Política e poesia
Chego ao final de 2015 com a sensação de estar um pouco menos só. Se, por um lado, o acirramento ideológico no país preocupa, sobretudo por uma alarmante ostentação de valores fascistas, por outro, as pessoas que como eu se opõem a essa onda conservadora acabaram se unindo e expressando sua visão, seja no mundo virtual ou nas ruas. Isso está criando um novo sentimento de grupo no país que pode se transformar com o tempo numa nova formulação política, inclusive. Se o ideário conservador se valeu de uma certa crise do projeto que governou e governa o Brasil nos últimos treze anos, parece estar nascendo uma ideia de que os valores humanistas, como democracia, liberdade e justiça social, ultrapassam o circunstancial. São bandeiras que atravessam a história e podem sim ser empunhadas por todos aqueles que querem mais distribuição de renda, não menos, mais democracia, não menos, mais respeito aos direitos humanos, não menos.
E a poesia? Vai bem, obrigado.
Cito quatro livros muitos bons, lançados em 2015:
Estamos quites, Jorge Fróes, editora Vidráguas;
A face de muitos rostos, Ricardo Portugal, editora Patuá,
Nem raro, nem claro, Ronald Augusto, Butecanis Editora,
Poema pássaro, Juliana Meira, editora Patuá.
.
Ricardo Silvestrin nasceu na cidade de Porto Alegre (RS), em 1963. É poeta e escreve contos, crônicas e romances. Também é compositor e integra a banda os poETs. É colunista do jornalZero Hora e apresenta, na rádio Ipanema FM, o programa Transmissão de Pensamento. Recebeu o Prêmio Açorianos pelas obras O menos vendido (Nankin, 2007) e Palavra mágica(Massao Ohno, 1995), para adultos, e Pequenas observações sobre a vida em outros planetas(Salamandra, 2004), para as crianças. Pela Cosac Naify lançou Transpoemas (2008), uma série de poemas sobre meios de transporte, de carro a prancha de surf, de metrô a tapete mágico. E-mail: ricardo.silvestrin@globo.com
Comente o texto