Brinquedos quebrados
Em Brinquedos quebrados, coletânea de poemas, Elson Fróes apresenta um caleidoscópio de tudo que se passou em décadas, dispersamente publicados ou inéditos, desde sua juventude avançando na idade adulta. Soma de todas as influências e referências de seu aprendizado e repertório, registro de descobertas e experimentações, nota-se que o tempo deu-lhes o tempero e o sabor que a sensibilidade atual ora renega ou surpreende, ora revela-se avessa ou imersível. Entre o que se diz e o que seduz, o tempo dirá o que fica e o que passará volátil ou epifânico.
O lançamento será realizado no dia 28 de setembro (sábado) a partir das 19h00 no Patuscada – Livraria, Bar e Café – Rua Luís Murat, 40 – Vila Madalena – São Paulo – SP
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Alguns poemas do livro:
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é você quem está
na vitrine do mundo
teus olhos te compram
teu coração te vende
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AA (A. ÁVILLA)
Das trincas do palácio das
dores de cabeça dos
furos no teto das
fermentosas ceias das
vidraças quebradas das
rachas das tintas dos
rancores encobertos das
rangentes dobradiças dos
apetites carnívoros dos
assoalhos carcomidos dos
cupins o reino dos
príncipes do pau oco
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ROSA, AE, II
nenhum sol doura
& adorna o olhar
mais que ela, rosa
amarela
nem o cristal mais
puro sabe a luz
como esta rosa
vermelha
nenhuma luz que
ilumine esplêndida
irradia tão pura e
branca rosa
nem um dia de
sol a pino mais
lume se esta
rosa rosa
.
***
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Poemas? ora uma flora de.
oferto, fora o fértil,
além do estéril,
o mais incerto: fora de
moda & flor de amor,
se afloram ao olhar
defloram o leitor!
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parte disto em nada
disto
o espaço do dizer
que digo e nada
diz
repartir espaços
para estar em toda
parte
como estou em ti
e neste dizer estás
em mim
este agora que
demarca o território
livre
do sentir ao pensar
e se demora aqui
na brevidade
das linhas
onde parte de
mim cessou
para me repatriar
além
com você e de
novos começos
toda vez aquela
primeira
como se
em tudo isso se
repartisse
o que deus
disse
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NOTURNO
Não há cansaço esta noite
anoitece como se
nada hovesse além deste ar
quase um subterrâneo se
não aflorassem brisas queimando
na face ou esta tentativa
aqui desato nós
qual saber o exato
caminho dos que se bifurcam
não há esta noite o cansaço
esta noite acontece
como se cada cigarra
além destilasse um quase
céu de si cantando
– na face a flor desta brisa –
sonhando-nos aqui sem
sequer querer insones
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Elson Fróes, paulistano, graduado em Letras pela PUC-SP, é poeta, tradutor e webmaster do portal “Pop Box” [http://www.elsonfroes.com.br/], autor de Poemas Diversos (Ed. Lumme 2008), Viajo com os olhos poemas visuais (Ed. Urutau 2018) e Brinquedos Quebrados (Ed. Patuá 2019). Participou de exposições de poesia visual no Brasil e no exterior. Curador de três edições da mostra “Videopoéticas” de vídeo poesia no CCSP entre 2011 e 2014. E-mail: elsonfroes@yahoo.com.br
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