Easy fella
FIST
When my brother put his fist through a window
on New Year’s Eve, no one noticed until a cold draft
cooled our bodies dancing. There was rainbow light
from a disco ball, silver tinsel round the pictures.
My brother held his arm out to us, palm
upturned, a foot high spray of blood.
This was Ilford, Essex, 1993, nearly midnight,
us all smashed on booze and Ecstasy and Danny,
6 foot 5, folding at the knee, a shiny fin of glass
wedged in his wrist. We walked him to
the kitchen, the good arm slung on someone’s neck,
Gary shouting Danny, Darren phoning for
an ambulance, the blood was everywhere. I pressed
a towel across the wound, around
the glass and led him by the hand into the
garden, he stumbled down into the snow,
slurring leave it out and I’m ok A girl was crying in
the doorway, the music carried on, the bass line
thumping as we stood around my brother, Gary talking
gently saying easy fella, Darren draining Stella in one
hand and in the other, holding up my brother’s arm,
wet and red, the veins stood out like branches. I thought
that he was dying, out there in the snow and I
got down, I knelt there on the ice
and held my brother, who I never touched, and never told
I loved, and even then I couldn’t say it
so I listened to the incantation easy fella
and my brother’s breathing,
felt him rolling forward, all that weight, Darren
throwing down his can and yelling Danny, don’t you dare
and shaking him. My brother’s face was grey,
his lips were loose and pale and I
was praying. Somewhere in the street, there was
a siren, there was a girl inside who blamed
herself, there were men with blankets
and a tourniquet, they stopped my brother bleeding,
as the New Year turned, they saved him,
the snow was falling hard, they saved us all.
.
PUNHO
.
Quando meu irmão meteu o punho pela janela
na noite de Ano Novo, ninguém percebeu até que um vento frio
refrescou nossos corpos dançando. Havia reflexos de arco-íris
de um globo de luz, enfeites de prata em volta das fotos.
Meu irmão estendeu o seu braço, palma
virada para cima, um esguicho alto de sangue.
Isso foi em Ilford, Essex, 1993, quase meia-noite,
Todos nós travados de bebida e Ecstasy e Danny,
1,95 m, joelhos dobrados, uma barbatana de vidro
cravada no punho. Nós o levamos para a
cozinha, o outro braço pendurado no pescoço de alguém,
Gary gritando Danny, Darren ligando para
uma ambulância, sangue em toda parte. Eu apertei
uma toalha sobre o ferimento, em volta
do vidro e o conduzi pela mão em direção ao
jardim, ele tropeçando e caindo na neve,
murmurando deixa disso e eu estou bem Uma garota chorava
na porta, a música continuava, a batida
do baixo e nós em volta do meu irmão, Gary delicadamente
dizendo calma cara, Darren secando uma Stella com uma
mão e com a outra agarrando
o braço do meu irmão, molhado e rubro, as veias saltando
como galhos. Pensei que ele estivesse morrendo lá fora
na neve e me abaixei, ajoelhei ali no gelo
e segurei meu irmão, quem eu nunca toquei, e nunca disse
que amava, e mesmo então não poderia dizer
então eu escutava o mantra calma cara
e a respiração do meu irmão,
senti que rolava para a frente, todo aquele peso, Darren
jogando fora sua lata e gritando Danny, não se atreva
e o sacudindo. O rosto do meu irmão estava cinza,
seus lábios estavam moles e pálidos e eu
estava rezando. Em algum lugar na rua, havia
uma sirene, havia uma garota lá dentro que culpava
a si mesma, havia homens com cobertores
e um torniquete, eles estancaram o sangramento do meu irmão,
na virada do Ano Novo, eles o salvaram,
a neve caía pesada, eles salvaram todos nós.
Tradução: Virna Teixeira
Hannah Lowe viveu em Londres, Brighton e California. Atualmente ela vive em Newcastle onde cursa um doutorado. Fist foi publicado na plaquete “The Hitcher” (Rialto). Seu primeiro livro será publicado pela Bloodaxe no início de 2013.
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Virna Teixeira é poeta e tradutora. Nasceu em Fortaleza mas vive em São Paulo há alguns anos, onde trabalha como neurologista. Tem 3 livros de poemas publicados: Visita (2000) e Distância (2005) pela 7 letras e Trânsitos (2009) pela Lumme Editor. Publicou três títulos de tradução de poesia escocesa, entre eles Na Estação Central, do poeta Edwin Morgan (editora UnB, 2006). Atualmente edita plaquetes na Arqueria Editorial (www.arqueriaeditorial.com ) e cursa doutorado na Faculdade de Letras da USP sobre literatura e drogas. E-mail: virnagontei@yahoo.com.br
15 dezembro, 2012 as 18:25