Iluminuras de um iluminista


 

 

Poemas de Vanderley Mendonça

 

3.

eram só palavras
em frases aladas,
não faladas.
palavras-carícias
sopradas
ao pé do ouvido.
brisas afrodisíacas
em noites vazias,
desejo e afazia.
distância e desvio
implorando poesia.

***

4.

um anjo torto
todo torquato
te sorriu louco
e não te deu flores

que flor exala tua fala?

o coro descontente
desafina e não te cala.
a lua de copacabana
não te engana,
tua luz é a mais clara

***

 

22.

AVA [conto-poema]



Ela diz que lhe crescem pelos em todas as partes onde eles não existem. No paladar, no fígado, nas plantas dos pés, no estômago crescem pelos. Não dorme. Não pode dormir porque escuta crescerem pelos dentro dela durante as noites. Não dói, mas assusta. Crescem pelos por dentro porque não pode chorar e no dia em que começar a chorar, os pelos deixarão de crescer, diz. Perguntaram de que cor era o pelo que lhe crescia por dentro. Ela diz que é negro, da mesma cor do pelo do homem que a havia abandonado.

***

 

 
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Vanderley Mendonça é editor do Selo Demônio Negro, jornalista, designer e tradutor. Formado em design gráfico e pré-impressão pelo RIT (Rochester Institut of Technology, EUA) e Design Tipográfico na Hochschule fuer Grafik und Buchkunst, Leipzig (Escola Superior de Artes Gráficas e Editoriais). Traduziu, entre outros livros, Poesia Vista, antologia bilíngue, do poeta catalão Joan Brossa (Amauta/Ateliê, 2005); Crimes Exemplares, de Max Aub (Amauta, 2003); Nunca aos Domingos, de Francisco Hinojosa (Amauta, 2005) e Greguerías, de Ramón Gómez de La Serna (Selo Demônio Negro, 2010). E-mail: vanderleymeister@gmail.com




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