Obituários
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obituário
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um homem de pequena estatura |cor de cobre, seminu| agoniza neste instante num sertão remoto |derradeiro de seu povo, memória de sua tribo| e com ele morre o mundo |sua língua, cantos, ritos e espíritos de um éden extinto| e nunca saberemos seu nome, mas no ano 2090 seus ossos serão descobertos e seu crânio classificado como legítimo espécime de uma etnia que só existe agora como verbete de enciclopédia
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daily market
todos em leilão
…………………………………….todos felizes
faça seu lance
…………………………………………saldos da crise
último aviso
…………………………………………para quem voa
em queda livre
………………………………………pense rápido
economize
…………………………………………..seu velho sonho
vida boa
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françoise no facebook
francesinha naturista
sozinha na praia deserta
ninfa nua de faiança
entre o mar e a floresta
celebra com pique de dança
o gozo da descoberta
la chair ne peut être triste
en ce magnifique tropique
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[gato escondido]
o gato dentro da
caixa de madeira
não é o gato
de Schrödinger
que pode estar
vivo ou morto
o gato na caixa
não é mais
um gato
só um fino pó de
ossos do finado
felino Fred
cinzas que vou
espalhar ao pé de
uma roseira num
dia de primavera
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Luiz Roberto Guedes é poeta e escritor. Publicou, entre outros, Calendário Lunático — Erotografia de Ana K (2000), O Mamaluco Voador (2006), Minima Immoralia/ Dirty Limerix(2007), Meu Mestre de História Sobrenatural (200 8), e Alguém para amar no fim de semana (2010). E-mail: lrguedes@hotmail.com
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24 setembro, 2013 as 16:58
24 setembro, 2013 as 17:01
16 setembro, 2015 as 2:25