A poesia de Djami Sezostre
SUDÁRIO
çim jeuss csrito ivev edntro de mmi
eel drome em mniha csaa em mniha cmaa
eu eo ajno de lux msorto os ohlos de lúzifer
e jeuss bieja mniha bcoa os libáos cehios de erestlas
eu o ajno de luaz vvio de parzser vvio e fmoe
fmoe e sdee de sxeo jeuss um
jeuss de ohlos mohlados
ohlando osm e usohlos mohlados
eu o ajno de luz com a sdee do mnudo
a sdee em mniha línuga
o
ajno de luz teprdao na curz
o sbulime o ajno ridevvio de lu
z
abra
SEZOSTRE, Djami. “Zut”. Belo Horizonte/MG: Crivo, 2016. p. 6.
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O ARQUEIRO
o menino tem medo de ver o menino
medo de ver o seu corpo e ver um corpo
um ser semelhante ao filho do sol
o menino tem medo de ler o menino
medo de ler o seu corpo e ler um corpo
um ser semelhante ao filho do sol
um ente filho do sol feito o sol
o menino tem medo de abrir os olhos
e deixar que eles os olhos reflitam
o menino clamor pela mãe e a mãe
clamor por ele o menino da sua mãe
o menino clamor pelo pai e o pai
clamor por ele o menino da sua mãe
e ninguém responde
e ninguém responde
a não ser a natureza
e o arqueiro
SEZOSTRE, Djami. “Zut”. Belo Horizonte/MG: Crivo, 2016. p. 124.
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O BICHO ABAPORU
Nhambu o índio falou que a índia
Estava grávida do sol, Nhambu falou
Que o índio deveria falar que a índia
Estava grávida não apenas do sol mas
Também a índia estava grávida da lua
E das estrelas mas quando o índio
Falou que a índia estava grávida do
Sol e da lua e das estrelas a natureza
Bradou que a índia não estava grávida
Mas a mulher virgem ou vermelha
Nascia e vivia em estado de mãe e eu
Falei Mãe o que eu faço com o meu p
Ênis esse bicho, Abaporu
SEZOSTRE, Djami. “O pênis do Espírito Santo”. São Paulo/SP: Patuá, 2018. p. 23.
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CATEQUESE
Vamos arrebanhar os fiéis, mas os infiéis também.
Vamos arrebanhar os infiéis, mas os fiéis também.
Inclusive, Senhoras e Senhores, aqueles que traíram
As mães e deixaram as pobres nas ruas da amargura.
Inclusive, Senhoras e Senhores, aqueles que comiam
As irmãs e deixaram as pobres nas ruas da amargura.
Vamos arrebanhar os fiéis, vamos arrebanhar, vamos.
Os crentes ou não. Os incrédulos ou não. As virgens
Ou não. As lésbicas ou não. Os milionários ou não.
Os miseráveis ou não. Os pretos. Os brancos. Ou não.
Ou não. Hermafroditas ou não. Africanos ou não.
Latinos ou não. Europeus azuis. Europeus verdes. Ou
Não. Ou não. Americanos burros. Ou não. Bestas ou
Não. Gente de qualquer tipo serve para a Congregação.
Jesus está vivo!
Vamos arrebanhar os idiotas, inteligentes ou não. E
Vamos passar as próximas férias em Punta Cana…
SEZOSTRE, Djami. “O pênis do Espírito Santo”. São Paulo/SP: Patuá, 2018. p. 66-67.
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MADRESSILVA
O sapo coaxos coaxa
O irmão coaxos coaxa
Feito cipós coaxa
A esfrega da surra coaxa
O sapo coaxos coaxa
A irmã coaxos coaxa
Feito cipós coaxa
A esfrega da surra coaxa
Ele coaxos contra ela coaxa
Ela coaxos contra ele coaxa
O sapo coaxos coaxa
Nasceu a filha coaxa
Selvagem como coaxa
Novilha coaxa
A madressilva silva
SEZOSTRE, Djami. “Óbvio oblongo”. São Paulo/SP: Laranja Original, 2019. p. 71.
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Djami Sezostre é poeta e performance, natural dos cerrados do Triângulo Mineiro, Brasil, 17 de abril de 1971. Filho dos sertanistas Antônio Sezostre e Ovídia Palmeira, pai de Dríade, Jade, Gaia. Criador de uma nãolíngua selvagem através da Poesia Biossonora e da Ecoperformance, com espetáculos apresentados no Brasil e América Latina, Europa e África. Autor dos livros: Lágrimas & Orgasmos, Águas Selvagens, Dissonâncias, Moinho de Flechas, Cilada, Solo de Colibri, Çeiva, Pardal de Rapina, Anu, Arranjos de Pássaros e Flores, Cachaprego, Estilhaços no Lago de Púrpura, Yguarani, Silvaredo, Z a Zero, Eu Te Amo, Onze Mil Virgens, O Menino da sua Mãe, Zut, Cavalo & Catarse, Salmos Verdes, O pênis do Espírito Santo, Cão Raiva, Óbvio Oblongo.
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