Imagem Mínima 2


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…………………………..O que prolonga o poema é o homem.

Nelson Leirner | Homenagem a Lucio Fontana II | Alumínio, zíper e tecido

180x50cm | 1967 | Coleção particular | Belo Horizonte | MG | Brasil

 

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CBF

martelo
otelo
qual
sal

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CQS

cicatriz
queima
sonhos

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DMU

dizendo a veia ser
menos ainda
um verso na pele

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EUA

com água
eu senti
um deserto
de clamor

.
III

imagem passagem também
imagem passagem amém
imagem passagem é

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KGB

20 quilos de palavras
prensadas
passadas

maculada queixa
vermelha

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NCC

noite anjos estrelas
compasso no sonho
criar asas

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NND

no meio da tempestade
na curva do dromedário
dançam infelizes cabeças

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QNS

quem és tu imagem noturna
no alto da montanha
sobretudo nuvens ao raiar do dia

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SOS

(suicídio) cúmulo da liberdade
(delírio) ponte de um bonde chamado desejo
(pedra) raiva mineral da terra sobre corpo e alma

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TSE

triste relógio
segundo teus olhos
embalagem do tempo

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TTT

e todos a terra o trecho
vermelho
se faz nos teus olhos
ventura

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VID

vai volta vira devora
imagem fixa
dissolver no silêncio uma lembrança

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VVQ

venha
venha o tempo
que nos engana

 

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José Aloise Bahia (Belo Horizonte/MG/Brasil). Jornalista, escritor, pesquisador, ensaísta, colecionador e crítico de artes plásticas e literatura. Estudou Economia (UFMG). Graduado em Comunicação Social e pós-graduado em Jornalismo Contemporâneo (UNI-BH). Autor de Pavios curtos (Belo Horizonte: Anomelivros, 2004). Participa das antologias O achamento de Portugal (Lisboa: Fundação Camões/Belo Horizonte: Anomelivros, 2005) e H2HORAS (São Paulo: Cronópios/Dulcinéia Catadora, 2010), dos livros Pequenos milagres e outras histórias (Belo Horizonte: Grupo Galpão, Editoras Autêntica e PUC-Minas, 2007), Folhas verdes (Belo Horizonte: Edições A Tela e o Texto, FALE/UFMG, 2008), Poemas que latem ao coração! (São Paulo: Editora Nova Alexandria, 2009) e Rodrigo de Souza Leão: tudo vai ficar da cor que você quiser (Rio de Janeiro: Edições Pinakotheke, 2011). josealoise@gmail.com




Comentários (11 comentários)

  1. Tere Tavares, Admiro a versatilidade da escrita do Jose Aloise Bahia – sobretudo obtém sempre algo de especial e surpreendente dos seus leitores. Parabéns por essa leva de sua lavra.
    25 março, 2012 as 14:31
  2. neuza pinheiro, amei essa ilustração tão exata, que vai estreitando o tecido, a tecitura, até chegar a um mínimo, Zé Aloise, o menor afluente na pele, veia que, tão fina, quase não se vê, mas por onde todo o sangue escoa…Cúmulo de liberdade. Um AVP(abraço verso na pele)
    25 março, 2012 as 18:57
  3. José Aloise Bahia, Obrigado Tere Tavares e Neuza Pinheiro pelos comentário… No campo expandido das artes e literatura: contaminações, diálogos e ruídos… Sim Neuza Pinheiro, gosto muito deste trabalho do Nelson Leirner que conversa (pegando um gancho em Didi-Huberman) e provoca a pele, a veia, os dedos, naquilo muito bem ponderado/apontado pela Tere Tavares no FaceBook: “Minimidades… Abraços do Josealoisebahiabhzmg: Mar2012… PS: o Minimalismo (relembrando o movimento e sem rotulações) tanto nas artes quanto na literatura propicia abordagens interessantes… Também paradoxos, como bem aponta Robert Morris em 1966: “A simplicidade da forma não se equaciona necessariamente com a simplicidade da experiência. As formas unitárias não reduzem os relacionamentos. Ela os ordena”…
    25 março, 2012 as 21:51
  4. Zélia Guardiano, Tudo muito lindo! Abraço
    26 março, 2012 as 10:31
  5. Wilson Torres Nanini, José Aloise está cada vez mais apurado, senhor de uma escrita toda própria e deliciosa, porque jutamente é autêntica e inteligente. O poder de síntese de seus poemas é algo no mínimo admirável!
    26 março, 2012 as 14:36
  6. José Aloise Bahia, Olá Zélia Guardiano, olá Wilson Torres Nanini: obrigado pelos comentários… Interessante e bem contemporânea a questão das imagens, dentre outras na tentativa da concialiação dos contrários, seja ela sentida como ordem, desordem, construção, descontrução, mínimo múltiplo comum, máximo divisor comum, ausência, presença, reflexo, enigma, subversão, inversão, aversão, absurdo, inquietude, não representação, representação, memória ou a falta dela, poesia, narração ou teatro, o que faz lembrar Molloy (com todo o respeito aos leitores) do Samuel Becket: “Resgatar o silêncio é o papel dos objetos.”. Que dá margem pra gente reelaborar e constatar: “Resgatar o silêncio é o papel da poesia.”… Abraços do Josealoisebahiabhzmg: Mar2012…
    27 março, 2012 as 4:01
  7. dade amorim, Muito bom ler você, José Aloise Bahia. Um abraço grande.
    27 março, 2012 as 18:58
  8. Carlos Alberto Ferreira leite, Há tempos acompanho a carreira literária do José Aloise Bahia. E, agora, ele estréia seus poemas minimais, demonstrando sensibilidade, inteligência, versatilidade e um vasto conhecimento. Escritor múltiplo, seja na imagem apresentada da obra de arte quanto nos versos cheios de significados. Parabéns ao novo site e ao escritor de Belo Horizonte, Minas Gerais.
    27 março, 2012 as 23:14
  9. José Aloise Bahia, Obrigado Dade Amorim e Carlos Alberto Ferreira Leite pelos comentários. Aproveito para relembrar Fernando Pessoa: “O essencial é saber ver,/ Saber ver quando se vê,/ E nem pensar quando se vê/ Nem ver quando se pensa/ Mas isso (triste de nós que trazemos a alma vestida!)/ Isso exige um estudo profundo,/ Uma aprendizagem do desaprender,”… No que somos, como vemos – que se faz presente na tentativa de uma linguagem, por mais vestida que seja com zíperes ou fecho ecler ou fecho-de-correr (que se abre ou fecha, depende de cada um) -, reside a retomada da consciência estética e a possibilidades de um jogo, no qual ainda podemos fazer lances, e ter aberturas e participações despidas, contrárias às edições convicentes… Abraços do Josealoisebahiabhzmg: Mar2012…
    29 março, 2012 as 6:47
  10. Marlon Rodrigues dos Santos, José Aloise Bahia faz desconstruções, acompanhadas de reconstruções mínima de maneira criativa na poesia. Navegando conscientemente, o poeta mineiro sintetiza com letras os títulos das composições literárias, um recurso inteligente e cheio de significados. Parabéns pelos versos, que nada têm de mínimos, pois trata-se de reconstruções com traçados que desnudam nossos olhares.
    2 abril, 2012 as 19:25
  11. José Aloise Bahia, Obrigado Marlon pelo comentário. A insubmissão minimal na sua aparente despreTENSÃO revela, além da concisão, aquilo que alguns chamam de meia palavra/meio verso por inteiro, que exige uma suplementação do olhar. A formulação, reformatação, desconstrução, reconstrução (como você bem aponta) de um tipo de olhar que beira a balada do abismo para as palavras. O básico e o essencial na imagem sustentam a chama de nervos numa linguagem mais ou menos indisciplinada, rasgada por verbos e palavras cheias de furos. Se o buraco é mais embaixo, o Minimalismo (na literatura e artes plásticas) na sua forma contrita (para muitos: mortificada) pede e quer mais, muito mais: algo acima da linha, olhando para a luz do meio-dia, pode cegar. Abraços do Josealoisebahiabhzmg: Abr2012…
    5 abril, 2012 as 7:35

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