Filosofia de vida em Laozi e Nietzsche


 

(escrito por Chiu Yi Chih e traduzido por ele mesmo do chinês para português)

 

Todo ser humano produz seus próprios sentimentos pessimistas e, além disso, gera seus estados de desesperança. Por que a existência humana engendra certas aflições? No que concerne à esta questão, as concepções de Laozi e Nietzsche influenciam nossas vidas e removem a estreiteza de nossa visão assim como também fortalecem a vitalidade do nosso espírito. Podemos inicialmente observar o ponto crucial da concepção de Laozi e gradualmente aprofundar o seu pensamento. Se o indivíduo quiser entender a estrutura do pensamento de Laozi, deve compreender que o Dao é uma totalidade. Poderá compreender a razão pela qual Laozi utiliza essa palavra para constituir o seu pensamento. Na verdade, o Dao é apenas uma palavra para simbolizar o pensamento totalizante de Laozi, já que essa verdade – ou seja, o significado de Dao – ultrapassa quaisquer definições, crenças e conceitos, e desse modo, não há linguagem que possa expressar e explicar essa verdade absoluta. Por isso, Laozi é forçado a falar sobre essa verdade com a palavra Dao. Na sua dimensão fundamental, o Dao possui o caráter de transcendência. Quem poderá, através da forma da linguagem ou da utilização de símbolos, determinar essa verdade suprema?

Nas mudanças de surgimento e perecimento, Laozi compreendeu um princípio absoluto. Por que motivo esse último é absoluto? Na perspectiva da análise filosófica, ele é a essência absoluta porque não sofre mudanças e tampouco é afetado por elas. A razão consiste em que ele é “solitário e permanente” (Capítulo 25Dao De Jing). Essas últimas palavras evidenciam a “metafísica” de Laozi e constroem a noção de essência livre e auto-criadora. O ponto importante é que ele não sofre a destruição, sendo uma existência eterna que não morre e nem se extingue. O professor Zhao Ping explana:

“Essa existência eterna é única e suprema. Gera o Céu e a Terra. Cultiva e nutre todos os seres. Ela é ilimitada, move-se de modo incessante, e não tem início e nem fim…”

É evidente que essa verdade última e absoluta é um princípio do universo. Todo animal, vegetal, forma e ser vivo se transformam de modo ininterrupto. São criados incessantemente e a todo momento se desenvolvem e se extinguem. Entretanto, o próprio Dao jamais se extingue. Laozi enfatiza que ele é “o Espírito do Vale que nunca morre…Incessante existência. Inesgotável eficácia” (Capítulo 6). Ou seja, ele se transforma continuamente, mas não sofre nenhuma deterioração, e por isso, jamais sofre a constrição da morte. Ele é a eternidade que não se interrompe e, ainda de modo característico, continua existindo, e sobretudo, cria todo universo como se fosse uma fonte de energia contínua, eterna, inesgotável e interminável. Se ele não pudesse ultrapassar quaisquer restrições, então nem seria considerado como Dao Constante, sendo que assim seria destruído e nem poderia sucessivamente criar toda Natureza. Em razão disso, ele nem poderia ser considerado uma verdade absoluta, sendo que permaneceria num mundo relativo e se tornaria um fenômeno ordinário, suscetível de ser destruído pelo processo de nascimento e morte. É natural que toda existência sofra certas restrições, porém, se ela puder unir-se ao Dao, manifestará o caráter de transcendência. Embora nossa vida seja afetada pela destruição da morte, no entanto, durante esse processo, podemos experienciar essa potência transcendente. Se você experienciar a força de transcendência do Dao, você irá gradativamente alcançar a plenitude do espírito. Num aspecto fundamental, o Dao se assemelha a um vastíssimo oceano. Cada ser vivo se parece com um pequeno peixe que ondula e vive no grande oceano. Se ele se separar da água do mar, certamente irá morrer, sendo incapaz de continuar vivendo. Graças à existência do Dao, podemos nos mover e existir.

Essa verdade é facilmente ignorada. Com efeito, ela pertence a uma espécie de visão ampla e transcendente. Por que razão as pessoas deveriam experienciar a dimensão do Dao? É que o Dao é, para Laozi, a raiz. Se não tivermos essa raiz, nossa vida perderá espírito e energia. Essa “raiz” significa a “fonte de energia”. Por exemplo, se você não tiver o ar para respirar, certamente morrerá. Por isso, esta é a razão pela qual o Dao é a origem e o princípio. O sol, a Terra, os planetas e todas as criaturas vivas existem graças ao Dao. Eis aí o maravilhoso universo. Na medida em que você compreende essa inesgotável, ampla, vasta e ilimitada fonte de energia, você ampliará sua visão, já que essa ampliação da visão erradicará a estreiteza de certos modos de pensar.

Laozi no capítulo 16 do Dao De Jing diz: “Conhecer a Constância é Amplitude (róng). Amplitude é Justiça. Justiça é Totalidade. Totalidade é Céu. Céu é Dao. O Dao é a Perenidade. Ao se desvanecer o corpo, nada estará em risco.” Nesse aspecto, ele sublinha que todo processo de nossa vida poderá transcender certas limitações, e ao mesmo tempo, aprofundar-se e tornar-se uma vida abundante. É inegável que toda concepção humana e atitude de vida são envolvidas pela limitação, porém elas podem ainda superar certas dificuldades, alargando e preenchendo a profundidade de sua visão. É evidente que esse caráter de transcendência manifesta nossa potência latente/virtual. Ou seja, se nós assumirmos que não possuímos essa potencialidade interna ou menosprezarmos o valor de nossa própria vida, restringiremos nossa própria visão, e além disso, perderemos nossa própria potencialidade. Se admito que não possuo essa capacidade de escolha, limitarei a minha própria visão. Na verdade, mesmo que cada um seja restringido pelas diversas formas da sociedade e condições de seu entorno e seja constrangido por certas adversidades, no entanto, a sua própria interioridade possui uma fonte de energia vital que jamais será limitada.

Desse modo, os seres humanos podem superar certas dificuldades, uma vez que se utilizam da potência interior a fim de erradicar algumas circunstâncias adversas assim como também buscam conhecer a sua verdadeira natureza. Se o indivíduo nega sua própria natureza e menospreza o seu valor interior, isso causará um grande prejuízo em relação à sua vida, sendo que o resultado certamente será fracasso e infelicidade. Se a existência humana for incapaz de manifestar essa “potência autossuperadora/transcendente”, então não poderá “compreender/aceitar” as inúmeras dificuldades. Por isso, o significado da palavra chinesa róng (conter, suportar, aceitar, compreender) exprime o sentido da força interna capaz de aceitar diversos fenômenos materiais. Por exemplo, se você observar uma árvore, você não terá uma ideia de parcialidade. Pelo mesmo motivo, se você puder aceitar uma pessoa diferente, você não somente compreenderá aquela personalidade como ainda compreenderá seu contexto, sua história, etc. Se a pessoa quiser ferir você, nem por isso você disputará com ela, sendo que assim poderá conservar uma espécie de mente compreensiva. Desse modo, essa atitude de compreensividade evidenciará a sua atividade interior. O professor Wang Bang Xiong comenta:

“(…) ser capaz de compreender todos os seres, ou seja, ser justo e sem egoísmo…esse é o significado de ‘completude’, imparcialidade e justiça, e assim, pode-se realizar a unidade; ‘justiça é Céu”, totalidade universal, isso é o céu sem encobrimento; ‘Céu é Dao’, o capítulo 25 diz: ‘o homem segue a Terra. A Terra segue o Céu. O Céu segue o Dao. O Dao segue a sua própria natureza.’O Supremo Céu, não se afastando do Dao, é o princípio gerador de todos os seres; ‘O Dao é a Perenidade, o próprio Dao é a permanência duradoura do Céu e da Terra. Se o homem alcançar o Vazio e conservar o silêncio, o coração em estado de iluminação conhecerá a Constância, e também o coração vazio poderá compreender/aceitar, e se puder aceitar, será capaz de ser imparcial em todo lugar, como o Dao do Céu que perdura; ‘ao se desvanecer o corpo, não perecerá’, findando o corpo, não haverá risco.”

Como o ser humano alcançará essa visão ampla? É possível que ocorra se for capaz de utilizar a concepção da totalidade universal de modo que a energia interior possa se estender até a dimensão ilimitada. A partir dessa perspectiva, cada coisa tem sua importância. No ponto de vista da justiça, você apreciará o universo inteiro e não julgará de maneira parcial assim como não terá um modo de pensar discriminativo, e principalmente, evitará a concepção de separatividade. Daí por que cada fenômeno possa encarnar o mistério do Dao. Seja qual espécie de matéria, fenômeno, circunstância, ser vivo, ou ainda as diversas concepções, costumes, ambientes, condutas, temperamentos, você irá aceitá-los, preservando um estado de equanimidade, visto que você não terá absolutamente nenhuma visão parcial, afirmando que “eu gosto disso, eu detesto aquilo”. Sendo assim, você irá paulatinamente manifestar a sua energia interior e assim alcançar uma visão ampliada. A razão fundamental é que você removerá profundamente cada ponto de vista parcial, crença, julgamento, etc.

No que diz respeito à essa visão ampliada, Laozi expõe, no capítulo 25, que a característica do Dao é a grandeza. O significado de grandeza simboliza a infinitude do Dao, o fato de que ele é onipresente. Com clareza, o professor Chen Gu Ying elucida: “essa grandeza refere-se à dimensão da amplitude ilimitada.” Partindo dessa visão expandida para experienciar o universo inteiro, não rejeitaremos deliberadamente as coisas com o intuito de promover o próprio auto-benefício ou de denegrir aquela personalidade humana que é diferente da nossa. Através dessa compreensão, poderemos sempre seguir a regulação do Dao estando em acordo com a sua naturalidade. No decorrer do tempo, a vida naturalmente revelará uma compreensão elevada. Nem será preciso dizer que a energia do Dao se manifestará no nosso processo de vida. Por outro lado, ela aprofundará nossa atitude como se criasse uma vida mais plena e próspera.

Geralmente toda concepção gera uma determinada personalidade. Em virtude da existência de inúmeros tipos de hábitos, cada indivíduo escolhe diferentes pontos de vista para observar as coisas e as situações. Em razão de inúmeros conflitos e contradições, e independentemente das diferenças entre as sociedades ou entre as experiências individuais, todos ainda poderão compreender e aceitar essa diversidade. Por exemplo, no local do trabalho ou em casa, cada pessoa possui a sua característica específica, ou seja, isso mostra que cada existência humana é um fenômeno singular. No processo da vida, observamos as infrações agressivas e cruéis. A partir da perspectiva do exame filosófico, a existência humana produz esses tipos de conflitos, como aquele de acordo com o qual o indivíduo julga os outros em virtude de seu próprio auto-benefício, ou seja, baseando-se no seu próprio apego e crença. Embora na sociedade as pessoas possam diminuir alguns conflitos por meio de regras sociais, contudo, esse fato ainda implica em diversas contradições que desencadeiam inúmeras dificuldades. Na verdade, mesmo que possamos evitar muitos problemas, ainda assim permanecemos a todo momento rivalizando, disputando e criando situações de desordem.

Se o ser humano possui racionalidade, por que ainda são provocadas tantas perturbações? Se refletirmos um pouco, explorando essa questão e procurando suas causas, veremos que vários problemas são causados por nós mesmos. Assim, a perda e o ganho, o amor e o ódio, a felicidade e a infelicidade, a dor e a alegria evidenciam as inconstantes flagelações do mundo. Esse mundo de dualidade e oposição é bastante complexo, mas não se pode negá-lo, já que ele é um fenômeno concreto. Apesar disso, é necessário que superemos com todo esforço essas inúmeras contradições, e sobretudo, encontremos uma forma de evitar esses problemas. Em outras palavras, precisamos dissolver certas aflições inapropriadas e buscar suas causas para que possamos nos livrar delas. Por esse motivo, eu gostaria de discutir um pouco de maneira simples para explicar essas causas. Laozi sempre nos diz que podemos romper com as dificuldades que nós mesmos criamos. A causa principal é que ainda não temos consciência das causas verdadeiras e, então, não somos capazes de afastá-las e moderar nossos próprios desejos. Nesse sentido, Laozi justamente deseja evitar esses desejos excessivos, visto que eles provocam as flutuações inconstantes e instáveis. Em relação ao fenômeno da fama, sentimos muita alegria, mas a todo instante ficamos com medo de perder essa fama tão preciosa. As pessoas famosas se deparam com essa situação.

Laozi pensa que o ser humano não precisa se apegar à honra, à reputação e à riqueza a ponto de ser seduzido pelo seu brilho e considerar que existirão eternamente. Buscá-las de modo incessante é completamente inútil. Não é preciso ser excessivo para realizar as coisas, uma vez que todos fenômenos são gerados na forma de oposição e contrariedade. Por exemplo, no capítulo 2, Laozi nos diz que a Existência e o Vazio reciprocamente se geram, o difícil e o fácil reciprocamente se formam, o comprido e o curto reciprocamente se contrastam, o alto e o baixo reciprocamente se dependem, o som e a voz reciprocamente se harmonizam, o antes e o depois reciprocamente se afastam e se acompanham. Essa lei universal evidencia fundamentalmente a concepção dialética e expressa o movimento da natureza. O prestígio e a desonra, o ganho e a perda são fenômenos contraditórios/opostos e também circunstâncias instáveis.

Por esse motivo, Laozi reconhece que todas as coisas possuem sua face contrária e percebe que a função da reciprocidade de opostos é a energia impulsionadora das mudanças. Por isso, o ponto-chave é compreender que os estados de contrariedade e oposição sempre se transformam de modo recíproco. Por que Laozi dá ênfase aos estados de contrariedade e oposição e às transformações dessas coisas contraditórias e opostas? Eu gostaria de mencionar o que Chen Gu Ying nos diz em relação à motivação de Laozi:

“(1) Laozi reconhece que as coisas são geradas numa relação de oposição. Por isso, observar as coisas não é somente olhar sua face dianteira, mas é preciso olhar com atenção a sua face contrária (face oposta) e considerar as duas faces para que se possa compreender a totalidade de uma coisa. Frequentemente as pessoas se apegam somente à face dianteira, no entanto, Laozi nos lembra que, partindo da relação com a face oposta, podemos apreender o significado profundo da face dianteira. (2) Laozi não apenas nos alerta para observar a face dianteira a partir da face contrária de modo a revelar o significado profundo da face dianteira, assim como, ao mesmo tempo, sugere a todos que possam valorizar a utilidade das oposições e contrariedades, e sobretudo, ele admite que é possível apreender e conservar a utilidade daquilo que é gerado pelas coisas opostas para superar a utilidade daquilo que é gerado pela face dianteira. Por exemplo, nos estados de oposição macho/fêmea, antes/depois, alto/baixo, existência/vazio, a maioria das pessoas deseja mostrar-se macho, disputar pelo primeiro lugar, subir no mais alto, apoderar-se da existência; Laozi deseja que o ser humano conserve o feminino, alcance o posterior, habite no inferior, valorize o Vazio…”

Segundo esse modo de observação, precisamos compreender a eficácia da relação entre Existência e Vazio, o que implica em compreender esse processo de reciprocidade geradora. Se não houvesse a existência do Vazio, a Existência não poderia continuar existindo. É devido à existência do Vazio que os diversos fenômenos alcançam uma realidade concreta e verdadeira. Por exemplo, se não houver um espaço vazio no copo – o espaço vazio significando o Vazio– ou seja, se todo seu interior estiver cheio, então o próprio copo nem terá utilidade. De modo análogo, se somente formos obstinados no nosso ponto de vista, desconsiderando as concepções e os interesses alheios, então criaremos concepções bastante tendenciosas, pois ignoraremos a manifestação da face contrária assim como menosprezaremos o fenômeno em sua totalidade. Dessa forma, poderemos observar a face dianteira das coisas utilizando-se da face oposta, e por conseguinte, teremos claramente a consciência de que esse universo não possui parcialidade. Quando experienciarmos essa verdade, não nos empenharemos em exigir e valorizar determinadas condições. Compreenderemos de modo lúcido os fatores e a necessidade de certas circunstâncias adversas e, particularmente, observaremos a realidade verdadeira e completa. Chen Gu Ying esclarece:

“Laozi reconhece que quando as coisas se desenvolvem até o seu nível extremo, então elas mudam para o seu estado original e se transformam na sua face oposta. É o que expressa o pensamento do provérbio antigo: ‘as coisas chegando ao extremo devem retornar’; as coisas atingindo seu pico máximo, no momento de sua extremo florescimento, então, terão sua reviravolta e movimento de queda.”

No que se refere aos fenômenos opostos e mutáveis, precisamos de modo apropriado utilizar a sabedoria autêntica com o intuito de alcançar uma vida rica e plena. Ao compreender de maneira verdadeira esse princípio autêntico, o indivíduo não será mais “envolvido/implicado” por certas situações, já que evidentemente todo ser humano pode ser afetado e controlado por essas influências opostas. Assim, a mente humana constrangida pelos fenômenos externos e influenciada por certas mudanças, perderá totalmente o seu equilíbrio. A causa é o fato de que a mente cobiça, exige, apodera-se. Se na mente houver as perturbações e estados instáveis, e se ela é facilmente suscetível às influências, então ela decairá e gerando sofrimentos. No que diz respeito ao que Laozi menciona sobre os fenômenos opostos e contraditórios, cada pessoa precisará compreender como preservar uma visão mais totalizante e compreensiva.

É evidente que o homem atual está excessivamente atarefado, constantemente se irrita e provoca muitos estados de nervosismo. Por que isso acontece? A causa é que o espírito está impulsivo e instável, ondulando incessantemente nas vicissitudes de extrema alegria e tristeza. Por exemplo, uma conduta violenta desgasta e agride a mente humana, fazendo com que a sua força de espírito decaia num “pântano de erros”. Assim, como se pode preservar um equilíbrio interior? Quando uma pessoa é incapaz de dominar sua própria existência, ele implicará com trivialidades. De fato, a própria mente se assemelha às “flamas da batalha que ocorrem em toda parte” em constante mudança tal como se fosse um imenso campo de guerra. Deparando-se com qualquer situação, cada indivíduo é influenciado por estímulos e se torna incapaz de preservar um espírito de equilíbrio. Uma pessoa de muitos desejos permanece dias e noites pensando em satisfazer as suas ganâncias excessivas assim como planejando em como suprir seus desejos materiais, e por isso, nunca consegue realizar um estado de equilíbrio. Se podemos ou não ser moderados, isso dependerá de nosso cultivo interior. Se pudermos romper com desejos desnecessários, então nos livraremos de vários fardos.

O fato de sermos oprimidos eventualmente pelos estados de pessimismo se deve à nossa incapacidade de superar a preocupação, a melancolia, o medo, a depressão, a inveja, a arrogância e o ódio e, em virtude disso, ondulamos cegamente num vórtice. Devido ao fato de que somos condicionados pelas inúmeras vicissitudes, não conseguimos experienciar o espírito interior, e além disso, ignoramos a necessidade de preservar uma mente pura e silenciosa. O resultado é que não somente nos submetemos aos desejos mundanos como ainda, por causa de nossa visão confusa, não sabemos como repelir os obstáculos e iluminar nosso caminho. Criamos assim uma espécie de nevoeiro. A ênfase fundamental de Laozi consiste em romper com os obstáculos. Todo processo de vida é limitado por certos fenômenos ilusórios. Geralmente muitos erros e fantasias são causados por nós mesmos. A concepção do Ego é uma espécie de fardo e ilusão. Caso não haja a concepção do Ego, os inúmeros desejos nem se manifestariam, pois sempre que quero adquirir uma coisa, surge em mim uma expectativa. Mas quando repentinamente encontro uma situação desfavorável, não conseguindo adquirir o que eu desejava, paulatinamente vou ficando desesperançado ou fico cobiçando sem parar, perdendo completamente meu território interior.

Assim, observa-se que a vida humana precisa preservar e cultivar um espírito de harmonia. No capítulo 44, Laozi menciona essa verdade autêntica e universal.

“A fama ou a vida: o que é mais íntimo? A vida ou as posses: o que é mais valioso? O ganho ou a perda: o que é mais doloroso? O apego excessivo conduz ao grande desperdício. O acúmulo descomedido conduz à grave perda. Quem sabe ser autossuficiente não se humilha. Quem sabe ser comedido não corre o risco. Eis por que se pode viver com perenidade.” (minha tradução publicada pela Editora Mantra)

Essa verdade não somente é prática como ainda revela um valor autêntico em relação a toda vida humana. Através da comparação entre fama e vida, Laozi exorta-nos para que possamos distinguir o valor mais íntimo de nossa existência. Baseando-se nesse modo de reflexão, cada um pode saber o que é necessário e o que pode ser dispensado, podendo sempre proteger a vida e cultivá-la evitando o acúmulo descomedido. Portanto, o que mais prejudica e destrói o valor fundamental da existência? Essa é uma reflexão essencial. Por isso, é necessário que aprofundemos essa meditação e, sobretudo, compreender o sentido autêntico da vida, para que, de modo consciente, sejamos capazes de expandir até a dimensão interior assim como manifestar uma verdadeira autossuficiência. Se experienciarmos o pensamento interior, naturalmente alcançaremos a realização profunda, e além disso, teremos evitado um pouco de cobiça, manifestando uma experiência profunda no que diz respeito ao seu valor autêntico e fundamental. De acordo com essa concepção, não precisamos denegrir a preciosidade da vida e  e desperdiçar a sua energia, esgotando o corpo e ferindo o espírito.

Em outras palavras, o mais importante é que cada um tenha a consciência de não fazer certas coisas desnecessárias, uma vez que estas se afastam do valor da vida. A conclusão de Laozi é que cada um possa viver na simplicidade, mas isso não é uma concepção pessimista ou negativa. Ao contrário, ela eleva de modo vigoroso o valor da vida. Essa concepção implica numa moderação interior, o que significa preservar a energia da vitalidade tanto como não desperdiçar o valor da existência. Isso também pode manifestar o estado do Vazio. Na condição de que essa energia transcendente possa ser preservada, cada pessoa experienciará o informe e inominável Dao e gradativamente compreenderá que ele é a fonte vital de todos os seres. Nesse sentido, ao dizer que o Espírito do Vale nunca morre (Capítulo 6), Laozi aponta para a transcendência do Dao, que não nasce e nem se extingue, jamais sofrendo a influência de quaisquer vicissitudes. Um célebre comentador Wang Bi diz que O Espírito do Vale é o próprio Vazio, isto é, “o informe, o sem-imagem, o que não contraria e nem se separa, habitando no inferior sem se mover, preservando o silêncio sem jamais decair”. O sentido implícito de Wang Bi remete à energia do Vazio, a saber, ao fato de que ela não sofre destruição e jamais se esgota, nunca morre e ininterruptamente perdura na existência. Visto que é o espírito criador de todos os seres, a sua eficácia nunca termina. Sendo ela o princípio originário do universo e a essência da vida, então deveríamos estar em conformidade com a sua existência de sorte que, por meio da atitude de “preservar o silêncio sem jamais decair”, manifestaríamos a sua energia ilimitada.

Esse é o ponto central de Laozi. Essa potência virtual cria de modo incessante toda espécie de vida: sendo a mais potente, ela transforma e move qualquer fenômeno. Embora sempre possa transformar toda a Natureza, ela mesma não sofre a influência da destruição. Em relação a essa energia ilimitada, eterna, vazia e virtual, Nietzsche também possui uma concepção semelhante. No seu pensamento, cada indivíduo pode moldar sua existência e manifestar essa energia. Por essa razão, Laozi e Nietzsche valorizam a energia da vida e enfatizam a sua potência. Entretanto, as suas concepções possuem também características diferentes. Laozi adverte-nos para evitar as atitudes excessivas de modo a minimizar a arrogância e certos sentimentos desequilibrados, o que significa que o ser humano pode ser moderado tanto como viver uma vida frugal. Por outro lado, Nietzsche é completamente distinto. Ele deseja romper com toda concepção negativista e pessimista. Ou seja, ele ressalta que a vida possui transcendência e é processo, e não essência/substância, sendo que de modo incessante ela manifesta o fenômeno da força, mostrando a vitalidade da vida assim como evidenciando o seu valor. Nesse sentido, Nietzsche reconhece que cada vida individual não necessita de seguir certas normas, seja essa norma um Deus ou a racionalidade humana: o mais essencial é que cada vida individual possa manifestar o seu valor mais elevado, encarnando a profundidade da vontade de potência.

O ser humano precisa utilizar a sua vontade de potência para superar/transcender as concepções humanas, e sobretudo, aquela concepção moral, já que o bem e o mal não se diferenciam. A concepção moral cria determinados juízos e definições em relação ao valor da vida. Os critérios de valor como bem/mal não são totalmente verdadeiros, o bem não é necessariamente o bem, o mal não é necessariamente o mal. Na realidade, eles pertencem à criação da história humana. É em virtude de cada tipo de cultura que eles são produzidos. Como cada cultura produz diversas crenças, naturalmente existem diferentes concepções sobre o bem e o mal. Assim, se cada um refletir profundamente sobre o porquê de certos juízos, então compreenderá que esses são conceitos subjetivos. Embora Nietzsche critique esses critérios de valoração, isso não implica que sua filosofia seja uma doutrina niilista. A filosofia de Nietzsche não é isenta de critérios de valor. Por isso, se cada valor tem sua origem e razão de ser, a questão fundamental é sabermos quem está determinando e distinguindo os fenômenos do bem/mal, do belo/feio, do verdadeiro/falso? De acordo com Nietzsche, esses valores contraditórios e opostos passam pelas determinações da Subjetividade, o que implica em dizer que não há como estabelecer critérios rigorosos. Na investigação filosófica de Nietzsche, o critério é apenas uma criação subjetiva e não possui caráter de verdade, sendo que jamais seria determinado de modo absoluto. Se analisarmos cautelosamente cada sistema de valores no que se refere aos critérios de bem/mal, perceberemos indubitavelmente que há uma Subjetividade/Sujeito que por meio de sua concepção parcial pressupõe, cria e constitui uma estrutura de valores. O próprio Nietzsche não estabelece um critério absoluto e questiona a razão pela qual nós precisamos estabelecer um sistema de valores. Contudo, ele tem a consciência vigorosa de que cada vida individual possui sua potência virtual/latente e, em virtude disso, poderá superar/transcender quaisquer limitações, destruindo todas as atitudes negativistas e enfraquecedoras. Portanto, no pensamento de Nietzsche, se podemos manifestar gradativamente essa vontade de potência superior, a razão consiste em que o homem é visto como força de dominação. Para Nietzsche, o ser humano possui uma potência latente/virtual de criar sua própria vida e, sobretudo, mediante uma atitude estética, ele pode penetrar num mundo pleno e vigoroso. De fato, a existência humana está constantemente superando desafios, e por isso, ela é uma espécie de processo que jamais se estanca. Ela não é uma essência/substância verdadeira, a saber, aquela racionalidade humana intrínseca a todos seres humanos.

Nesse aspecto, somente se pudermos experienciar o dinamismo da vida, seremos capazes de adentrar profundamente no domínio da vontade de potência, manifestando a energia vital e plena. Ou seja, nosso processo de vida em certos momentos manifesta de modo autêntico o seu sentimento trágico. Não importa se é a dor da tristeza ou o sentimento da alegria, Nietzsche reconhece que todos precisamos passar por esses sentimentos comuns e aceitar os desafios do mundo e as inúmeras paixões, e além disso, podemos nos despertar vigorosamente para encarar as concepções de valor que são negativistas, decadentes e pessimistas. E, ao mesmo tempo, podemos romper com aquilo que acreditamos em nossas crenças, incluindo a concepção de Deus ou qualquer concepção metafísica. Sem dúvida, essa atitude, durante o processo da vida, romperá com certas concepções eternas e espirituais, e ainda, destruirá qualquer doutrina niilista tanto como erradicará todas as ideias racionalistas. Seguindo o ritmo da existência, cada vida individual poderá compreender profundamente que ela é uma espécie de processo em movimento, sendo que ela é capaz de moldar sua natureza e superar todas as aflições. Assim no Assim falou Zaratustra, Nietzsche esclarece: “O homem é uma corda, atada entre o animal e o super-homem – uma corda sobre um abismo. Um perigoso para-lá, um perigoso a-caminho, um perigoso olhar-para-trás, um perigoso estremecer e deter. Grande, no homem, é ser ele uma ponte e não um objetivo: o que pode ser amado, no homem, é ser ele uma passagem, um declínio.”

Eis por que a nossa existência supera/transcende de modo incessante quaisquer limitações e seja um processo de mudanças que se transforma de modo dinâmico. Por isso, não é necessário que o ser humano busque uma verdade absoluta. Estabelecer um critério rígido implica em considerar a existência humana como uma essência/substância fixa. Em última análise, o homem possui ou não uma essência? Segundo o pensamento de Nietzsche, o homem não possui uma natureza essencial. Em virtude das diversas mutações, ela não possui natureza. Nesse aspecto, somos incapazes de determinar a natureza humana. É evidente que esse processo de transformação revela uma espécie de transcendência, mas essa transcendência não é vista como um fenômeno abstrato e teológico que expõe o ensinamento da religião cristã, a saber, a concepção da alma. No meu ponto de vista, Nietzsche ressalta o fato de que a existência humana seja considerada como um processo concreto e potente. Se você puder assumir aquilo que você escolhe, aquilo que você valoriza, é natural que você irá manifestar a sua vontade de potência, fazendo com que a sua existência alcance uma dimensão nobre. Por isso, Nietzsche diz: “Amo aqueles que não sabem viver a não ser como quem declina, pois são os que passam. Amo os grandes desprezadores, porque são os grandes reverenciadores, e flechas de anseio pela outra margem. Amo aqueles que não buscam primeiramente atrás das estrelas uma razão para declinar e serem sacrificados: mas que se sacrificam à terra, para que um dia a terra venha a ser do super-homem.”

Com efeito, essa concepção do super-homem revela o valor da existência. Se você possui ou não valor, isso depende da sua própria autossuperação transcendente. Se você não puder depender de sua própria energia, então você não poderá encarar e suportar certas dificuldades. A vontade de potência certamente não visa à sobrevivência ou à conservação da vida segura. Ela eleva o valor da vida, aprofunda a sua força assim como cria o ponto alto da existência. Em outras palavras, o fato de o ser humano experienciar essa autossuperação transcendente não é senão a manifestação de sua energia mais plena e rica. Nietzsche diz: “Em verdade, eu vos digo: bem e mal que sejam perenes – isso não existe! Por si mesmos têm de superar-se sempre de novo. Com vossos valores e palavras de bem e mal exerceis poder/violência: e este é o vosso amor oculto e o brilho, tremor e transbordamento de vossa alma. Mas uma violência mais forte cresce de vossos valores, e uma nova superação: nela se quebram o ovo e a casca do ovo. E quem tem de ser um criador no bem e no mal: em verdade, tem de ser primeiramente um destruidor e despedaçar valores. Assim, o mal supremo é parte do bem supremo: este, porém, é criador”. O significado dessa implicação se constitui na medida em que podemos ou não desenvolver e assumir nossa potência latente/virtual para criar o valor da existência. O que é o bem? Para Nietzsche, o valor do bem não é a sua ação virtuosa, a realização do que é proveitoso para a sociedade e a nação. O valor do bem se constitui na possibilidade ou impossibilidade da manifestação de sua própria vontade de potência, e sobretudo, se você é capaz ou não de autossuperar-se, transformando as atitudes pessimistas em estados de alegria, transformando os afetos negativos em afetos positivos. Depois de você experienciar essa dimensão, você se tornará o super-homem. Caso contrário, você será limitado e controlado, sendo incapaz de se tornar o senhor de sua própria existência.

Por isso, penso que as concepções de Laozi e Nietzsche estão revelando a potência latente/virtual da nossa vida no sentido de que somos capazes de encarnar um valor mais pleno. Em relação à expressão da potência latente/virtual, de um lado, reconheço os aspectos semelhantes de seus pensamentos, e por outro lado, seus aspectos distintos. De modo fundamental, eles revelam que o homem possui o caráter de transcendência, o que significa que a nossa vida é capaz de manifestar a sua força. Os dois pensadores sublinham que o ser humano é capaz de erradicar certas dificuldades e experienciar o valor da existência. Ou seja, a vida expressa a energia interior e, por isso, não podemos desprezar a sua importância. Para Laozi, se você segue a naturalidade de acordo com a visão totalizante do Dao, você penetrará num mundo vastíssimo e realizará o valor de sua vida. Um vez que você preserva o equilíbrio da mente, você eliminará muitas dificuldades e sofrimentos. No entanto, não se trata de uma atitude passiva, mas sim de uma atitude ativa como se a energia do Dao pudesse se manifestar no âmbito da sua vida. Por isso, se você modera um pouco, não cobiça, não se apega, você gradualmente imergirá num estado de silêncio, cultivando a vida perene e preservando a paz. Por outro lado, mesmo na ausência de critérios normativos, Nietzsche reconhece ainda que cada vida individual poderá criar o seu próprio valor e vivenciá-lo manifestando uma potência ilimitada. A partir do processo de autossuperação, baseando-se em sua própria vontade de potência, o ser humano alcançará gradativamente uma vida mais nobre e elevada. Se você manifestar sua potência latente/virtual, você conquistará a capacidade de resistência, sendo que poderá romper com as atitudes artificiais e superar certas dificuldades. Assim, não se trata de uma expressão de arrogância, mas sim de uma manifestação do processo da vida. Portanto, através da reflexão de Nietzsche e Laozi, precisamos examinar de maneira ampla nossa própria vida, despertando-nos e conhecendo gradativamente nossa própria energia interior. Penso que essa questão não é fácil, mas cada pessoa precisa meditar na maneira pela qual será capaz de criar sua própria vida, tornando-se o próprio senhor da plenitude de sua existência.

 

 

 

老子尼采的生命哲學

邱奕智

 

各式各样的人生都会产生悲观的心理,并且还造成一些的绝望。为什么人生会造成一些患难? 对于这个问题,老子和尼采的思想能影响我们生命与能排斥一些短视的眼光以及加强精神的能量。首先,我们可以观察老子的思想重点而渐渐地深入他所特别强调的思想。要是各位想理解老子的思想体系,务必了解『道』是一个『整体』。各位可以先了解为什么老子用这个词语来构成他的思想。其实,『道』只是一个名字形容老子思想的整体观,因为这个真理(即『道』的意义)超过任何定义、信仰与概念,于是没有语言能够表达及解释这个绝对真相。所以,老子只是勉强地说这个真理是『道』。在根本面,它就是有超越性。谁能体悟它的性质以语言的方式,或是用一种符号来判定这种无上的真理?

在变化生灭之中,老子体悟到一个绝对的原则。为什么它是绝对呢? 从哲学的方式来剖析,它是绝对的本体,因为他不会受变化,也不会被影响。理由就在于它是『独立不改』(《道德经》第二十五章)。这四个字显示老子的『形而上学』而建构一个自生自在的实质。最重要是它不会受破坏,它是不死不灭的永恒存在。赵萍教授论述:

 

【這個永恆存在,是独一无二的,也是至高无上的,它生成天地,养育万物,广大无边,运行不息,无始无终。。。】[i]

 

由此可见,这个绝对与究竟真实就是一种宇宙的原则。各种动物、植物、形状、生命都不断地在变化,生生不息,一直在生长与灭亡,但是『道』本身不会灭亡。老子强调它是『谷神不死。 。 。绵绵若存,用之不勤』』(《道德经》第六章)。也就是说,它是不断地在变化,但是不会受任何变质,所以它不会受死亡的压抑。它是永不停竭,而且特别会存在,甚至还产生宇宙恰如一种能源,永续不绝,无穷无尽。如果它没超越任何限制,那就不作为『常道』,则会被灭掉以及不能陆续地产生整个大自然。据此,它就不成为绝对的真相,只是在相对的世界,变成很世俗的现象,被生死的过程所破坏。由此可知,每个人生,虽然会受任何限制,但是假设它于『道』融合,它会展现一种超越性。纵然我们的生命会被死亡灭掉,但是我们可以在这个过程当中体现一种超越的能力。假如你体现『道』的超越力,你也可以渐渐地得到一种丰富的精神。在根本面,『道』类似浩瀚的大海,各种生命就像小鱼在大海波浪中生活。假如它离开海水,一定会死,没办法继续活下去。由于道的存在,我们才能行动与存在。

这个道理很容易被忽略。其实,它是属于一种特别宽广与超越的视野。为什么人们需要体悟『道』的境界? 因为『道』就是老子所讲的『根』。假设没有这个根源,我们生命就失去精神与能量。这个『根』是能源的意思。譬如,如果你没有空气呼吸,你绝对会死。所以,道是本源,本始,就是这个原因。太阳、地球、行星、各式各样的众生都是以『道』才能活着。基本上,这是很美妙的世界。你越来越懂了这个宽广、浩瀚、无穷无尽的能源,你将会扩大其视野,因为这种宽广的视野能排除一切狭窄的观念。

老子在十六章的《道德经》说: 『知常容,容乃公,公乃全,全乃天,天乃道,道乃久。没身不殆』。在这方面,他强调我们整个生活过程能够超越某些的限制,同时也能深化而成为很富足的生命。毫无疑问,每个人的观念与生活的态度都是有限制性,不过它们还能超过一切的一切的困难,即扩展而增添其深度。由此可见,这种超越性展现我们的『潜藏力』。也就是说,假设我们承担自己没有内在潜力,或是蔑视自己的生命价值,我们就扼制自己的视野,并且将自己的潜藏力失去了。如果我认为我没有选择能力,当然我的观念就会被自己拘束了。其实,即使个人有被不同的社会与环境条件压抑,被任何的逆境逼迫,但是在其内心有一种活力能源不能被拘束。

据此,人们可以超过任何的困难,就是因为他们用内在潜力来摆脱某种的困境以及真正地认识自己本身的天性本质。如果各位否认自己的性质而蔑视内在的价值,总有会对其生命造成巨大的损害,则结局绝对是失败与灾祸。因为人生假如没展现这种『超越力』,就不能『容受』许多很难过的事。所以,『容』的上述意思就是表达内心的动力,它可以容纳多元的物质与现象。譬如,如果你看到一棵树,对它你就不会有偏爱,偏见的见解。同理,如果你可以接受不同样的人,你不但能了解各种各样的个性,也可以了解他们的背景、历史、等等。他要伤害你,你也不会跟他计较。这样,你就会保留一种宽容的心。因此,这个容受的态度显示内心的功夫修养。王邦雄教授评论:

 

【。 。 。能容受万物,也就大公无私。 。 。也是“全”之意,公正公平,也就可以一体成全; “全乃天”,普遍整全,就是天的无不遮覆; “天乃道”,二十五章云: “人法地,地法天,天法道,道法自然。”上天不离道生成万物理则; “道乃久”,道的本身就是天长地久。人至虚守静,心明照以知常,且心虚则能容,能容就公正遍在,如同天道般长久,“没身不殆”,终其身不危殆。 】[ii]

 

每个人怎样可以达成这种扩大的视野? 那就是因为能够使用『普遍整全』的观念以便把其内在能量延伸到最宽广的境界。从这个角度来看,任何东西都有它的重要性。在公平的眼光,你就会欣赏整个宇宙,没有偏爱的判断以及没有分辨的心机,尤其是不会造成隔绝的观念。之所欲说,各样现象能体现『道』的奥妙。无论那一种物质、现象、境遇、生物,还是不同的观念、习惯、环境、行为、气质,你都会容纳、保持一种平等心,因为你绝对不会有偏爱的动机,说『这个我喜欢』,『那个我讨厌』。因为如此,你就会慢慢地彰显内在的能量而也达到最宽容的视野。最主要的原因就是你能深深地排除各种各样的偏见、信仰、判定、等等。

对于这种宽广的视野,老子在二十五章说明『道』的特征阐述它是『大』。『大』的意思是形容『道』没有边际,无所不包。陈鼓应教授很清楚地论述:『这个“大”,指幅度或广度之无限延展。』[iii] 从这个宽阔的眼光来体验整个宇宙,我们就不会刻意地拒绝任何东西为了促进自身利益,也不会否认不跟我们相同的个性。透过这样的领悟,我们总有随顺『道』的规则及其符合『道』的自然性。久而久之,生命会自自然然地彰显高峰的觉悟。不而言喻,这就是『道』的能量能落实到我们生活过程。另一方面,它也能净化我们的态势类似创建一种富裕与兴盛的生命。

大凡每个观念都会造成某样的性格。基于许许多多的习惯,各种各样的人会选择不同的角度来观察任何事情与情况。鉴于繁多的冲突和矛盾,无论是不同的社会制度,还是个体的经验,大家还可以了解而接受这种多元性。例如,在工作的地方,或是在家庭,每个人有特定的特征,亦即表明各式各样的人生是一种独特的现象。所以,在生活过程当中,我们都会见到冲击与残暴的犯罪。从哲学角度来检讨,人生就是会产生此类的冲突,靠自身利益来判断他人,即立足于自己所信奉与执着。尽管在社会上人们可以用社会的规则来减少某些的冲突,不过这事实还牵涉繁复的矛盾而引起更多的困扰。实际上,即使我们能防止很多麻烦的问题,但是我们还一直在斗争、挣扎、造成纷乱的局面。虽然人类有理性,为什么还会惹起多种多样的扰乱?

假如我们思考一下,探索这个问题及寻找其原因,会想到很多的烦恼都是我们自己惹出来的。因此,得失、爱恨、祸福、苦乐都是显明世间祸端的起伏。这个二元对立的世界就是很繁复的,但是也不能完全否定它,因为它是具体的现实。虽然如此,我们必定全力地超越这些无数的矛盾,甚至也想办法能避免一切的烦恼。换句话说,我们务必消除一切不适当的患难,找出它们的的原因才能摆脱任何的困扰。由此,我想探讨一下,用很根本的方式来解释这些原因。老子始终告诉我们可以突破我们所造成的困难。主要观点是我们还没意识到正确的原因,于是也无法排除以及约束自己的欲望。在这方面,老子正好想避免这种太过分的欲望,因为它们会引发不稳定与不平常的起伏。对于荣誉的现象,我们会感觉很快乐,但是时时刻刻会怕失去这个珍贵的荣誉。著名的人都会碰到这些的情况。

老子想人们不必要执着于尊崇、名利、财富,被其光彩诱惑以其认为它们会永远存在。一直追求而保持它们是完全枉然的,做任何事都不要太过度、太极端,因为一切现象都是在相反对立的状态下形成的。譬如,在第二章老子说,『有』和『无』互相生成,『难』和『易』相反相成,『长』和『短』互相衬托,『高』和『低』互相矛盾而依存, 『音』和『声』互相应而谐调,『前』和『后』互相背离而伴随。基本上,这普遍规侓就呈现『辩证法』的观念以及表现自然的运行。宠辱、得失都是对立与矛盾的现象,而且也都是不安的境遇。由此,老子承认多种多样的事物都有它的对立面,并还意识到『相反相成』的功能是推动事物变化的能量。所以,基本的观点是要懂相反对立的状态会有互相变化的。为什么老子重视事物相反对立的状态和事物对立面的转化呢? 我想提出陈鼓应所探索的原因:

 

【(1)老子认为事物是对立关系中造成的。因此观察事物不仅要观看它的正面,也应该注视它的反面 (对立面),两方面都能兼顾到,才能算是对于一项事物作了全盘的了解。常人只知执守着正面的一端,然而老子则提醒大家更要从反面的关系中去把握正面的深刻涵义。(2)老子不仅唤醒大家要从反面的关系中来观察正面,以显示正面的深刻涵义; 同时他也提示大家要重视相反对立面的作用,甚至于他认为如能执守事物对立面所产生的作用当更胜于正面所显示的作用。例如在雄雌、先后、高下、有无等等的对立状态中,一般人多要呈雄、争先、登高、据有; 老子却要人守雌、取后、居下、重无。 。 。 】[iv]

 

根据这样的角度来观察,我们还需要了解『无』与『有』的结合作用,意即懂这种相互相成的过程。假如没有『无』的存在,『有』也不能继续存在。因为『无』的存在就是能让不同种类的现象能达到具体与确实的实体。譬如,如果一个杯子里面没有空间 (亦即空间就是『无』),它的里头是全然充满的,于是它本身就没有用处。同理,假如我们只是一意孤行,不兼顾其他的观念与别人的利益,那我们就会造成很偏见的观念,随即忽视反面所显现以其还全然地蔑视整体的现象。因此,我们从反面的关系中来观察正面,立即我们就可以显然地意识到这个宇宙是没有偏见的。当我们体悟到这个真理的时候,我们就不会太极力地要求而注重某些的条件,对某种的处境会精辟地了解它们的因素与它的必然性,特别还能观察到真实与完整的事实。陈鼓应阐述:

 

【老子认为事物的发展到某种的极限的程度时,就改变了原有的状况,而转变成它的反面了。就是古语所说的『物极必反』的观念; 事物达到强的顶峰、盛的极致时,也就是向下衰落的一个转捩点。】[v]

 

对于这些转变与对立的现象,我们就必须妥当地利用真实智慧以便达成最丰富多彩的生活。当各位能实实在在地明白这种很实在的规则,立刻就不会被任何情况所牵扯,因为很明显的是人会受这种相反对立的影响,于是就成为它们所控制。因此,人的心就被外在现象压抑,被任何变化影响而截然失去其平衡心。原因是心很会贪婪、要求、据为己有。假设心里有烦恼,不安定的心态,尤其是很容易地被影响,那就会堕落与沉溺以及招惹痛苦。至于老子所提示的相反对立的现象,各位必须懂如何保持一种整体与宽容的眼光。

由此可知,现代人是过于忙碌,频频发出抱怨,引起很紧张的心态。为何如此? 原因就是心灵浮躁不安,不断地在极乐与极悲的变迁中随波逐流。譬如,凶暴的行为会消耗及侵蚀人的心思,将他的精力陷入在一种罪恶的渊薮。这样,如何各位能保持内在的平衡心? 当时一个人无法约束自己的人生,他就会被琐碎的事情牵扯。其实,心思本身类似烽火连天,往往在转变,成为一个大战场。各位遇到什么情况,就会被任何刺激所影响,无法保持和谐的精神。欲望多的人,他从早到晚都在想满足这些过分的贪欲以及谋划怎样能补充任何的物质欲望,所以永远不能保持平衡心。我们能不能收敛,这是要靠内在的修养,每天能破除一切不需要的欲望,就能摆脱各种各样的累赘。

我们偶尔会被悲观的心态所压迫是因为不能超越牵挂、忧郁、恐惧、烦闷、嫉妒、傲慢与怨恨所控制,所以都茫然的漩涡沉浮。鉴于我们被这些繁复的变迁扼制了,我们还没体验到内在的精神,并且忽略自己所应该保佑清静心。后果就只能附属世俗的欲望,眼花缭乱,不知道怎样可以排斥一切的障碍,照亮我们的道路,反而还构成一个迷雾。老子的关键在于突破人的障碍。每个生活过程往往会受制于某种虚幻的现象。大凡许多的错觉与幻想都是我们所造成的。『自我』就是这种累赘而幻想的概念。假如没有『自我』的概念,多种多样的欲望就不会彰显,因为每次我想要获得这个东西,我的期望就会出现。可是我突然碰到一个逆境,没获取我所欲望的,就会慢慢地失望,或是不断地贪求以便完全疏忽内在的领域。由此可知,人人的生命就是要保护与修养一种和谐的心灵。在四十四章,老子提到这种很有普遍性的事实真相。

 

【名与身,孰亲? 身与货,孰多? 得与亡,孰病? 是故甚爱必大费。多藏必厚亡。知足不辱。知止不殆。可以长久。】[vi]

 

我引用陈鼓应的翻译:

 

【声明和生命比起来哪一样亲切? 生命和货利比起来哪一样贵重? 得到名利和丧失生命哪一样为害? 过分的爱名就必定要付出重大的耗费; 过多的藏货就必定会招致惨重的损失。所以知道满足就不会受到屈辱,知道适可而止就不会带来危险,这样可以保持长久。 】[vii]

 

这个真理不但是很实际的,而且还展现于人的整个生命很真实的价值。以名声与生命对比,老子劝诫我们必定要分辨哪一种是最亲密的人生价值。依据这样的思考方式,个人可以知道什么是必须要的,什么是可以省去的,却能常常保护生命,摄生以免过分敛财。借此,什么是比较危害而破坏人生的根本价值? 这是很基本的反思,所以我们需要深深地沉思以其特地了解生命的真实意义,存心地扩充到内在的境界以及把真正的满足展现出来。若我们能体悟内在心思,就能自自然然将会达成深刻的体认,而且能防止某种轻微的贪欲,展现深深体验对其确实与根本的价值。按照这个观念,我们不能否认最宝贵的生命,劳身伤神,也未必耗费我们生命的能量。

换言之,最主要的就是各位能意识到某些的事情不需要去做,因为都是疏远于生命的价值。老子的结论就是希望各位可以活一种淡泊的生命,但是这不是消极,或是悲观的观念,反而是积极地提高生命的价值。这种观念牵涉内在的收敛,意即它能保护活力的能量以及不会耗费我们生命的存在。这也能展现『无』的状态。由于这种超越的能量能保存下来,各位可以体验到无形无名的道,渐渐地了解它是万物的能源。所以,老子所说的『谷神不死』(第六章)就是提示『道』的超越性,不生不灭,不会被任何变迁受影响。很著名的王弼评论家说『谷神』就是『无』,亦即『无形无影,无逆无违,处卑不动,守静不衰』。王弼的涵义是提示无的能量,意即它不会被毁灭,永远不劳、不勤、不死,连绵不断地存在。因为它是生养万物的神灵,它的作用就不会穷尽。由于它是宇宙的根源,生命的实体,因而我们就必定符合于它的存在,以『守静不衰』的态势来展现无量的能源。

这就是老子的关键。这种『潜藏力』是不断地创造多种多样的生命: 因为它是最有力的,它才能够变化而牵动任何现象。既然它往往能变化整个大自然,但是它本身不会受毁灭的影响。对这种潜藏、虚空、永恒与无量的能源,尼采也有一种很关联与密切的概念。
在他的思想,各种人生可以塑造其生命,并且还能展现这种能量。由此,老子和尼采都重视生命的能量,他们所著重的就是生命的潜藏力。然而,他们的思想也有不同的特点。老子劝导人们需要避免过分的态势,将某些的傲慢与不平衡的情绪减少,意即人生必须含蓄以其达成很朴素的生活。反之,尼采是全然的不相同。他想突破一切很悲观与消极的观念。也就是说,他注重生命是有超越性,它是『过程』,不是『实体』,因而它不断地展现动力的现象,呈现生命的活力以及显示生命的价值。在这方面,尼采认为个体生命不需要顺从某些的规则,无论是上帝还是人的理性: 最重要的是个体生命能展现到它的最优势的价值,体现『威力意志』的深度。

人生必须用威力意志超越人所造成的观念,尤其是道德观念,因此善与恶是没有差异的。道德观念是造成这种判断与定义于生命的价值。『善』与『恶』的价值标准不是完全『真实』的,『善』不见得真是善,『恶』不见得真是恶。实际上,它们都是属于人类在历史当中所造成的,依照各种各样的文明才能被创立的。因为各种文明会创造不同的信仰,所以对于『善』与『恶』的概念我们能看到不同的思想,但是如果各位彻底地思考为何是有某种判断,于是会了解这些都是属于主观的概念。即使尼采批评这些价值标准,但是这不会导致到『虚无主义』。尼采的哲学并不是完全欠缺于价值标准。实际上,如果每种价值有它的来源与原因,基本问题就是我们了解谁在判定与分辨好坏、美丑、真假的现象? 根据尼采所说的,这些对立矛盾的价值是完全透过『主观』的判定,意味着我们无法设定很严格的标准。在尼采哲学的角度来思索,『标准』只是一种主观所造成的,没有确实性而不是绝对地可以被判定。如果我们仔细地分析价值系统对善恶的标准,我们会实实在在地发现到有一种『主体』,为其偏爱的观念正好预设、创立以及构成其价值的架构。尼采本人不设定绝对的标准,反而他追问如何我们必须设定一种价值系统。不过,他更奋力地意识到个体生命有它的『潜藏力』,所以能够超越任何的限制,把一切悲观与虚弱的态势毁灭掉。借此,在尼采的思想,我们能渐渐地展现这种优势的威力意志,原因就在于他把人看作是有统摄力。对尼采,人有潜藏力能创造自己的生命,尤其是从一种审美的态度进入到最丰富与强势的世界。诚然,人生正是不断地超越任何的挑战,所以它是一种『过程』而永远不会停滞。它不是真确的『实体』,亦即人们所能获取人生的理性。

在这方面,唯一我们能体验到个体生命的冲劲,那我们就能深入到威力意志的领域,​​展现活力与充实的能量。也就是说,我们生命过程有时会确实地在展现它的『悲剧性』。无论是悲哀的痛苦,还是快乐的情绪,尼采认为我们都需要透过正常的感情,接纳世间的挑战与繁复的激情,而且还能积极地觉醒来面对某种消极、颓废与悲观的价值观。与此同时,我们还能破除所信奉的信仰,包括上帝的概念,或是任何形而上的概念。无可否认,这种态度就是在生活过程当中能突破某些永恒神圣本体的观念,并且还能毁灭任何『虚无主义』的观念以及破除一切理性的理念。随顺人生的节奏,个体生命能深深地了解自己只是一种流动的过程,因而能塑造其性质而超越任何的困扰。因此,在《查拉图斯特如是说》尼采阐明: 『人是一根系在兽与超人间的软索一根悬在深谷上的软索。往彼端去是危险的,停在半途是危险的,向后瞧望也是危险的,战栗或不前进,都是危险的。 人类之伟大大处,正在它是一座桥而不是一个目的。人类之可爱处,正在它是一个过程与一个没落』。

这就是我们人生是不断地超越任何的限制。因为它只是一个变动的过程,活力地在变化。所以,人们不必追求一种绝对的真理。设定一种僵硬的标准就会意指人生是一个固定的『实体』。毕竟,人是不是有实体? 依据尼采的思想,人没有一种根本的实体。由于其多种的变化,它没有『性质』。在这方面,我们无法判定一种人的性质。由此可见,这种变化的过程就显示一种『超越性』,但是这种超越性不是似乎抽象与神学的现象,暴露宗教所教导的,亦即灵魂的概念。根据我的想法,尼采注重我们需要将我们的人生当作一种很具体与强势的过程。如果你可以承担你所选择的,你所重视的,当然你就能彰显其『威力意志』,使得人生的价值达成高尚的层次。所以,尼采说: 『我爱那些只知道为没落而生活的人。因为他们跨过桥者。我爱那些大轻蔑者。因为他们是大崇拜者,射向彼岸的渴望之箭。我爱那些人,他们不先向星外在找寻某种理由去没落去作牺牲,却为大地牺牲,使大地有一日能属于超人。』

诚然,这『超人』的观念就显示人生的价值。正是你有没有价值,是凭借自己的超越性。假如你没办法依靠自己的能量,那你就不能面对以及忍受某些的困难。威力意志固然地不是为了谋生,或是为了保持生命的安全。它是能提升生命的价值,深化生命的强力以及创造人生的顶峰。换句话说,人能体验其超越性正是展现其最丰富多彩的能量。尼采说: “真的,我告诉你们: 不灭的长存的善与恶,那是不存在的!依着它们的本性,善与恶必得常常超越自己。你们这些评价者,用价值与善恶之程式施行你们的权力:那里面有你们的秘密的爱与你们的灵魂之光明,战栗与泛溢。但是从你们的估价里,长出一个较强的权力,一个新的自我超越:它啄破蛋与蛋壳。真的,谁不得不创造善恶,便不得不先破坏,先打碎价值。所以,最大的恶也是最大的善的一部份:但是这是创造性的善”。涵义就在于我们能不能发挥与承担其潜藏力以便创造生命的价值。什么是『善』? 依照尼采,善的价值并不是你能行善,做一些对社会和国家有利益的。善的价值在于你能不能展现自己的威力意志,尤其是你能不能超越自己,把悲观的态度转变成乐观的心态,把消极的情绪转变成积极的热情。你能体验这种境界之后,你就能作为『超人』。否则,你就会被某些的控制与限制,甚至无法主宰自己的生命。

因此,我想老子和尼采的观念都在揭开我们生命的潜藏力使得生命能体现最丰富的价值。关于『潜藏力』的表示,一方面,我认为他们有相关的特征,另外方面,有不同样的观念。基本上,他们都在揭露人们有超越性,意即我们生命可以展现权力。两个哲学家都强调人们可以破除某些的困难,体验人生的价值。换言之,生命就是表达内在的能量,所以我们不能蔑视这个重要性。对老子来讲,如果你能随顺自然,符合『道』的整体观,你就能深入到浩瀚的世界,而你的生命价值也能够往往达成。因为你能保持平衡心,你就能消除多种的困难与痛苦。但是这不是被动的态度,反而是很主动的态度似乎『道』的能量落实到生命的范围。所以,你能够收敛一点,不贪欲,不执着,你就会渐渐地进入到平静的心态,修养长寿,保持平安。在另一方面,纵然尼采不重视任何规则,但是他承认个体生命能体验最顶峰的价值,意即它能展现无限量的权力。从一种赵越自己的过程,依仗其『威力意志』,人们可以逐渐地达成顶峰与高尚的生命。假设你能展现你的『潜藏力』,你会取得抗拒力,使你能突破虚伪的态势及超越某些困难。由此,这绝对不是傲慢的表现,反而是生命过程的展现。借此,透过尼采和老子的反思,我们需要宽广地观察自己的生命,觉醒自己,渐渐地认识我们的内在能量。我想这个问题不是很容易,可是各位还需要沉思如何能创造自己的生命,变成主宰与丰富的人生。

 

 


[i]赵萍、《老子》,页47

[ii]王邦雄、《老子道德经的现代解读》、页85

[iii]陈鼓应、《老子注释及评介》、页165

[iv]陈鼓应、《老子注释及评介》、页8-9

[v]陈鼓应、《老子注释及评介》、页9

[vi]陈鼓应、《老子注释及评介》、页234

[vii]陈鼓应、《老子注释及评介》、页235

 

 

Dào Dè Jīng (道德经)

2
.

天下皆知美之为美, 斯恶已。

tiān xià jiē zhī měi zhī wéi měi, sī è yǐ.

皆知善之为善, 斯不善已。

jiē zhī shàn zhī wéi shàn, sī bù shàn yǐ.

有无相生;

yǒu wú xiāng shēng;

难易相成;

nán yì xiāng chéng;

长短相形;

cháng duǎn xiāng xíng;

高下相倾;

gāo xià xiāng qīng;

音声相和;

yīn shēng xiāng hé;

前后相随。

qián hòu xiāng suí.

是以圣人处无为之事,

shì yǐ shèng rén chǔ wú wéi zhī shì,

行不言之教。
xíng bù yán zhī jiào.

万物作而不辞,

wàn wù zuò ér bù cí,

生而不有, 为而不恃,

shēng ér bù yǒu, wéi ér bù shì,

功成而弗居。

gōng chéng ér fú jū.

夫唯弗居, 是以不去。
fū wéi fú jū, shì yǐ bù qù.

 

 

2

 

Quando se reconhece o belo como belo, nasce o feio.

Quando se reconhece o bem como bem, este deixa de sê-lo.

 

A Existência e o Vazio se geram um pelo outro;

O difícil e o fácil se completam;

O longo e o curto se comparam;

O alto e o baixo se dependem;

O som e a voz se harmonizam;

O antes e o depois se seguem um ao outro.

 

Por isso, o Sábio age através da Não-Ação

e pratica o ensinamento sem falar.

 

Assim, todos os seres atuam sem nenhuma intervenção,

geram sem se apoderar e realizam sem depender.

 

Cumprida a obra, o Sábio não se apega.

Não havendo apego, nada se perde.

 

 

6

 

谷神不死。

gǔ shén bù sǐ.

是谓玄牝。

shì wèi xuán pìn.

玄牝之门,

xuán pìn zhī mén

是谓天地根。

shì wèi tiān dì gēn.

绵绵若存,

mián mián ruò cún,

用之不勤。
yòng zhī bù qín.

 

 

6

 

O Espírito do Vale nunca morre.

Chama-se Fêmea Misteriosa.

 

A porta da Fêmea Misteriosa

é a raiz do Céu e da Terra.

 

Incessante existência.

Inesgotável eficácia.

 

 

16

 

致虚极,

zhì xū jí,

守静笃。

shǒu jìng dǔ.

万物并作,

wàn wù bìng zuò,

吾以观复。

wú yǐ guān fù.

夫物芸芸,

fú wù yún yún,

各复归其根。

gè fù guī qí gēn.

归根曰静,

guī gēn yuē jìng,

是谓复命。

shì wèi fù mìng.

复命曰常。

fù mìng yuē cháng.

知常曰明。

zhī cháng yuē míng.

不知常, 妄作凶。

bù zhī cháng, wàng zuò xiōng.

知常容。

zhī cháng róng.

容乃公。

róng nǎi gōng.

公乃全。

gōng nǎi quán.

全乃天。

quán nǎi tiān.

天乃道。

tiān nǎi dào.

道乃久,

dào nǎi jiǔ,

没身不殆。

mò shēn bù dài.

 

 

16

 

Alcançando o Supremo Vazio,

resguardo-me em vigoroso silêncio.

 

Contemplo a manifestação

e o retorno de todos os seres.

 

No florescer em profusão,

cada ser retorna à sua raiz.

 

Retornar à raiz é o silêncio.

Diz-se que é o Retorno ao Destino.

 

Retorno ao Destino é Constância.

Conhecer a Constância é Iluminação.

 

Não conhecer a Constância é agir mal.

Conhecer a Constância é Amplitude.

 

Amplitude é Justiça.

Justiça é Totalidade.

Totalidade é Céu.

Céu é Dao.

 

O Dao é a Perenidade.

Ao se desvanecer o corpo,

nada estará em risco.

 

 

25

 

有物混成,

yǒu wù hùn chéng,

先天地生。

xiān tiān dì shēng.

寂兮寥兮,

jì xī liáo xī,

独立不改,

dú lì ér bù gǎi,

周行而不殆,

zhōu xíng ér bù dài,

可以为天下母。

kě yǐ wéi tiān xià mǔ.

吾不知其名,

wú bù zhī qí míng,

强字之曰道。

qiáng zì zhī yuē dào.

强为之名曰大。

qiáng wéi zhī míng yuē dà.

大曰逝,

dà yuē shì,

逝曰远,

shì yuē yuǎn,

远曰反。

yuǎn yuē fǎn.

故道大,

gù dào dà,

天大,

tiān dà,

地大,

dì dà,

人亦大。

rén yì dà.

域中有四大,

yù zhōng yǒu sì dà,

而人居其一焉。

ér rén jū qí yī yān.

人法地,

rén fǎ dì,

地法天,

dì fǎ tiān,

天法道,

tiān fǎ dào,

道法自然。

dào fǎ zì rán.

 

 

 

25

 

Antes de nascerem o Céu e a Terra,

há algo indefinível, completo,

silencioso, vazio,

solitário, permanente,

onipresente e indestrutível!

 

É como a mãe do mundo.

Como não sei seu nome,

invoco-o pela palavra “Dao”.

Impelido a dar-lhe um nome,

invoco-o: grandioso!

 

Grandioso é transpassar.

Transpassar é ir ao longínquo.
Ir ao longínquo é retornar.

 

Portanto, o Dao é grandioso,

o Céu é grandioso,

a Terra é grandiosa

e o homem também é grandioso.

 

Há quatro grandezas no universo

e o homem é uma delas.

 

O homem segue a Terra.

A Terra segue o Céu.

O Céu segue o Dao.

O Dao segue a sua própria natureza.

 

 

44

 

名与身孰亲?

míng yǔ shēn shú qīn?

身与货孰多?

shēn yǔ huò shú duō?

得与亡孰病?

dé yǔ wáng shú bìng?

是故甚爱必大费。

shì gù shèn ài bì dà fèi.

多藏必厚亡。

duō cáng bì hòu wáng。

知足不辱。

zhī zú bù rǔ.

知止不殆。

zhī zhǐ bù dài.

可以长久。

kě yǐ cháng jiǔ.

 

 

 

44

 

A fama ou a vida: o que é mais íntimo?

A vida ou as posses: o que é mais valioso?

O ganho ou a perda: o que é mais doloroso?

 

O apego excessivo conduz ao grande desperdício.

O acúmulo descomedido conduz à grave perda.

 

Quem sabe ser autossuficiente não se humilha.

Quem sabe ser comedido não corre o risco.

 

Eis por que se pode viver com perenidade.

 

 

 

 

 

O livro Dao De Jing pode ser encontrado na Livraria Cultura e Martins Fontes.

O livro Metacorporeidade pode ser encomendado na Editora Córrego.

 

 

 

 

 

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Chiu Yi Chih (邱奕智) é professor de filosofia taoísta no Centro Cultural de Taipei (sede do governo de Taiwan no Brasil) onde ensina as obras clássicas chinesas de Laozi, Chuangzi, Liezi, Huainanzi e I Ching. É professor de mandarim, tradutor, poeta e filósofo criador da Metacorporeidade (气质变化 – qizhibianhua). Ele nasceu em Taiwan, fez mestrado em Filosofia Antiga (USP) e graduou-se em Língua e Literatura Grega Clássica (USP). A Editora Mantra publicou sua tradução do Dao De Jing de Laozi em versão bilíngue. Ministra cursos de taoísmo com ênfase nos três principais pensadores: Laozi, Chuangzi e Liezi. Publicou um livro de poesias “Naufrágios” (Multifoco-2011), e outro livro de ensaios filosóficos e poemas “Metacorporeidade” (Córrego-2016). Atualmente traduz o livro “Vazio Perfeito” do pensador taoísta Liezi, escreve seu terceiro livro de poemas chineses em versão bilíngue e outro de filosofia em versão bilíngue. Visite no www.filosofiataoista.blogspot.com.br

 

 

 




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