Por que, afinal, eu devo lhe respeitar?
Porque foi difícil para você chegar até aqui na minha frente, seja você quem for. Aqui na minha frente há alguém que teve catapora, que se coçou, que ficou com uma cicatriz no braço, que perdeu sua bicicleta aos oito anos atropelado por uma moto, que foi preterido pela primeira, pela segunda e pela terceira pessoa por quem se apaixonou, sei lá. Existem mil motivos para que eu lhe respeite, saiba disso. Em resumo, eu preciso lhe respeitar porque eu não tenho motivos para não fazer isso.
Mas e se você me desrespeitar? Aí temos uma bela bola de neve em pleno inverno rolando morro abaixo e fazendo um estrago dos diabos, porque se você me faz sofrer eu vou devolver isso de alguma forma, em você ou em outra pessoa, mas vou. Dou-me este direito.
Então se levantam as bandeiras das minorias (?): negros, homossexuais, mulheres, mulheres negras, mulheres negras homossexuais, homens brancos judeus albinos, tudo num cara só, entende? Isso não tem fim. Ou tem. Depende do palerma que está a sua frente. No caso a palerma sou eu, que estou aqui nessa tela, bem a sua frente: Fernanda D´Umbra em letrinhas. Tentanto fazer Justiça.
Pra quem? Todo mundo é desrespeitado. Sim, uns são mais. Sim, uns são o tempo todo. Mas tem gente que “nasceu para ser desrespeitada”, sabe como é? Não, não sabe, porque ninguém nasceu para ser desrespeitado. Todo mundo tem uma história triste/alegre pra contar. Até a Narcisa, se marcar, pegou caxumba e teve que faltar a uma das festas de quinze anos do Copa. Todo mundo já sofreu nessa vida. Todo mundo quer respeito e mais um monte de coisas nessa vida.
E sabe por quê? Só porque conseguiu chegar até você, parar na sua frente e perguntar: “Açúcar ou adoçante?” “Débito ou crédito?” “Filho, quer que eu faça um bolo de cenoura?” “Mãe, por que a Tia Dulce usa óculos?” “Quer namorar comigo?”.
Qualquer um, entende? Qualquer um merece respeito. Até que ele mesmo comece a mostrar o contrário. Mas aí é outra história, outro ponto de vista, outra coluna.
E eu preciso ganhar tempo. Então não ia botar tudo aqui de uma vez. E por favor, peço que respeitem minha escolha. Porque não foi fácil para mim chegar até aqui nesse computador, no Hotel Noumi, em Campinas, a 21 de janeiro de 2012.
Ah, mas não foi mesmo.
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Fernanda D´Umbra é atriz, bailarina, produtora, diretora, roteirista e vocalista da banda Fábrica de Animais. Nas últimas semanas, viciou-se neste sítio: http://pbfcomics.com/133/ E-mail: fernandadumbra@uol.com.br
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