ah
meu bem
eu

não gostaria da

Morte se a Morte
fosse boa: pois

quando (em vez de parar de pensar) se

sente chegar, morrer
é um milagre
por quê? é

que morrer é

perfeitamente natural; perfeitamente
para dizer
o mínimo vívido(mas a

Morte

é rigorosamente
científica
& artificial &
maligna & jurídica)
agradecemos-te
deus
todo-poderoso por morrer
(perdoai-nos,ó vida! o pecado da Morte

 

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dying is fine)but Death
?o
baby
i
wouldn’t like
Death if Death
were
good:for
when(instead of stopping to think)you
begin to feel of it,dying
‘s miraculous
why?be
cause dying is
perfectly natural;perfectly
putting
it mildly lively(but
Death
is strictly
scientific
& artificial &
evil & legal)
we thank thee
god
almighty for dying
(forgive us, o life! the sin of Death

 

 

 

 

 

 

 

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Gil Pinheiro é jornalista. Trabalhou, entre outras redações, no Estado de S. Paulo, Veja e Placar. Foi também editor de livros e redator publicitário. Dizer que é poeta e tradutor parece redundante, ou o que estaria fazendo aqui? Mas é bom advertir que na lira é bissexto pois digitar é preciso, versejar não é preciso. E-mail: gppress@hotmail.com




Comentários (10 comentários)

  1. Denise Freitas, parabéns pelas traduções, um belo trabalho. cummings é realmente um grande poeta.
    5 março, 2012 as 10:59
  2. Gil Pinheiro, Obrigado, Denise Freitas. Dizem que hoje os poetas escrevem apnas para outros poetas. Se é assim, para um traidor de cummings, o que pode ser mais gratificante que merecer a atenção de uma tradutora de cummings?
    10 março, 2012 as 5:51
  3. Ciça, Lindas as traduções, Gil. Dê-nos mais de presente. bjs
    12 março, 2012 as 1:20
  4. Pedro Buonano, Olá, estou visitando este site de poesias e apreciei-o muito. Parabéns pelo belo trabalho de caráter útil à literatura e informação. Pedro Buonano
    8 maio, 2012 as 21:45
  5. Ronaldo Ferrito, “amor é a voz por trás do que se cala, esperança que o medo não cancela: força tão forte que nem força abala: verdade antes do sol e além da estrela” Muito bom! Parabéns pela emulação/versão vigorosa das melopeias!
    28 junho, 2012 as 18:44
  6. ivy, Lindo trabalho, as poesias são belíssimas 🙂
    13 outubro, 2012 as 14:12
  7. Ramos Sobrinho, Poesia não é, necessariamente, beleza. Não há beleza na ditadura católica fascista matando Garcia Lorca, em Granada… por exemplo.
    9 junho, 2013 as 0:33
  8. Laís Luz, belíssimos: poema e tradução!
    24 janeiro, 2014 as 22:22
  9. Ariane Sales, Tentei entender seu comentário, Ramos Sobrinho. Concordo que poesia, como as demais formas de Arte, não é necessariamente beleza, ou “expressão da beleza”. Agora o seu exemplo foi escorregadio e infeliz, afinal, a “ditadura católica fascista” espanhola não é exemplo de poesia muito menos de algo belo. No entanto, encontramos poesia e beleza nos escritos poéticos de Garcia Lorca, assassinado por aquela ditadura, intolerante, cruel e sangrenta, como todas costumam ser.
    12 setembro, 2016 as 8:49
  10. Ariane Sales, Gil Pinheiro, encontrar esses poemas foi um presente. Muito obrigada!!
    12 setembro, 2016 as 8:51

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