Uma terra chamada ilha


 

A escritora e artista plástica pernambucana Adrienne Myrtes lança novo romance dia 13/08, a partir das 18h, na Ria Livraria, Rua Marinho Falcão, 58, Sumarezinho.

Sexto livro de Adrienne Myrtes, Uma Terra Chamada Ilha é seu terceiro romance. O anterior, Mauricéa (Edith, 2018), foi finalista do Prêmio Jabuti 2019.

Uma Terra Chamada Ilha nasceu a partir de uma provocação para escrever um relato de viagem ao local imaginário “onde o vento faz a curva”. Partindo deste ponto acontece o desenrolar da história de Guilherme, que viaja a este local, uma ilha, para reencontrar a mulher amada e encontra um outro amor profundo e transformador, o amor pelas palavras.

Adrienne Myrtes também é autora dos livros A Mulher e o Cavalo e Outros Contos (Alaúde e eraOdito, 2006), A Linda História de Linda em Olinda, juvenil (Escala Educacional, 2007), em parceria com o escritor Marcelino Freire, Uma história de amor para Maria Tereza e Guilherme, novela (Terracota Editora, 2013), e os romances Eis o Mundo de Fora (Ateliê Editorial, 2011) e Mauricéa (Edith, 2018).

 

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TRECHO DO LIVRO

Maria Tereza, enfim minhas palavras rasgam o chão do papel e rebentam. São suas. Um presente violado: de mim para você. Estou escrevendo e é novo. Lembra? Você me sugeriu isso algumas vezes: Se sua língua vive cega para as palavras, vá tateando seu caminho, escreva. Obedeço. São palavras ainda verdes, frágeis, bolhas de sabão que me proponho a cultivar pelo deleite de assistir à fragmentação da luz. Procuro-as, onde? Não sei se são ou se fingem. Brincam. Escrevo para reconhecer: tenho dificuldade de falar, certas coisas são mistérios que acaricio, guardo no silêncio. É isso aí. Nem sempre consigo dizer o que sinto. Tudo bem. Agora vamos, temos caminhos mais longos, estreito-me por um. Vou trocar o nem sempre pelo quase nunca. Admito. E preciso de mais silêncio antes de continuar debulhando sílabas no papel.

Lido com números, máquinas, dados digitalizados. Coisa sem impressão própria. Pode ser que isso me deixe assim: inoperante com as palavras. Alienado do solo fértil de onde elas vêm, não sou você, tão hábil no cultivo das sílabas. Mas não vou me justificar. No entanto, já o fiz. Eu sei. Sei? Sua voz em meu miolo denuncia. Está certo. Vou ficar calado e aceitar, quieto, qualquer coisa sua. Não, não estou falando que você diz qualquer ideia que lhe passa pelas mãos, suas palavras são necessidade minha e não acredito em paranoia, nem creio em problemas com seu entendimento. Minhas gengivas doem e não me sinto sólido. Não quero brigar com você, selei promessa comigo de não consentir brigas. Basta de explicações, quero chegar ao ponto. Aqui está o assunto. Pronto.

 

 

 

 

 

 




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