Bibliotecas comunitárias – Parte II
……………Bibliotecas comunitárias de Pernambuco – Parte II
Pernambuco está localizado na região nordestina, ocupando uma área territorial de aproximadamente 98.148,323 km², o que significa em termos de porcentagem a 6.3% da área territorial do Nordeste, localizado a leste dessa região. O total da população do Estado está estimado em 9.208,550, segundo o IBGE (2014), tendo uma densidade demográfica de 89,62 hab/km², distribuída em seus 185 municípios. Segundo pesquisas realizadas pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, sobre o IDH, Pernambuco figura em 19.º lugar no ranking dos Estados brasileiros. Mostra que houve uma melhora significativa em termos de longevidade da população, renda e educação, indicadores que formam o IDH – Índice de Desenvolvimento Humano. O Estado passou, segundo o PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento -, de 0,440 em 1991, para 0,673 em 2010, saindo da faixa considerada muito baixa (0,000 a 0,499) para a considerada média (0,600 a 0,699).
Percebemos que o aumento do IDH de Pernambuco, em 2010, também acompanhou o aumento no número de bibliotecas públicas municipais. Entretanto, isso não significa que o Estado de Pernambuco ampliou investimentos em bibliotecas. Em 2009, 85% dos municípios tinham bibliotecas públicas (BRASIL, 2010). Essa porcentagem, se traduzida em números, representa 164 municípios com bibliotecas. Não podemos afirmar que o crescimento no IDH se deve necessariamente ao aumento do número de bibliotecas públicas municipais, pois, como afirmamos, no período, não houve investimentos significativos em bibliotecas. Portanto, o aumento no número de bibliotecas não está diretamente relacionado à qualidade e ainda é preciso aprofundar a reflexão acerca das condições dos equipamentos públicos como escolas e bibliotecas, espaços fundamentais de acesso ao livro e à leitura.
Com relação ao livro e à leitura, Pernambuco tem, desde 2005, uma Política Estadual do Livro, conhecida como a Lei Coutinho (Lei 12.829/2005), que pode ser ainda uma referência para pensar e repensar as demandas e realidades para o setor. Entretanto, essa lei não menciona a existência de bibliotecas comunitárias, uma realidade existente no Estado, antes de 2005. Interpretamos que a falta de referência está ligada à dificuldade de identificar experiências fora do âmbito governamental, principalmente iniciativas de acesso ao livro e à leitura criadas, por moradores de comunidades populares.
Com relação à existência de bibliotecas comunitárias, não podemos afirmar com precisão a quantidade delas, nem a qualidade, mas, em nossas pesquisas, consultando mapeamento de bibliotecas feito pelo Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP), em 2011, identificamos 23 bibliotecas comunitárias, ou seja, experiências que se autodenominam enquanto tal. Entretanto, temos que considerar a compreensão difusa do conceito de biblioteca comunitária, a dificuldade de identificar experiências de natureza comunitária, que estão no seio de comunidades periféricas, seja qual for a região de Pernambuco (Região da Mata Norte, Mata Sul, Metropolitana, Agreste e Sertão), por exigir maior tempo, aprofundamento e desenvolvimento de abordagens e mecanismos compatíveis à realidade, o que muitas vezes não se torna viável por questões de diversas naturezas (política, econômica, social, pessoal etc.).
A realidade que podemos identificar em Caruaru e São José do Egito, os dois primeiros municípios em que realizamos o mapeamento, é uma amostra do universo das bibliotecas comunitárias em Pernambuco. A pesquisa de campo durou cinco meses, aproximadamente. Nessa etapa, contamos com dois pesquisadores. Foram realizadas visitas às Secretarias de Educação e Cultura, Secretaria de Assistência Social, Associação de Moradores, Conselho Tutelar, poetas, cordelistas de ambas as cidades em que a pesquisa foi realizada, para identificação e coleta de informações referentes às iniciativas para implementar espaços de acesso ao livro e ao exercício da leitura, podendo ser bibliotecas comunitárias ou “cantinhos de leitura”, desde que fossem de origem comunitária ou popular; ou melhor, espaços de leitura criados e gerenciados por moradores que não estivessem ligados à gestão municipal. Além disso, registramos opiniões dos cidadãos entrevistados sobre a importância de bibliotecas para sua cidade.
Importante destacar que mesmo não encontrando espaços de leitura ou bibliotecas comunitárias nas cidades, podemos ressignificar a história de espaços que atualmente não existem mais, investigando os principais motivos de seu fechamento.
Na pesquisa de campo, os pesquisadores puderam registrar suas experiências de pesquisa em diários etnográficos, em que puderam fazer registros de suas passagens pelas cidades, mantendo contato com pessoas, comunidades quilombolas, distritos rurais etc.
Diário de campo é um instrumento utilizado pelo pesquisador para registrar as observações pertinentes à pesquisa em que está envolvido, utilizado com frequência na etnografia. Podem ser anotações em um caderno ou computador, sendo utilizado em diversas áreas do conhecimento, especialmente, Ciências Humanas. Esse instrumento de registro foi fundamental para termos uma maior proximidade da realidade vivenciada pelos pesquisadores. Sobre a importância e o caráter desse instrumento de pesquisa, SILVA (2013, p.78), nos esclarece que:
O caráter descritivo/interpretativo da etnografia coloca o pesquisador diante da responsabilidade de estabelecer um diálogo intenso com o seu objeto de investigação, tanto no processo de coleta, quanto na apresentação desses dados. O diário de campo é um instrumento importante no desempenho dessa tarefa, tendo em vista que, através dele, podemos conservar a vitalidade, ao analisarmos o cotidiano de uma cultura.
Nesse sentido, outros estudos no campo da etnografia, como de Geertz (2008), são importantes para tornar nosso olhar e nossa abordagem mais crítica, pois a etnografia não se torna para nós uma questão de método, mas um tipo de esforço intelectual, de descrição e interpretação, que está para além dos instrumentos e procedimentos metodológicos que definimos.
A carência de mapeamento e a identificação de iniciativas não governamentais, de experiências que estão à margem das políticas governamentais, dão-se, sobretudo, por conta da falta de informação e conhecimento. Compartilhar os resultados é uma forma de mobilizar as experiências e aproximá-las da gestão pública, ressaltando a importância de pensar uma política pública articulada, em especial uma política de leitura, criada a partir de uma interseção entre os anseios e experiências institucionais, governamentais, populares e comunitárias.
São José do Egito localiza-se na latitude 07º28’44” sul e na longitude 37º16’28″ oeste, estando a uma altitude de 585 metros, situando-se na região do Alto Sertão do Pajeú, em Pernambuco. Sua população estimada, em 2007, era de 39.500 habitantes. Possui uma área de 792,00 km². Distante da capital pernambucana 404 quilômetros, é servida pelas rodovias PE-275, PE-280 e BR-232. Dados educacionais e culturais do município revelam quantidades de escolas, mas não evidenciam a de bibliotecas públicas na cidade. Apesar de conhecida como “Berço da Poesia”, apresenta um discurso literário bastante forte. Como afirma um dos poetas, há um ditado popular que diz assim: “Quem não é poeta é doido e os doidos que tem escrevem poesia”.
Em São José do Egito, nasceram os poetas repentistas e cantadores como Lourival Batista, Rogaciano Leite, Antônio Marinho, João Batista de Siqueira (conhecido por Cancão), Jó Patriota e muitos outros vates importantes que ainda influenciam o cenário literário de Pernambuco, do Brasil e alguns países da Europa e Ásia.
Com relação às bibliotecas, há na cidade, segundo dados da Secretaria de Educação (2014), duas bibliotecas públicas, sendo uma localizada dentro do Centro de inclusão Digital, sob a gestão da Secretaria de Cultura, e a Biblioteca Municipal “Crisanto”, o Centro de Cultura Bernardo Jucá, sob a gestão da Secretaria de Educação. Além dessas duas bibliotecas, há, também, três bibliotecas escolares estaduais e quatro bibliotecas escolares municipais, além de duas bibliotecas escolares na zona rural.
Realizamos pesquisa, em São José do Egito, a partir da identificação dos sujeitos envolvidos com a literatura (escritores e livreiros), antes de darmos início à coleta de dados. A partir deles, fizemos um levantamento com 23 contatos/sujeitos, entre lideranças comunitárias, gestores de escolas, conselheiros tutelares, professores, coordenadores de programas educacionais, escritores (poetas e cordelistas) e moradores. Identificamos também 14 localidades, entre bairros, distritos rurais e comunidades quilombolas, onde esperávamos encontrar experiências sobre bibliotecas comunitárias, espaços de leitura.
As visitas foram realizadas de 23 a 28 de março de 2013. Nesse período, não identificamos quantidades expressivas de experiências de criação, renovação de bibliotecas comunitárias ou espaços de leitura, criados por moradores. Na cidade, identificamos sim um espaço que nos pareceu se aproximar do que definimos sobre biblioteca comunitária. Na Associação de Moradores do bairro do Planalto, há um espaço de leitura em que os representantes da entidade denominam de biblioteca: a Biblioteca Cícera Tereza, localizada dentro da associação e que consiste em 4 estantes, das quais duas não têm livros. Os livros são quase todos didáticos (curiosamente, a responsável não faz contagem dos livros) e nem todos estão em bom estado de conservação. A biblioteca dispõe, também, de uma sala, que serve tanto para realização de pesquisas quanto para leitura. A utilização do seu acervo é para elaboração de trabalhos e pesquisas escolares. A relação que ela estabelece com a comunidade é bastante passiva, pois não realiza atividades de incentivo à leitura literária; não há tombamento; classificação e catalogação do acervo e, muito menos que isso, controle no empréstimo de livros. A ideia que atribuem à biblioteca comunitária é a de “um espaço de acesso a livros, para auxílio à população, principalmente trabalho escolar”. Essa ideia converge para um sentido tradicional de biblioteca e se aproxima daquela mesma que encontramos no SNBP, que considera a biblioteca como “espaço difusor de informação e cultura”.
Como fica patente, esse é também um conceito que não expressa uma dimensão mais ativa das bibliotecas, atualmente, como espaço de criação de informação e conhecimento. Não apenas como espaços difusores, mas produtores de informação. A gestão da biblioteca é feita pelos próprios representantes da associação, pois não há recursos financeiros para contratar profissionais da área. Há poucos meios materiais e carência de pessoas para manutenção da biblioteca e de seus equipamentos. E, apesar de considerar a biblioteca como um espaço importante, no acesso à informação e ao conhecimento, a associação pouco se mobilizou para a aquisição de recursos, com vista à qualificação da biblioteca. Tal dificuldade contribuiu para imprimir uma forma conversadora de gestão da coleção de livros, concentrando-se em apenas uma pessoa a responsabilidade de organização e funcionamento da modesta, mas útil biblioteca.
Compreendemos que tão patente deficiência é consequência da falta de acesso à informação nos meios que viabilizem investimentos para qualificação de bibliotecas, bem como desconhecimento da política pública de leitura. Uma vez questionados, não sabiam da existência de políticas específicas para o setor. Uma outra questão que reforça essa carência no Município de São José do Egito é o pouco conhecimento de investimentos em iniciativas populares, oriundas das próprias comunidades, por parte do próprio poder público. Outra informação relevante na história desse levantamento sobre a presença de biblioteca na cidade foi relatada por moradores, que afirmam haver existido um poeta que queria construir uma, mas não obteve sucesso. Moradores asseveram que “por pensar simplesmente na política partidária”, o projeto de uma biblioteca comunitária não obteve a adesão do povo e assim não foi para a frente.
Além da zona urbana, também realizamos contatos e visitas à zona rural, precisamente na comunidade quilombola Queimadas de Zé Vicente. A zona rural de São José do Egito é formada por seis comunidades: Queimadas de Zé Vicente, Serra do Machado, Passagem da Cobra, Curralinho, Retiro, Fazenda Nova e Lagoa de Outra Banda. Dessas, com relação a acesso aos livros e criação de um ambiente para leitura, apenas existe o programa Arca das Letras, nas comunidades de Queimadas de Zé Vicente e Retiro, segundo informações de representantes da Associação de Moradores e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais. O Arca das Letras é um programa criado em 2003 pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, como uma estratégia para ampliar o acesso da população do meio rural aos livros e incentivar a leitura (BRASIL, 2014). O programa consiste em visita de mediadores de leitura, juntamente com um baú contendo livros diversos. O mediador, geralmente algum morador da comunidade, é responsável pela guarda dos livros e a difusão da leitura na comunidade. Nas comunidades de Queimadas de Zé Vicente e Retiro, os livros ficam na casa de uma moradora, mas esta, apesar de ser a mediadora de leitura, não desenvolve ações de mediação de leitura junto aos moradores. O que normalmente acontece são empréstimos ocasionais dos livros. Na zona rural, quando de nossa visita, não encontramos iniciativas, no período, quer de construção de espaços de leitura ou mesmo de bibliotecas comunitárias.
A respeito de bibliotecas comunitárias, identificamos em São José do Egito, apenas uma iniciativa de origem comunitária, na Associação de Moradores do Planalto: o de acesso a livros. Todavia, essa entidade necessita, ainda, de diversos e muitos investimentos: acervo, materiais e, principalmente, infraestrutura. Portanto, além da falta de informação, contribuem, essencialmente, a baixa escolarização e o conhecimento sobre a política de leitura, como causas de desmobilização para criar novas bibliotecas e para reivindicar políticas relacionadas a elas. Como bem relatou uma professora entrevistada, no município: “a criação desses espaços somente surge dentro de uma comunidade se ela tiver o mínimo de leitura ou escolaridade para reconhecer a importância da leitura em suas vidas”. Nesse sentido, percebe-se a necessidade da educação de estar atrelada à cultura, ressaltando a construção de uma política integrada e articulada em rede.
Por outro lado, as bibliotecas escolares desempenham um papel fundamental de incentivo à leitura na cidade e na manutenção de profissionais engajados na formação de novos leitores, como é o caso do Colégio Estadual Sebastião Rabelo, com a Biblioteca Escolar Mário Gomes. Em sua biblioteca, com relação ao acervo, há uma diversidade de gêneros literários, dando um destaque especial ao acervo infantil, que é igualmente inserido no meio da biblioteca. Além da diversidade de títulos, os livros e a biblioteca apresentam bom estado de conservação. Outro fator positivo, sem dúvida, é a biblioteca dispor de acesso à internet. Conta com uma série de atividades, tais como contação de estórias, hora do conto, momentos de leitura compartilhada, roda de conversa sobre provas e livros utilizados nos vestibulares. Outra ação de mediação de leitura importante para a biblioteca é a utilização de cordéis, para incitar a população à produção de poesias.
A responsável pela manutenção do espaço se autodenomina ser uma “apaixonada pela literatura”, principalmente pela poesia popular. Sobre esse aspecto, o Município de São José do Egito instituiu, como componente de sua grade curricular, o conteúdo Poesia Popular. A entrevistada é formada em Letras, com Especialização em Língua Portuguesa, e defende a biblioteca como “um espaço vivo, onde as ideias circulam” e rejeita a ideia da biblioteca como um depósito de livros. É ela quem realiza as atividades de mediação da leitura. A biblioteca é aberta ao público, geralmente, somente nos finais de semana. O empréstimo de livros, porém, lamentavelmente, é feito apenas para os estudantes e funcionários do colégio.
Percebemos que a formação profissional e, sobretudo, o gosto pela leitura são princípios fundamentais para garantirem que experiências bem sucedidas de incentivo à leitura literária se perpetuem nas escolas e fora dela. Apesar de um cenário carente de iniciativas em incentivo à leitura literária, na cidade; de atividades de mediação de leitura e de bibliotecas públicas municipais, algumas experiências, como a citada anteriormente, são importantes para manutenção do imaginário da população local e para a valorização da literatura, principalmente da poesia.
Percebemos, através dos entrevistados, que estes associavam a produção de livros à formação de leitores, transmitindo, dessa forma, a ideia de que um mercado editorial, fortalecido proporcionalmente, atrairia mais leitores. É importante problematizar dita relação, pois a produção de livros deveria caminhar juntamente com a valorização de ações e, também, bibliotecas que ampliassem o gosto da população pela leitura. Para isso, coletamos in loco o discurso dos Secretários de Educação e Cultura, pois compreendemos que educação e cultura são pastas fundamentais para se conceber uma política pública de leitura. A intenção que se tem com isso, em verdade, é de demonstrar o problema existente, expor a relação mercadológica da literatura (a partir de um discurso do setor público), muitas vezes por conta de uma política que ao invés de potencializar o público, alimenta e favorece mais o setor privado.
Em muitos casos, a produção de livros está apenas relacionada a uma relação comercial, sem preocupações na formação de novos leitores. Nesse sentido, essa relação não está em concordância com o que preconiza o Plano Nacional do Livro e Leitura, que valoriza uma articulação, de forma dialética, entre todas as cadeias – a produtiva (editoras, livreiros), a criativa (escritores e ilustradores) e a mediadora (professores, mediadores de leitura, bibliotecários).
Este plano procura contemplar, de forma dialética, um processo de dupla face: tanto aquele moldado pelas questões que envolvem a leitura, quanto que se configura pelos problemas relativos à cadeia produtiva do livro, buscando evitar polarizações que a tradição tem relevado inócuas, no que diz respeito aos papéis a serem cumpridos pelo Estado e à dinâmica específica do mercado. (NETO, 2010 p.48)
Sobre tal relação, consideramos importante destacar a opinião do secretário de Cultura, ao afirmar que o incentivo à leitura deveria partir da editoração do livro, como acontece na Europa.
O incentivo à leitura tem que partir, como está acontecendo na Europa. Por exemplo: a edição de um livro, no Reino Unido, é 60% mais barata do que no Brasil. Hoje para você lançar um livro, praticamente não tem lucro, só se for escritor “de ponta”, reconhecido nacionalmente
Em relação ao que preconiza o Plano Nacional do Livro e Leitura, tem-se como problema essa relação, tendo em vista que há uma valorização em pensar a política pública de leitura, a partir de uma leitura de mercado, o que reforça uma ideia de capitalização da política pública, contrariando a própria construção da política pública de leitura, tendo como ponto de partida a própria população (experiências e demandas da população) não o mercado editorial.
Ambos os secretários, tanto de Cultura como de Educação, afirmam ter pouco conhecimento, da mesma forma professores e lideranças contrárias, como afirmamos anteriormente, sobre a política de leitura, mas que têm muito interesse em conhecer mais e se aprofundar, pois ambos se consideram educadores e valorizam a leitura como exercício para o acesso à informação e ao conhecimento; inclusive o SC realiza empréstimo de livros, como afirma:
Confesso de que de uma forma aprofundada não, mas é de grande interesse de minha parte, porque inclusive como educador, eu crio grupos de estudos e tenho uma coleção de livros considerável na minha residência, eu faço com que meus alunos sejam leitores e eu empresto livros e eles.
A gente tem que ter a leitura em tudo, em todas as ações da escola, não só na literatura e língua portuguesa, mas em todas as disciplinas. (SE).
Pensamos que a carência de informação é uma das principais fragilidades para os gestores públicos e pode ser uma das causas da baixa mobilização em torno da construção de uma política pública que fomente e fortaleça a biblioteca no Município de São José do Egito. Podemos constatar essa realidade quando perguntamos sobre tal questão para a secretária de Educação, em que afirma: “Pode ser uma dificuldade e pode vir para nós através de formação”. Além de constatar a fragilidade, ainda sugere, como estratégia para reduzir o efeito da falta de informação, ampliar o nível de comunicação dos gestores através de mais formação.
Outra questão importante para consciência de investimentos públicos em bibliotecas, além do conhecimento da existência delas, é trazer qual a concepção de biblioteca que os secretários possuem. Esse é um dado relevante, pois consideramos que isso orienta as perspectivas de ações, inclusive futuras, para ampliar o acesso da população à literatura.
Neste sentido, a Secretaria de Educação não deixa claro o conceito de biblioteca comunitária e afirma desconhecer essa realidade no município. Em sua afirmativa, a seguir, podemos interpretar alguns elementos e características de uma biblioteca comunitária, segundo nosso referencial, expresso na introdução. Ela nos diz que: Deixamos o espaço (um espaço em uma das comunidades do entorno do centro da cidade) pronto para ser uma biblioteca comunitária. Essa biblioteca não estaria vinculada à Secretaria de Educação. Seria comunitária, da comunidade.
Na afirmativa supra, percebemos que a ideia de biblioteca comunitária passa por uma apropriação da própria comunidade sobre o espaço. Entretanto, é importante irmos além da perspectiva da presença da comunidade. A biblioteca comunitária passa por um processo de “empoderamento” da comunidade; não apenas na utilização do espaço, mas também nos processos de gestão desse espaço, do acervo, dos materiais e recursos, como afirmamos na nossa introdução. Já o secretário de Cultura atribui a ideia de biblioteca como algo orgânico, que estimule a vida das pessoas, principalmente as novas gerações.
A biblioteca tem que ser algo orgânico, vivo, funcional, e não simplesmente um livro na estante, com todo respeito a um museu, mas tem que ter um atrativo… mas estou vendo mais bibliotecas mais vibrantes, são bibliotecas que parecem uma roda gigante, e com atividades lúdicas que possam chamar as novas gerações.
A ideia de biblioteca aproxima-se de nosso referencial com a imagem de biblioteca prevista no Plano Nacional do Livro e Leitura, vista como um “dínamo cultural” (NETO, 2010, um espaço vivo, em que a literatura dialoga com as diversas linguagens artísticas. Os secretários atribuem uma valorização à leitura; porém, afirmam que muito ainda precisa ser feito, principalmente maiores investimentos públicos para livro, leitura e biblioteca, que, como bem diz o secretário de Cultura: “as bibliotecas não têm condições de fazer uma renovação do acervo”. Portanto, mais uma vez a falta de conhecimento sobre os dispositivos públicos para investimento e articulação com o próprio governo federal, para ampliar recursos para aquisição de livros, equipamentos e mobiliários para bibliotecas, investimentos em infraestrutura, prejudica a população que segue ainda sem uma qualidade no acesso ao livro, à biblioteca.
A cidade de São José do Egito, sem dúvidas, expressa uma grande quantidade de escritores, mas pouca mobilização política em torno da construção de uma política de leitura para o município, a exemplo de um Plano Municipal de Biblioteca, Livro e Leitura. As iniciativas em torno da biblioteca comunitária, a exemplo da Biblioteca Comunitária Cícera Tereza, não têm visibilidade para os gestores públicos (ambos afirmam desconhecer) e seus esforços em manter a biblioteca em funcionamento não têm projeção para além da própria comunidade ou bairro.
Partimos do pressuposto de que a cidade de São José do Egito, pela fama de agregar grande número de escritores, teria também uma mobilização e uma união em torno de ações que garantam o acesso público à literatura. Porém o que presenciamos foram movimentos isolados de escritores ou de coletivos de escritores que estão mais mobilizados em torno da publicação de seus trabalhos, o que para nós, pesquisadores, nos parece legítimo. Entretanto, no atual cenário das políticas públicas, que induz os sujeitos a processos democráticos e à busca de parcerias, poderia ser uma oportunidade de ampliar a participação política e aumentar a incidência de escritores, professores e estudantes, na construção de uma política de leitura que amplie investimentos para o setor das bibliotecas, da leitura e do livro.
Comparada a São José do Egito, com uma população aproximadamente dez vezes maior (314.912 habitantes[1]), fundada em 1848 e elevada à categoria de cidade em 1857, Caruaru destaca-se como o mais importante polo econômico, médico-hospitalar, acadêmico, cultural e turístico do Agreste, sendo também famosa por sua tradicional feira livre, enaltecida nos versos do compositor Onildo Almeida e na voz do eterno Rei do Baião, Luiz Gonzaga. A cidade abriga um dos mais importantes entrepostos comerciais do Nordeste e tem, no distrito do Alto do Moura, o Maior Centro de Artes Figurativas da América Latina, título este concedido pela UNESCO.
Com relação aos dados sobre educação, nada encontramos no “site” oficial da Prefeitura, mas sim em entrevista com a coordenação de bibliotecas da Secretaria de Educação. Assim, pudemos saber que da pré-escola ao ensino médio Caruaru possui mais de 399 espaços educativos formais ligados ao município. A quantidade de bibliotecas chega a 31[2]. São vinte nove bibliotecas escolares funcionando e duas bibliotecas públicas municipais. As bibliotecas se localizam tanto na área urbana quanto na área rural. São 22 bibliotecas na área urbana e 7 na área rural.
Apesar dos dados numéricos maiores do que São José do Egito, o número de bibliotecas em Caruaru ainda é insuficiente para atender aos habitantes; haja vista que, de acesso ao público em geral, há apenas duas bibliotecas municipais na cidade, para uma população de mais de 300 mil habitantes. Seus estados de conservação são bastante questionáveis, segundo os próprios gestores das bibliotecas públicas, pois ainda estão faltando muitos investimentos e “a qualidade aquém do que deveria”.
A cidade de Caruaru reflete, em nível microssocial e econômico, o momento que vive o Estado de Pernambuco. Caruaru, desde 1991, tem crescido significativamente seu índice de desenvolvimento humano, no município (IDHM), indo de 0,481, em 1991, considerado baixo, a 0,667, em 2010, considerado médio. O IDHM é medido a partir de uma composição de três indicadores: vida longa e saudável, acesso ao conhecimento e padrão de vida, sendo um importante indicador para mensurar o nível de desenvolvimento do município. Pernambuco encontra-se com 0,718 (2010) e, também, apresentou crescimento, desde 1991.
Supracitados indicadores são também reflexos de um crescimento econômico e social. Crescimento ainda muito desigual. As condições de acesso e a qualidade das bibliotecas públicas, de políticas de fomento à cultura da leitura ainda estão longe de ser uma prioridade dos investimentos da gestão pública. Vale ressaltar que as bibliotecas são equipamentos fundamentais quando pensamos em acesso ao conhecimento. Portanto ao pensar o indicador de “acesso ao conhecimento”, estamos falando também de acesso às bibliotecas públicas.
Para a realização da pesquisa de campo em Caruaru, inicialmente procuramos uma organização parceira, que nos cedeu contatos da coordenação de biblioteca do município, setor da Secretaria de Educação, responsável pelas bibliotecas da cidade. Inicialmente, a partir da Secretaria de Educação, não identificamos a existência de bibliotecas comunitárias na cidade. Porém, em contato com a Secretaria de Assistência Social e alguns gestores das bibliotecas públicas municipais, identificamos mais de 40 associações de moradores na cidade. Com isso, ampliamos nossa capilaridade de atuação e pudemos identificar experiências que se aproximam da ideia de biblioteca comunitária, que já firmamos.
Foram realizados mais de 30 contatos, do dia 13 de março ao dia 22 de maio de 2013, entre moradores de bairro, lideranças comunitárias (presidentes de associações de bairro), gestores das secretarias de educação e assistência social, coordenadores de bibliotecas públicas, xilogravuristas, escritores cordelistas, artistas, agentes penitenciários e integrantes do Movimento Sem Terra. O mapeamento foi realizado nos 40 bairros e nos 4 distritos rurais.
Com isso, podemos identificar, na cidade de Caruaru, seis espaços de leitura. São eles: Sebo do Agreste, Biblioteca Comunitária de Gonçalves Ferreira, Biblioteca Dr. Galvão Cavalcanti, Biblioteca Mente Livre, Biblioteca Comunitária do bairro de São Francisco e Biblioteca Comunitária do assentamento Normandia. Atualmente, três desses espaços sobrevivem, mesmo com grandes dificuldades de sustentação (Biblioteca Dr. Galvão Cavalcanti, Biblioteca Mente Livre e Biblioteca Comunitária do Assentamento Normandia). Três espaços não existem mais: a Biblioteca Comunitária de Gonçalves Ferreira, o Sebo Agreste e a Biblioteca Comunitária do Bairro de São Francisco.
Das que estão em funcionamento, são localizadas nos bairros: São Francisco (Centro Social São José); Vassoural; e Assentamento Normandia.
Diferente de São José do Egito, em Caruaru foi possível a aplicação de todos os instrumentos de pesquisa por encontrarmos uma realidade mais diversa e complexa. Infelizmente, não tivemos oportunidade de conversar com os gestores da Secretaria de Educação e de Cultura, como realizamos em São José do Egito.
No bairro do São Francisco, pudemos identificar a Biblioteca Dr. Galvão Cavalcanti, localizada na Rua Virgílio de Melo Franco, s/n. A biblioteca compartilha o espaço com o Centro Social São José e está aberta de segunda a sexta, das 8 às 17 horas. A biblioteca foi fundada em 01/05/2008.
Sobre o registro da quantidade de acervo, a biblioteca supra dispõe de aproximadamente 2000 livros, entre literatura infantil e infanto-juvenil. Também, conta com revistas, CD’s e enciclopédias. Apesar de aproximadamente 2000 livros, o responsável pela biblioteca afirma que há a necessidade de ampliação do acervo, em especial no que tange à literatura infantil e nas áreas de saúde, tais como nas especialidades de fisioterapia e psicologia.
A biblioteca realiza a catalogação do acervo, organizando por assunto, utilizando a classificação decimal universal (CDU). O acervo está em parte catalogado, separado por gênero, no caso dos livros literários, e outros por assunto. Para aquisição do acervo, a biblioteca recebe doação e tem uma verba mensal para compra de livros. Além dos livros e CD’s, a biblioteca tem assinatura de periódicos do município (Extra e Vanguarda) e de revistas como Seleções, Veja, Isto é e Exame.
Com relação ao espaço, podemos observar uma dimensão física de aproximadamente 60m². Segundo o responsável, o espaço é bem ambientado, com mesas de 4 cadeiras, bem ventilado, aproveitando a iluminação natural. Há disponibilidade de computadores para uso público e com acesso à “internet”, porém, há dificuldades de fazer sua manutenção. O espaço permite acessibilidade para deficientes físicos, pois existe uma rampa de acesso.
A biblioteca realiza atividades de incentivo à leitura, como oficinas de leitura. Realiza, também, pesquisas e trabalhos escolares e peças teatrais. Identificamos a realização de reforço escolar e uma atividade chamada: hora da tarefa. Sobre essas atividades, é importante destacar a finalidade dessas ações e sua relação com a comunidade. Dessa maneira, biblioteca poderia se enquadrar em uma extensão da escola, o que, para nós, se distancia de nossa referência de biblioteca comunitária como espaço não escolarizado. Além das atividades de incentivo à leitura, a biblioteca realiza empréstimo de livros, utilizando fichas de empréstimos, contendo data de devolução e nome. Por mês, a biblioteca empresta de 15 a 20 livros. Apesar de o número de empréstimos ser muito baixo existe muita consulta local.
Para realização dos empréstimos de livros, a biblioteca faz um cadastro dos usuários, entre os quais nome, endereço, série (no caso de estudantes com a denominação das escolas). Tais cadastros recebem um número e, através deles, os interessados poderão levar livros emprestados. O número de usuários cadastrados até o momento da entrevista girava entre 80 a 90 pessoas cadastradas. O público mensalmente atendido é de cerca de 80 crianças, 50 adolescentes, 30 adultos e 20 idosos, visitantes interessados que frequentam também o Centro Social para outras atividades. Isso gera um atendimento médio de 180 pessoas por mês.
A gestão da biblioteca é feita por um técnico em biblioteconomia, contratado sob o regime da CLT, e um auxiliar. A biblioteca se mantém com recursos do programa “Todos com a nota” e recebe uma verba externa, anual, da Alemanha. A comunidade participa da biblioteca através de consultas, doações e apresentações culturais. Portanto, não percebemos uma participação ativa da comunidade nos processos decisórios. Um dos parceiros citados, quando questionamos se a biblioteca se articula com algum grupo da cidade ou do bairro, lembrou, apenas, a Associação da Caixa Econômica.
Sobre a articulação com a comunidade, a biblioteca não desenvolveu mecanismos de participação comunitária e, apesar de se considerar comunitária, algumas questões precisam ser examinadas. A primeira delas é a própria relação com a comunidade, na gestão dos recursos da biblioteca, pois identificamos que não há um espaço de gestão compartilhada sobre o uso dos recursos da biblioteca. Outro aspecto que consideramos relevante para determinação da biblioteca comunitária é sua origem. Verificamos que, quanto a isso, a biblioteca surge como uma ação do Centro Social em oferecer um espaço de leitura e se tornar um referencial para aumentar o nível de conhecimento da comunidade, como afirma o gestor da biblioteca: “pretendemos ser uma fonte de conhecimento, um referencial no conhecimento”.
Ainda no bairro de São Francisco houve uma iniciativa por parte da população em construir e manter um espaço de leitura. Esse espaço surgiu em 1988, dentro da Associação de Moradores, com cem livros de histórias. Depois, foi crescendo com doações das Faculdades locais e parcerias com shoppings. Havia três voluntários responsáveis pela gestão da biblioteca. Nesta também havia um sistema de empréstimo manual e dispunha de aproximadamente 18 mil exemplares.
Entretanto, houve uma enchente, em 2004, provocando a perda de todo seu acervo. Atualmente, a associação continua com outros projetos, mas não existe mais a biblioteca. O representante da associação (denominamos de RA para manter em anonimato), porém, considera fundamentais os espaços de leitura espalhados pela cidade, que possam resgatar a cultura, contribuir na formação das crianças e do cidadão, como afirmativa. Além de resgatar a cultura, as crianças estavam mais bem encaminhadas. Quem lê mais tem outra formação. (RA)
Outra biblioteca que encontramos na cidade de Caruaru foi a Biblioteca Comunitária do Assentamento Normandia. Está vinculada ao Movimento Sem Terra, localizada no Assentamento Normandia, que compartilha seu espaço com a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Pernambuco (FETAPE), com povos indígenas, quilombolas e as Universidades. A Biblioteca já existe há 20 anos e atende aos moradores do assentamento.
As informações sobre a biblioteca foram coletadas através de visita e, também, a partir de entrevista com uma representante do Coletivo Estadual de Educação do MST (vamos denominar de RMST – Representante do MST). A biblioteca não tem registros da quantidade de livros que possui. O acervo da biblioteca é composto exclusivamente de livros; não há CD’s, DVD’s, fotografias e outros. Os livros não estão catalogados e estão organizados pelo tamanho, pela sua dimensão física; como, por exemplo: livros pequenos com livros pequenos, maiores com maiores. Os principais gêneros encontrados foram: cordéis, romances, contos e enciclopédias. Uma integrante do MST, que foi entrevistada durante a pesquisa, disse-nos que o acervo necessita de uma ampliação e qualificação, principalmente quanto às literaturas infantil e juvenil.
Para aquisição do acervo, integrantes do MST realizam campanhas de doação de livros. É esse empreendimento a forma que prevalece para ampliação e aquisição de livros. A biblioteca possui assinaturas de jornais e revistas, como o jornal Sem Terra, Brasil de fato e Caros Amigos, além de uma outra revista também denominada de Sem Terra.
Sobre o espaço, a biblioteca possui aproximadamente 30 m². Asseverou a integrante entrevistada que considera adequado para a disposição do acervo e circulação do público. Entretanto, a biblioteca não favorece circulação de deficientes físicos. As principais dificuldades da biblioteca com relação ao espaço é de como realizar reformas de manutenção. Afirma, entretanto, que a iluminação, ventilação, acústica e mobiliário são devidamente adequados. A biblioteca não disponibiliza computadores para uso público, em seu espaço, mas, em sala anexa, de Informática, é permitido que os usuários ou frequentadores da biblioteca possam acessar esse serviço, através de 12 computadores ligados à internet..
Outro quesito importante que consideramos na biblioteca é a mediação de leitura. Sobre essa questão, a biblioteca não realiza atividades de mediação de leitura. E os empréstimos de livros são apenas para moradores do assentamento. Também não há cadastro de usuários. Não há um instrumento de controle para empréstimo dos livros, que são emprestados à base da confiança com os usuários.
A biblioteca atende a uma média de 70 pessoas entre crianças, adolescentes, jovens e adultos. Sobre a gestão do espaço, até o momento, não há ninguém para dedicar-se a tal trabalho na biblioteca. Mesmo com a ausência de pessoas permanentes, na biblioteca, o Centro de Formação disponibiliza parte do recurso da locação do seu espaço para terceiros, para ser destinado à biblioteca, objetivando a compra de materiais.
Os gestores da Biblioteca do Assentamento Normandia, apesar de não terem os investimentos necessários para seu pleno funcionamento, consideram-na fundamental como espaço de acesso à informação e ao conhecimento, uma vez que manifestam sua preocupação em tornar uma prioridade a questão da biblioteca, como nos diz a RMST: “Ser uma prioridade para o Centro de Formação, ter uma pessoa responsável, maior divulgação e visibilidade. Mecanismos que tragam as pessoas para a biblioteca”.
Um pouco mais distante da Zona Rural, no bairro do Vassoural, visitamos a Penitenciária Juiz Plácido de Souza, onde está localizada a Biblioteca Mente Livre, local onde entrevistamos, dia 07/05/2013, um de seus responsáveis, do qual denominaremos de RBML (Representante da Biblioteca Mente Livre). A biblioteca surgiu em setembro de 2012, através da vontade dos presidiários em ter livros para ler. A partir desse desejo, tomaram a iniciativa de estimular familiares, amigos e a comunidade em redor do presídio no sentido de que realizassem doações de livros. O horário de funcionamento da biblioteca é de 8 às 11 horas e das 14 às 17 horas, diariamente.
Com relação ao acervo, a biblioteca dispõe de aproximadamente 3000 livros (não possuem periódicos), divididos em diversos gêneros literários (poemas, contos, crônicas, romances), assim como religião, química, física e artes. Segundo o RBML entrevistado, o acervo precisa ser ampliado, principalmente no que se refere aos livros de poesia, de Histórias de Pernambuco, de Caruaru e de toda Região Agreste. O acervo não é catalogado, pois ainda não possuem responsáveis para tal mister. Está organizado por assunto, sem qualquer ordenamento. Existia uma listagem dos livros, no computador. Todavia, por ordem “maior”, foi confiscada. A aquisição para ampliação do acervo ainda é mantida por doações de amigos e familiares.
A biblioteca ocupa um espaço de aproximadamente 20 m², em local que era antes uma das celas do presídio. Quanto às suas dificuldades de funcionamento, vimos que está mais ligada à censura, que o próprio regime penitenciário impõe à biblioteca, do que às condições infraestruturais, apesar de que, ao nosso ver, o espaço não possui ventilação, iluminação, acústica e mobiliário adequados. Pela natureza do presídio, a biblioteca não possui computadores e nem acesso à internet. Na questão sobre acessibilidade, observamos que o espaço não facilita a entrada de deficientes físicos.
Com relação às atividades de mediação de leitura, observamos que, apesar das dificuldades e limites impostos pelo próprio sistema prisional, a biblioteca desenvolve tais atividades em parceria com estudantes do curso de Letras, da FAFICA (Faculdade de Filosofia de Caruaru). Esses estudantes divulgam resumos dos livros na sala onde fica o rádio do presídio. Leem poemas e dizem os livros que estão na biblioteca. Outras atividades realizadas, através da biblioteca, são rodas de leitura, nas quais os presidiários também leem para aqueles que não sabem ler. Ditas atividades são realizadas mensalmente.
Além dessas ações, a biblioteca realiza empréstimos de livros, registrando o nome, o pavilhão, a data de saída e divulgando o período de 10 dias para devolução, prazo esse que ainda pode ser renovado. As informações ficam anotadas em um caderno de empréstimo. São emprestados, no mês, aproximadamente, 200 títulos. Por ocasião da visita não estavam realizando cadastro de usuário, mas já contavam com 167 deles devidamente registrados.
A gestão do espaço é um dos eixos que mais nos interessa observar. Na Biblioteca Mente Livre, identificamos que são os próprios presidiários que organizam o espaço, dividindo as suas responsabilidades de controle em turnos. Um responsável pela manhã e outro à tarde. O espaço mantém-se funcionando através do esforço de familiares, de campanhas de doação de livros e de cadernos, que são igualmente solicitados a fim de serem utilizados para registros dos empréstimos. A comunidade participa, apenas, na doação de livros. Sobre a existência de algum grupo ou organização que se articula com a biblioteca, apenas se sabe da colaboração exclusiva da FAFICA para realização de atividades de mediação de leitura.
Durante a visita, observamos que a biblioteca é bastante usada e frequentada, apesar de seu espaço, que consideramos pequeno, mas que, mesmo assim, é valorizado por um dos presidiários que nos disse, enfaticamente: “aqui não falta nada moça (referindo-se à pesquisadora); o que para a senhora é aperto, para nós é liberdade, viagem, prazer e aventura. Na cela, somos livres através dos livros”.
Pode-se, pois, perceber que a literatura, no caso vertente, é uma possibilidade de manter a relação dos sujeitos com o universo da fantasia, do exercício crítico-reflexivo, para ampliação do conhecimento. Nesse sentido, a literatura ainda exerce uma força fundamental para autoeducação/autocrítica dos sujeitos que estão sob o regime da coerção e da privação, o que pode induzir a uma tomada de consciência para atitudes de valorização da vida.
Dessa forma, ficou patente e, portanto, bastante visível que os afazeres da biblioteca influenciaram um dos presidiários (P), que passou a ter contato pela primeira vez com uma biblioteca, dentro do presídio. Está estudando e ainda ajuda nas pesquisas, orienta e dá indicação de livros para a comunidade prisional. Afirmou ser a biblioteca um espaço de conhecimento e lazer com essas palavras: “A biblioteca é um espaço de conhecimento e lazer, pois, na penitenciária, não tem muito o que fazer”. O que inicialmente era só motivo de redução da pena, passou a ser uma atividade prazerosa, portanto, gostar da biblioteca e se dedicar em sua organização.
Nossa intenção não é a de minimizar os erros cometidos pelos presidiários, mas sim a de identificar os esforços daqueles que possibilitaram a si mesmos e a outros uma relação maior com a literatura e que fizeram enxergar maiores possibilidades de fortalecer seus conhecimentos, bem como manterem-se em constante transformação, ensejando reorientarem sua relação com o mundo.
Outra biblioteca que identificamos, durante as visitas, foi a biblioteca do Ponto de Cultura, considerada pelos gestores da biblioteca como autenticamente comunitária. Entrevistamos, dia 03/05/2013, o Coordenador do Ponto de Cultura. Justificou ele a ideia de “comunitária”, afirmando que a biblioteca atende à comunidade de artesãos e moradores do Alto do Moura quando necessárias pesquisas bibliográficas, estudos e até mesmo entretenimento. A Biblioteca está localizada na Rua Mestre Vitalino, 107, Alto do Moura, Caruaru. A biblioteca está localizada dentro da Associação dos Artesãos em Barro e Moradores do Alto do Moura (AABMAM), que também é Ponto de Cultura. Entretanto, apesar de ter livros de diversos gêneros literários, além de revistas, dicionários, enciclopédias e livros didáticos, a biblioteca, segundo informações obtidas do próprio coordenador, está desativada há, aproximadamente, três anos.
Atualmente, a AABMAM está passando por uma reforma e os serviços da biblioteca ainda estão sendo considerados indisponíveis para a comunidade, principalmente porque se encontra sem condições adequadas de iluminação, mobiliário e acústica. Presume-se que, após a reforma, a biblioteca será aberta aos seus usuários e que haverá, ainda, a ampliação do acervo com quarenta novos títulos, somando-se estes aos atuais duzentos que estão encaixotados. Porém, o que, lamentavelmente, observamos foi que o ambiente não favorece um armazenamento adequado aos livros.
Quando a biblioteca funcionava, havia empréstimo de livros e cadastro de usuário. Há projeção, segundo a equipe de gestão da AABMAM, de convidar pessoas para trabalharem na biblioteca e se tornarem multiplicadores para incentivar a doação de livros e desenvolver ações de estímulo à leitura.
Identificamos também espaços que atualmente não existem mais, porém fazem parte da memória de alguns moradores/as do município. Um desses espaços de leitura foi o Sebo Agreste, que, na década de 1990, serviu como acesso aos livros, realizando empréstimos e sendo um ponto de encontro de escritores da região, divulgação de obras literárias e recitais de poesia. A responsabilidade sobre o espaço estava com um conjunto de escritores e jornalistas, moradores de Caruaru. Para aquisição do acervo, realizavam campanhas de arrecadação de livros. O espaço fechou, nos finais dos anos de 1990, devido, principalmente, às dificuldades em sua manutenção.
Outro espaço que compõe a memória da cidade é a biblioteca comunitária de Gonçalves Ferreira (distrito de Caruaru). Ele foi criado por uma missionária católica, há mais de 20 anos. Ela, quando entrevistada, não soube precisar a data e afirmou que a biblioteca havia sido organizada por um seu ex-companheiro e que funcionava em dois turnos: manhã e tarde. Ainda nos disse que os motivos que a levaram a criar a biblioteca foram o de possibilitar o acesso ao conhecimento e preparar as crianças para os testes de admissão (na época, uma espécie de vestibular objetivando-se passar do primário para o ginasial).
A entrevistada considera que o fim da biblioteca se deu por conta da falta de atenção que se dava, principalmente, ao acervo. Como vivia muito em missões, não prestava atenção aos livros e não indicava outras pessoas para cuidarem do espaço. “Os livros foram sumindo”, nos disse. Isso, segundo ela, foi provocando a diminuição de pessoas para frequentarem o local e para consulta de livros. O espaço também foi mudando de foco. A biblioteca se transformou em um posto de saúde, com maca, remédios caseiros e até uma horta de ervas medicinais, tendo, também, passado a atender à comunidade. Atualmente, a casa está abandonada, sem telhas e, de conformidade com a própria missionária, não houve interesse da comunidade em reabrir a biblioteca.
Percebemos que a ideia de biblioteca comunitária, por parte dos entrevistados, se relaciona a muitos aspectos: iniciativas de moradores da comunidade; espaço de acesso à informação e ao conhecimento; de exercício da liberdade; localização na comunidade. O aspecto comum que encontramos, em ambos os municípios, é que as bibliotecas estão localizadas em regiões de muitas carências, o que reforça, no discurso dos cidadãos, a ideia de que esses espaços são comunitários, apenas, por estarem localizados em bairros ou comunidades pouco ou nada assistidos pelo poder público.
Identificamos, também, que as bibliotecas são idealizadas como espaços vivos, referenciados como “orgânico” e atrativo, em que literatura dialogue com outras linguagens artísticas, mas o que podemos observar é que as bibliotecas comunitárias encontradas estão sob muitos desafios, sendo o principal deles a participação da comunidade. Em relação à conceituação, a biblioteca comunitária apresenta-se sobre os mais diversos conceitos e, também, seu modo de agir se diversifica do mesmo modo que ela é pensada. Talvez essa incerteza e tais pluralidades de concepções e acepções sejam o que a torna tão original.
O importante é resguardar um princípio fundamental, que em nossa discussão inicial apresentamos e que nos orienta: é a participação e o envolvimento da comunidade nos processos decisórios. Vale ressaltar que o nosso referencial de biblioteca comunitária é bastante amplo e passível de ser revisto para envolver os diversos aspectos importantes à composição do espaço, das práticas, dos artefatos e a relação com a comunidade.
A aproximação e interação com a comunidade é fundamental para pensarmos em biblioteca comunitária. Neste sentido, podemos observar, nas bibliotecas encontradas, que não há mecanismos ou atividades que envolvam a comunidade no processo de gestão da biblioteca (espaço consultivo e deliberativo), o que pode fragilizar a ideia de comunitária, enquanto “empoderamento” de moradores/as por algo que é comum a eles, no caso, a biblioteca. Observamos que moradores/as que não compõem a equipe de gestão da biblioteca participam de forma mais passiva, mantendo-se como usuários ou frequentadores da biblioteca.
Sobre essa questão, entendemos que não deve haver uma relação de obrigatoriedade entre ser morador/a da comunidade e participar da gestão da biblioteca. Compreendemos que a participação é fluida, uma constante mudança na forma, no tempo e na importância que os sujeitos se dedicam nos diferentes contextos. Entretanto, a biblioteca não poderá deixar de criar mecanismos de participação da comunidade (conselhos de usuários, sugestão de livros e atividades, grupos de estudos…) e possibilitar subsídios para o exercício da cidadania, como acesso à informação e disponibilizar canais de participação, coadunando-se a princípios democráticos.
Um dos elementos importante que inserimos para nos auxiliar, a partir da análise da fala de alguns entrevistados, foi a ideia de comunidade e como a biblioteca está incluída dentro dela. Integrantes da biblioteca do Ponto de Leitura, afirmaram ser comunitária, todavia nos traz a ideia de uma comunidade mais restrita aos artesãos (comunidade de artesãos), quando afirmam que a biblioteca atende “comunidade de artesãos e moradores do Alto do Moura”. A Biblioteca Comunitária do Assentamento Normandia também se afirma como comunitária, fazendo uma relação mais restrita de comunidade, referindo-se aos assentados. Assim, em ambos os casos a relação com a comunidade é pensada a partir dos indivíduos que ela atende diretamente.
Assim, as bibliotecas comunitárias encontradas se afirmam enquanto comunitária, por estarem inseridas nas comunidades, que, ao nosso ver, não é o único elemento que a determina, enquanto tal. Além disso, observamos uma tendência em reproduzir-se como espaços mais formais, como se houvesse uma espécie de referencial de organização, que está fora do âmbito da própria biblioteca comunitária.
Nesse sentido, ao afirmar-se como comunitária, é preciso ter bastante sensibilidade e consciência de que as relações entre a biblioteca e a comunidade não são algo dado, mas algo que deve ser construído em meio às incertezas e a diversidade da comunidade. Não há uma inerente relação entre biblioteca comunitária e “empoderamento” comunitário. Podemos sim, sofrer o risco de cair na armadilha de uma “cumplicidade tácita”, o que nos aproxima de uma lógica assistencialista e moral, de reprodução de uma cultura organizacional alheia à sua própria realidade.
Nossa intenção é darmos continuidade a esse trabalho de mapeamento e a convicção de que podemos concluir que é em parte uma incerteza. Pernambuco oferece um campo bastante amplo e diverso de experiências populares no âmbito da leitura e literatura e este primeiro mapeamento foi uma ação importante na identificação das presenças e das ausências de bibliotecas comunitárias, além de oferecer à gestão pública e aos pesquisadores, no campo da leitura e biblioteca, subsídios para pensar ou refletir sobre programas, projetos e ações de incentivo à leitura.
A ideia de conclusão, portanto, está ligada ao fim de uma etapa, que nos põe em situação de alerta e prontidão para planejarmos novas pesquisas de mapeamento, considerando o percurso vivenciado por nós, nessa experiência.
O cenário das bibliotecas comunitárias é de muitas carências e ainda são mais distantes do poder público. Entretanto sua presença na comunidade é fundamental para se pensar em estratégias (governo e sociedade civil organizada) de fortalecimento da relação com a comunidade. Não se trata de falta de conscientização de moradores sobre a importância da leitura e de bibliotecas, mas de apropriação das estratégias, instrumentos e canais de informação para ajudar na criação e qualificação das bibliotecas e ações de leitura.
Os próprios gestores públicos pouco ou nada conhecem sobre política pública de leitura e ainda atribuem sentido a esta, como focada no livro (política editorial). Isso dificulta a inserção de outros setores (mediadores de leitura, bibliotecários, ações de incentivo à leitura) nas diretrizes orçamentárias, orçamento anual e planos plurianuais. O desconhecimento dos espaços de leitura na comunidade, por parte da gestão do município, também dificulta a ação do gestor em elaborar uma proposta de incentivo a essas experiências, que permanecem à margem da política de educação e cultura.
Os gestores das bibliotecas, mediadores de leitura e escritores também desconhecem a política de leitura e não se mobilizam para pressionar o poder público e inserir, em sua agenda, o compromisso de fomentar a criação e qualificação das bibliotecas públicas (ligadas à gestão pública e às comunitárias). A situação é diferente em Caruaru, onde há uma mobilização em torno da política de leitura, de ações de fomento à leitura, mas com pouca participação de experiências da própria comunidade. Portanto, a falta de informação associada à falta de investimentos em formação, nos municípios pesquisados, dificulta a sustentabilidade e a qualidade dos espaços de leitura nas comunidades, a oferecerem mais oportunidades de acesso aos livros, à leitura, às práticas de mediação de leitura, a ambientes mais adequados e acessíveis.
A infraestrutura das bibliotecas, no geral, não oferece condições de uso e acesso aos livros; não desenvolvem ações de mediação de leitura, não garantem recursos próprios para serem investidos na compra de acervo, materiais, manutenção do espaço. A dificuldade e até mesmo a falta de profissionais ou pessoas engajadas para manterem a biblioteca em funcionamento são um grande desafio, por não se dispor de recursos para as despesas que acarretam.
Sobre todas as adversidades, as bibliotecas ainda funcionam e a atividade principal é a consulta do acervo, a leitura in locu e empréstimo de livros. O controle do empréstimo, ora é realizado sobre as formas tradicionais, como caderno de empréstimo, fichas de cadastro, tudo na base da confiança, do tipo: “pode levar, desde que entregue”.
Finalmente, podemos afirmar que ao encontrarmos experiências de acesso ao livro e à leitura, elas estão fora da malha da gestão pública. Realizamos um mapeamento apenas para identificar; e nossa intenção não foi de nos aprofundarmos nas experiências encontradas, mas evidenciar sua existência, uma parcela de sua história, o que acreditamos ser importante para suscitar novos debates em torno das temáticas do que envolve a leitura. Mostrar também que Pernambuco está demonstrando sinais de importância para as bibliotecas públicas (ligadas à gestão governamental ou comunitárias), que há uma sociedade civil organizada e atuante, inclusive na proposição de um Plano Estadual que oriente, repasse recursos, e incentive municípios a criarem receitas e estratégias de investimento em suas bibliotecas, envolvendo as diversas cadeias da leitura (bibliotecários, mediadores de leitura, escritores, ilustradores, livreiros, editoras…).
Ações de mapeamento apenas identificam uma parte da realidade. Consideramos isso tudo ainda como um movimento político, mas que não define a política. A política se define na relação de poder entre os diferentes discursos. Portanto, esse mapeamento é componente de um discurso político orientado para subsidiar uma política pública de leitura. Assim, afirmamos que estamos apenas começando.
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André Cervinskis é jornalista, ensaísta, mestre em Linguística pela UFPB. Produtor cultural, com vários projetos aprovados pelo FUNCULTURA-PE na área de Literatura. Com várias premiações nacionais e internacionais, tem 13 livros publicados em autoria própria e coautoria. Colabora com o site Interpoética e o jornal U-carboreto, ambos de Pernambuco, e o periódico Correio das Artes na Paraíba. Mora em Olinda-PE e teve avós lituanos. E-mail: acervinskis@gmail.com
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