Leituras marcantes de 2017
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A minha lista de livros marcantes de 2017 segue o rastro do vácuo da ausência de Elvira Vigna.
Livro do ano: “AS TRÊS MORTES DE CHE GUEVARA”, Flávio Tavares, editora L&PM. Cinquenta anos após a morte do “ser mais completo da nossa época”, segundo Sartre, o fascínio de sua figura não esgota.
Além dele, destaco: “Sem Sistema”, de Andrea Catrópa, editora Patuá: de que universo paralelo e sulfúrico, Andréa Catrópa, trouxe suas histórias curtas, muitas vezes cores e tintas berrantes.
“As Perguntas”, de Antônio Xerxenesky, editora Companhia das Letras: mistura com inteligência a incursão mística com uma rave, ou seja, o horizonte dos jovens urbanos, cínicos, que não acreditam em nada transcendente a não ser superficialmente.
“Simpatia pelo Demônio”, de Bernardo Carvalho, editora Companhia das Letras: usando um personagem cobaia, um grande romance.
“Febre de Enxofre”, de Bruno Ribeiro, editora Penalux: príncipe da prosa sulfúrica, pornográfica e ultrajante, em seu primeiro romance.
“Como são cativantes os jardins de Berlim”, de Decio Zylbersztjan, editora Reformatório: textos brilhantes. O conto-título é uma obra-prima.
“Naufrágio entre amigos”, de Eduardo Sabino, editora Patuá: primorosa coletânea mostrando o ressurgimento do amor à linguagem.
“O mergulho”, de Juliana Diniz, editora Megamíni: como a escritora cearense consegue criar uma linguagem diáfana e tão robusta?
“Em Conflito com a Lei”, de Lucas Verzola, editora Reformatório: o livro surpresa do ano, contundente e magnífico.
“Fragmentos de um exílio voluntário”, de Lucio Autran, editora Bookess: Poesia.
“Todo naufrágio é também um lugar de chegada”, de Marco Severo, editora Moinhos: Senti-me como um jurado do “The Voice”, girando a cadeira logo nas primeiras notas, descobrindo um autor para meu time de leituras prediletas.
“O Indizível sentido do amor”, de Rosângela Vieira Rocha, editora Patuá: um dizível abalo no coração, um mergulho na dor.
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A literatura brasileira atual vai muito bem, obrigado. Veja por que:
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“Modos inacabados de morrer”, André Timm, Editora Oito e Meio: apesar de algumas ressalvas, um romance talentoso. Sobre um protagonista que sofre de narcolepsia.
“A oração do carrasco”, Itamar Vieira Junior, Editora Mondrongo: contos cheios de momentos impactantes.
“Miss Tatto”, Luiz Roberto Guedes, Editora Jovens Escribas: as aventuras e desventuras dos “tiozões”.
“A Jaca do cemitério é mais doce”, Manoel Herzog, Editora Alfaguara: ainda são poderosas a pena da galhofa e a tinta da melancolia, como nos ensinava Machado de Assis.
“Outros Cantos”, Maria Valéria Rezende, Editora Alfaguara: a obra-prima da grande escritora (prêmio Casa de Las Américas, prêmio São Paulo de Literatura e Jabuti).
“Naufragar jamais”, Pedro Alberto Ribeiro (poeta em queda), Editora 11Editora: em cadernos soltos poemas de grande força.
“Diário da Cadeia com trechos da obra inédita impeachment”: Eduardo Cunha (pseudônimo), Ricardo Lísias, Editora Record: o poder absoluto da ficção.
“Machado”, Silvano Santiago, Editora Companhia das Letras: um romance que eu gostaria de ter escrito, um mosaico em torno dos anos de viuvez de Machado de Assis (prêmio Jabuti e prêmio Oceanos).
“O passado é lugar estrangeiro”, Suelen Carvalho, Editora Patuá: uma estreante com voz própria.
“Insolitudes”, Tiago Feijó. Editora 7Letras: contos humanos e irretocáveis.
“Gotas no Asfalto”, Vlademir Lazo, Editora Penalux: expectativas frustrantes gerando boa literatura.
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[Uma versão das resenhas acima foram publicadas, em duas partes, originalmente em A TRIBUNA de Santos nos dias 2 e 9 de janeiro de 2018]
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Alfredo Monte é natural da Baixada Santista, corinthiano, doutor em teoria literária e literatura comparada, professor apaixonado pelo ensino fundamental e crítico literário do jornal A TRIBUNA de Santos há 19 anos. Mantém o blog literário Monte de Leituras há quatro anos. E-mail: armonte2001@yahoo.com.br
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