A poesia de Djami Sezostre


 

 

SUDÁRIO

 

çim jeuss csrito ivev edntro de mmi

eel drome em mniha csaa em mniha cmaa

eu eo ajno de lux msorto os ohlos de lúzifer

e jeuss bieja mniha bcoa os libáos cehios de erestlas

eu o ajno de luaz vvio de parzser vvio e fmoe

 

fmoe e sdee de sxeo jeuss um

 

jeuss de ohlos mohlados

ohlando osm e usohlos mohlados

eu o ajno de luz com a sdee do mnudo

a sdee em mniha línuga

 

o

ajno de luz teprdao na curz

o sbulime o ajno ridevvio de lu

 

z

abra
 
 


 

SEZOSTRE, Djami. “Zut”. Belo Horizonte/MG: Crivo, 2016. p. 6.

 

***

 

O ARQUEIRO

 

o menino tem medo de ver o menino

medo de ver o seu corpo e ver um corpo

um ser semelhante ao filho do sol

 

o menino tem medo de ler o menino

medo de ler o seu corpo e ler um corpo

um ser semelhante ao filho do sol

 

um ente filho do sol feito o sol

o menino tem medo de abrir os olhos

e deixar que eles os olhos reflitam

 

o menino clamor pela mãe e a mãe

clamor por ele o menino da sua mãe

 

o menino clamor pelo pai e o pai

clamor por ele o menino da sua mãe

 

e ninguém responde

e ninguém responde

 

a não ser a natureza

e o arqueiro

 

 

 

SEZOSTRE, Djami. “Zut”. Belo Horizonte/MG: Crivo, 2016. p. 124.

 

***

 

O BICHO ABAPORU

 

Nhambu o índio falou que a índia

Estava grávida do sol, Nhambu falou

Que o índio deveria falar que a índia

Estava grávida não apenas do sol mas

Também a índia estava grávida da lua

E das estrelas mas quando o índio

Falou que a índia estava grávida do

Sol e da lua e das estrelas a natureza

Bradou que a índia não estava grávida

Mas a mulher virgem ou vermelha

Nascia e vivia em estado de mãe e eu

 

Falei Mãe o que eu faço com o meu p

Ênis esse bicho, Abaporu

 

 

SEZOSTRE, Djami. “O pênis do Espírito Santo”. São Paulo/SP: Patuá, 2018. p. 23.
 

 

***

 

CATEQUESE

 

Vamos arrebanhar os fiéis, mas os infiéis também.

Vamos arrebanhar os infiéis, mas os fiéis também.

 

Inclusive, Senhoras e Senhores, aqueles que traíram

As mães e deixaram as pobres nas ruas da amargura.

Inclusive, Senhoras e Senhores, aqueles que comiam

As irmãs e deixaram as pobres nas ruas da amargura.

 

Vamos arrebanhar os fiéis, vamos arrebanhar, vamos.

Os crentes ou não. Os incrédulos ou não. As virgens

Ou não. As lésbicas ou não. Os milionários ou não.

Os miseráveis ou não. Os pretos. Os brancos. Ou não.

Ou não. Hermafroditas ou não. Africanos ou não.

Latinos ou não. Europeus azuis. Europeus verdes. Ou

Não. Ou não. Americanos burros. Ou não. Bestas ou

Não. Gente de qualquer tipo serve para a Congregação.

 

Jesus está vivo!

 

Vamos arrebanhar os idiotas, inteligentes ou não. E

Vamos passar as próximas férias em Punta Cana…

 

 

SEZOSTRE, Djami. “O pênis do Espírito Santo”. São Paulo/SP: Patuá, 2018. p. 66-67.

 

***
 
MADRESSILVA

 

O sapo coaxos coaxa

 

O irmão coaxos coaxa

Feito cipós coaxa

A esfrega da surra coaxa

 

O sapo coaxos coaxa

 

A irmã coaxos coaxa

Feito cipós coaxa

A esfrega da surra coaxa

 

Ele coaxos contra ela coaxa

Ela coaxos contra ele coaxa

 

O sapo coaxos coaxa

 

Nasceu a filha coaxa

Selvagem como coaxa

Novilha coaxa

 

A madressilva silva

 

 

SEZOSTRE, Djami. “Óbvio oblongo”. São Paulo/SP: Laranja Original, 2019. p. 71.

 

 
 

 

 

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Djami Sezostre é poeta e performance, natural dos cerrados do Triângulo Mineiro, Brasil, 17 de abril de 1971. Filho dos sertanistas Antônio Sezostre e Ovídia Palmeira, pai de Dríade, Jade, Gaia. Criador de uma nãolíngua selvagem através da Poesia Biossonora e da Ecoperformance, com espetáculos apresentados no Brasil e América Latina, Europa e África. Autor dos livros: Lágrimas & Orgasmos, Águas Selvagens, Dissonâncias, Moinho de Flechas, Cilada, Solo de Colibri, Çeiva, Pardal de Rapina, Anu, Arranjos de Pássaros e Flores, Cachaprego, Estilhaços no Lago de Púrpura, Yguarani, Silvaredo, Z a Zero, Eu Te Amo, Onze Mil Virgens, O Menino da sua Mãe, Zut, Cavalo & Catarse, Salmos Verdes, O pênis do Espírito Santo, Cão Raiva, Óbvio Oblongo.

 




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