6 POEMAS DE PAPASQUIARO
Poemas de Mario Santiago Papasquiaro
Tradução de Luiz Roberto Guedes / 2009
LOU ANDREAS SALOMÉ SAÚDA FRIEDRICH NIETZSCHE
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A mente é uma flor de tentáculos sem freio
porém o corpo é a rainha
a sultana do swing
a condessa desnuda das abelhas-rainhas
a bela que vibra & dá corda em si mesma
o mergulho de borbulhas até o fundo
a beberagem de estrelas que se tocam
a queimadura do triângulo quando abre suas portas
& palpitações & espasmos se molham no lúbrico
a Gafanhota beija o Escorpião
& vice-versa / & etcéteras
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LOU ANDREAS SALOMÉ SALUDA A FEDERICO NIETZSCHE
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La mente es 1 flor de tentáculos sin freno
pero el cuerpo es la reina
la sultana del swing
la condesa desnuda de las abejas reinas
la maja que vibra & a sí misma se da cuerda
el chapuzón de burbujas hasta el fondo
el brebaje de estrellas que se tocan
la quemadura del triángulo cuando tira sus puertas
& latidos & calambres se mojan en lo lúbrico
la Chapulín besa al Escorpión
& viceversa / & etcéteras
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DESARRUME MINHA CAMA
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o olor único de 1 violão de Picasso
as moscas adentro desse ventre
a carta sem data desse parto
o rosto do mongol que queimou o bistrô ao lado
as malhas de bailarina apertadas como uvas
a corrente com cadeado de meus olhos
Marcha atrás da fumaça daquele sonho que nunca desperta
O pleno desemprego também faz baderna
a sexualidade panteísta
a solidão sem escrúpulos
os sindicatos de uivos
as bandas dos pulmões partidos em gomos
Carne a carne a carne do inferno
Não só arde como amamenta o fogo
A desembocadura do calor? Queima muralhas
Bebe borra de café, pingas & pulques
Invade palacetes com sarnas não estudadas
Diz que se chama Treponema / Arthur Cravan IV
Fígado testamenteiro do chuvoso pecado original
Esse enxerto de podridão & magnata
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Desordena mi cama
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el solo olor de 1 guitarra de Picasso
las moscas adentro de ese vientre
la carta sin fecha de ese parto
el rostro del mongol que quemó el bistrót de al lado
las mallas de bailarina que aprietan como a uvas
la cadena con candado de mis ojos
Marcha atrás el humo de aquel sueño que jamás despierta
El desempleo pleno también hace bulla
la sexualidad panteísta
la soledad sin escrúpulos
los sindicatos de aullidos
las bandas de pulmones desgajados
Carne a carne la carne del infierno
no sólo arde sino que amamanta al fuego
¿La desembocadura del calor? Asa murallas
Bebe xaxcles chíngueres & neutles
invade palacetes con sarnas no estudiadas
Dice llamarse Treponema /Arthur Cravan IV
hígado albacea del lluvioso pecado original
ese injerto de pudrición & gerifalte
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INSÓLITO & DESVIADO
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Pássaro parteiro de chuvas
Pelicano provocador em fulltime
Gotejo como larva de borracha quente
Brotada dos lábios desprendidos do sol
As cidades, eu as deixo
Para vagar estrangeiro
Pelos quebra-mares do risco
As cidades, eu as quebro
Com meu fôlego de sumaúma
Trepadora de seu céu-balanço
mamilos de alvoradas – travessura e trapézio
mamilos de fadas
mordiscadas com todos
os dentes doidamente dançantes de minha caveira pirata
meus quadris são raios / de bicicleta campestre
preparando minha fuga deste tartamudo disparate industrial
morcego de radar descarado & ventosas suicidas
o último olhar do sou
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INSÓLITO & DESVIADO
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Pájaro partero de lluvias
pelícano provocador a fulltime
goteo como larva de goma caliente
brotada de los labios desprendidos del sol
las ciudades las dejo
para trotar extranjero
por los rompeolas del riesgo
las ciudades las quiebro
con mi aliento de ceiba
trepadora de cielos-columpios
pezones de albas-travesura & trapecio
pezones de hadas
mordisqueadas a pulso
por los dientes bailongos de mi calavera pirata
mis caderas son rayos/ de bicicleta campestre
afinando mi huida de este tartamudo disparate industrial
murciélago de radar descarado & ventosas suicidas
la última mirada del soy
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VITESSE-VERITÉ
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Projecionista azul / estou sonhando
As poltronas do cinema ressumam espuma
Os namorados se agarram sem que haja uma tela
Fassbinder ressuscita assobiando
em 1 banho turco em que sua mente se banha
/Da morte à morte /
Tudo esfumado saudade boscoso / todo ai / toda graça
Projecionista azul: o que estás tramando
Meu neurocinema deita chamas
Dominique Sanda interrompeu sua dança
Chupa os lábios fumegantes
Sua cinta-liga é agora uma coroa de tâmaras
/alimento proibido para quem não sobreviva às transfigurações
do fogo
Logo se entra: se arde
É emergencial transpirar todo sonho
Torcer o pescoço à infância
Pescar 1 cometa do rabo & descobri-lo uma falácia
Não estou bancando o socrático
Não estou rindo de mim mesmo
Dói na medula existir / & não conseguir apagá-la
Já sei que os fantasmas existem
Já sei que o milagre os apanha
Meu bairro / o do assombro profundo
é quem me dita estes ramos
Oh projecionista repreendido / irmão de criação
Oh projecionista!
VITESSE-VERITÉ
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Cácaro azul / estoy soñando
Las butacas del cine rezuman espuma
Los novios se cogen sin que exista pantalla
Fassbinder resucita chiflando
en 1 baño turco en el que se baña su mente
/ De la muerte a la muerte /
Difuminado todo saudade boscoso / todo ay / toda gracia
Cácaro azul: qué estás tramando
Mi neurocinema echa llamas
Dominique Sanda ha interrumpido su danza
Se chupa los labios humeantes
Su liguero es ahora 1 corona de dátiles
/ alimento prohibido para quien no sobreviva las transfiguraciones
del fuego
Luego se entra: se arde
Es de emergencia transpirar todo sueño
Torcerle el cuello a la infancia
Pescar de la cola 1 cometa & descubrirlo falacia
No es que me ponga socrático
No es que me ría de mí mismo
Me dobla los tuétanos existir / & no lograr borronearlo
Ya sé que los fantasmas existen
Ya sé que se los coge el milagro
Mi barrio / el del asombro profundo /
es quien me dicta estos gajos
Oh cácaro zaherido / hermanastro
¡Oh cácaro!
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AROMAS DE BECOS E VIELAS
(HOMENAGEM A PIER PAOLO PASOLINI)
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1 afiador de punhais te olha
com o olho fino de seu ofício
e a manhã se infla beijavelmente quieta
O resto é a fumaça que foge de bocas de asquerosas rédeas
1 brisa podre esvoaçando para desempedrar-se (mofo da alma afora)
do estômago virado & o frio sem sorrisos das fábricas
A polícia circula / como enfermidade secreta
encapsulada nas habituais caravanas de pó
que fazem fila diante da asma cerrada & repelente
de nossas tantas fossas comuns de passiva casca
Pombas há: como mulheres e suspiros
peles & suaves caprichos de pianista
que te dariam tudo de gorjeta
para não carregar / capa de calota / todo o chassi da derrota
nem com a caspa cegante nem com o fatal marido
Pombas há que em sua chuva rápida
sem tentar poemas te regalam óvulos
uma manhã a mais / quando em 1 quadro imóvel
pode ter sido uma manhã a menos & outro Mondrian muito denso
Vemos até triciclos & telefones roucos na viscosidade do beijo
Difácil a distração
Disenterias dissolvidas de diademas dioscoráceas de 1 dia sem
dona-branca
dissonante do diapasão / fora da dança os unhaços do dedal
e para cúmulo de falta de colméias até os enfastiados donzéis
da adivinhação
emproados em sua esferinha fixa: como clássicas aves de curral
O muco pendente / como ladrão baleado
Porém / cachorros de cachos: pelame de espaços livres
1 afiador de facas te escava / como razão fundada na velocidade
do irreal
em tua paixão de viver: que só se paga no ardente & movediço
aroma de 1 bordel fantástico
no bordado delicado de corpos & almas de pura pólvora
Nesse capricho, pois / que é teu país e teu casarão astral
A zona erógena de tua real descarga
praia invasora até de asfaltos mortos
transpiração tão forte que ao não-nascido fede
& a ela juntam suas unhas os gatos / solmente a puta solombra
dos irmãos gatos
que rondam dilacerando luzes com as espumas densas de seus
punhais negros
/ terremotos de paladar-broca /
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AROMAS DE CALLEJÓN
(HOMENAJE A PIER PAOLO PASOLINI)
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1 afilador de cuchillos te mira
con todo el ojo de su oficio
& la mañana se hincha besablemente quieta
Lo demás es el humo que huye de bocas de asquerosas riendas
1 aura podrida aleteando por desenladrillarse (orines de alma afuera)
del estómago revuelto & el frío sin sonrisas de las fábricas
La policía rueda/ como enfermedad secreta
encapsulada en las habituales caravanas de polvo
que hacen cola frente al asma cerrado & repelente
de nuestras tantas fosas comunes de pasiva cáscara
Palomas hay: como mujeres & suspiros
pieles & suaves caprichos de pianista
que te darían hasta de propina todo
por no cargar/ hule de llanta/ con todo el chasis de la derrota
ni con la cegadora caspa ni con el fatal marido
Palomas hay que en su lluvia rápida
sin intentar poemas te regalan óvulos
1 mañana más/ cuando en 1 cuadro tieso
pudo haber sido 1 mañana menos & otro Mondrian bien denso
Hasta triciclos vemos & teléfonos roncos en la viscosidad del beso
Difácil la distracción
disueltas disenterías las diademas dióscuras de 1 día sin damajuanas
desviado el diapasón/ fuera de danza los zarpazos del dedal
& para colmo de falta de colmenas hasta los hastiados donceles de la adivinación
arremangados en su esferita fija: como clásicas aves de corral
Colgante el moco: como ladrón baleado
Pero/ perro de peteneras: pelo de espacios libres
1 afilador de cuchillo te mina / como razón fundada en la velocidad de lo irreal
en tu pasión por vivir : que se paga sólo en el ardiente & movedizo
aroma de 1 burdel fantástico
En el bordado delicado de cuerpos & almas de puritita pólvora
En el capricho pues/ que es tu país & y tu casona astral
La zona erógena de tu real descarga
playa invasora hasta de asfaltos muertos
transpiración tan fuerte que al no nacido hiede
& a ella juntan sus uñas los gatos / sólo sólo la zorra solombra
de los hermanos gatos
que ruedan diseccionando luces con las espumas densas de sus
cuchillos negros
/ terremotos de paladar-taladro /
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NÃO ACEITAREI SENÃO SOMENTE AQUELE BEIJO A QUE ASPIRO
(CONVERSACÕES COM A BANDA GINECEO — ROBERT DESNOS)
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Na noite a Via-Láctea é um desaguadouro
chave aberta / respiração de prata derramada
sua pele túmida provoca silêncios abraços
cunnilingus com cinzel desses com que faz vibrar cantar as pedras rodantes
Orvalhado com vinho Sansão Generoso de Málaga
Chacoalhando tanto as pedras do pavimento como copos de plástico
até que a pedra & o copo de plástico se abrem como espasmos
ou brotos de sismo
Orvalhado com vinho Sansão Generoso de Málaga
Balanço meu tronco / me aqueço em minha sombra
Dou aulas de risolouco às minhas lágrimas
Até que juntos ficamos parindo respostas sem escoadouro
tarôs decifrados: cores com que o louco se veste de louca
& as desemboca em sons
Na noite a Via Láctea é 1 abuso vivente
transfusão de vida assombrada
trapézio de energia desatada
que se aproxima cinicanuamente a nos tentar
incitação que é 1 dardo no alvo ardente / no forno
submarino que somos
& ao som deste açoite de sedução evidente
& ao redor desta fonte que purifica & torna beijáveis nossos
despejos mais dispersos
é que movemos nossas mãos lisas nossos motores cegos
& já banhados neste jorro refrescante respiramos / gozamos
nos chamamos de compadres / ornitorrincos-desmãe
delgados elos de 1 ponte que é sêmen
& hotel claro-escuro que — desaparecidas suas portas —
é nosso grande folguedo gostosíssimo abrigo
carícia que não te deixará de fazer eco em noites gêmeas
& será 1 banho de música movendo seus dados em cassino flutuante
& o símile que tu escolhas e queiras
Esse & não outro / o símile que tu escolhas e queiras
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NO ACEPTARÉ SINO SÓLO AQUEL BESO AL QUE ASPIRO
(CONVERSACIONES CON LA BANDA GINECEO-ROBERT DESNOS)
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En la noche la vialáctea es 1 canal del desagüe
llave abierta / respiración de plata derramada
su pellejo hinchado provoca silencios abrazos
cunnilingus con cincel de esos con los que les vibra cantar a las
piedras rodantes
Rociado con vino Sansón Generoso de Málaga
maracaneando lo mismo adoquines que vasos de plástico
hasta que el adoquín & el vaso de plástico se abren como espasmos o brotes de sismo
Rociado con vino Sansón Generoso de Málaga
jugueteo con mi tronco / me caliento en mi sombra
les doy clases de risaloca a mis lágrimas
hasta que juntos nos ponemos a parir respuestas sin zanjas
tarots descifrados : colores con los que el loco se viste de loca
& los desemboca en sonidos
En la noche la vialáctea es 1 abuso viviente
transfusión de vida asombrada
trapecio de energía desbocada
que se acerca cínicaencueradamente a tentarnos
invitación que es 1 dardo en el blanco ardiente / en el horno
submarino que somos
& al son de este látigo de seducción evidente
& alrededor de esta fuente que acrisola & pone besables nuestros
más dispersos desechos
es que nosotros movemos nuestras manos planchadas nuestros
ciegos motores
& bañados ya en este fresco chorreante respiramos / gozamos
nos llamamos compadres / ornitorrincos-desmadre
delgados eslabones de 1 puente que es semen
& hotel-claroscuro que desaparecidas sus puertas
nos es amplio juguetón sabrosísimo albergue
caricia que ya no te dejará de hacer eco en noches gemelas
& será 1 baño de música moviendo sus dados en casino flotante
& el símil que tú escojas & quieras
Ése & no otro / el símil que tú escojas & quieras
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Luiz Roberto Guedes é poeta e escritor. Publicou, entre outros, Calendário Lunático — Erotografia de Ana K (2000), O Mamaluco Voador (2006), Minima Immoralia/ Dirty Limerix (2007), Meu Mestre de História Sobrenatural (200 8), e Alguém para amar no fim de semana (2010). E-mail: lrguedes@hotmail.com
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