Protesto aberto à Cultura


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Essa história é antiga. Toda vez que pensam em reformular a TV Cultura, toda vez em que entra um novo presidente, bionicamente, vão logo com os olhos de gavião direto no Metrópolis, esse programa histórico, memória viva, referência artística de tudo o que rolou e o que rola em São Paulo e no Brasil e no mundo, etc. e tal. Acabam com ele, reduzem horário, mudam de apresentador, cortam pautas. Agora, mandaram embora o apresentador Cadão Volpato, que estava dando uma nova cara às pautas, às conversas, trazendo convidados sempre especiais para um encontro dinâmico, aberto, sem frescura. Toda hora, ao que parece, decreta-se o fim da Cultura. E eis que, para meu susto aumentar, fiquei sabendo que acabam de acabar com o programa Entrelinhas. As unhas agora se voltam contra a literatura. Contra um dos poucos programas em que a pauta são (ou eram) os escritores e os livros. Um projeto que existe desde 2005, resumindo: saiu da grade da emissora. Sem pena, sem dó. Eta danado! Logo no momento em que pipocam festas e festivais pelo país. Em que a presidenta Dilma diz que lê um livro por semana. Ave nossa! No momento em que os escritores viram pauta e, sem exagero, uma profissão com algum respeito, a Fundação Padre Anchieta não quer saber – e fecha a nossa porta. Quantos autores passaram pelo Entrelinhas desde seu começo? Quantas obras se sentiram, raramente, respeitadas? Ali, em horário nobre, aos domingos, não havia destaque mais Fantástico do que este. E nós, escritores, bundões que somos, em nossas poltronas, vamos ficar só de telespectadores, vendo a Cultura afundando? Hein, meu caro? A Cultura é nossa ou não é? Diga-me algo. Estamos juntos ou não estamos? Para o que der e vier. Quero saber do presidente da Fundação o que ele tem a dizer. Com certeza irei lá, pessoalmente, saber. Fui. E você?

 

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ATENÇÃO: já está no ar um abaixo assinado contra o sucateamento da TV Cultura, o fim do programa Entrelinhas, etc. O documento será entregue ao diretor-presidente da Fundação Padre Anchieta, o Sr. João Sayad. Para participar, é bem simples, é só clicar aqui em cima e, é claro, não esquecer de espalhar o nosso protesto para a sua lista de amigos, certo? Abração grato e estamos juntos e valeu e té.

 

(Texto publicado no blogue do autor)

 

 

 

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Marcelino Freire é escritor. Nasceu em 1967, em Sertânia, PE. Viveu no Recife e, desde 1991, reside em São Paulo. É autor, entre outros, dos livros “Angu de Sangue” (Ateliê Editorial) e “Contos Negreiros” (Editora Record – Prêmio Jabuti 2006). Em 2004, idealizou e organizou a antologia “Os Cem Menores Contos Brasileiros do Século” (Ateliê). Alguns de seus contos foram adaptados para teatro. Participou de várias antologias no Brasil e no exterior. Criou a Balada Literária, evento que, desde 2006, reúne escritores, nacionais e internacionais, pelo bairro paulistano da Vila Madalena. É um dos integrantes do coletivo EDITH, pelo qual lançou, em julho de 2011, o livro de contos “Amar É Crime”. E-mail: marcelinofreire@uol.com.br




Comentários (3 comentários)

  1. aidil, É maravilhoso ver que ainda existem pessoas tão preocupadas com a cultura brasileira, parabéns por sua iniciativa.
    14 março, 2012 as 17:06
  2. Ana Lucia Vasconcelos, As vezes fico sem palavras para comentar ou classificar atos deste tipo, coisas deste naipe contra a cultura, na TV Cultura e alhures. Aliás, só para registrar, já que estamos falando dela, trabalhei na Cultura nos seus primórdios e fui a primeira apresentadora (co -produzia também) do programa que foi o embrião do Metrópolis.Chamava-se Semanário das Artes, nome bem convencional mas era o primeiro tele jornal de artes da tv brasileira.Depois mudou de nome: ficou Em Cartaz e finalmente Metrópolis.Enfim, a TV Cultura sempre lutou com dificuldades, mas agora sinceramente não sei o que se passa… só quero dizer que isso é lamentável!!!
    15 março, 2012 as 1:49
  3. Luis Fernando, Porra, Marcelino, você é foda mesmo! Vê se junta uma gente sua aí. Sabemos que você tem uma turma grande e boa, e vai mesmo!
    19 março, 2012 as 22:16

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