Poesias Populares
ULISSES TAVARES e o jornal POESIAS POPULARES numero 1, ano 1977
Quando Ulisses Tavares publicou pela Brasiliense Caindo na real (1984), ilustrado pelo cartunista Angeli, descobri seu endereço na revista Primeiro Toque, desta mesma editora, e adquiri a coleção toda de suas obras. Gostava como ainda gosto da poesia bem humorada, assimilada dos modernistas, praticada por ele e toda sua geração. Na quarta capa de um de seus livros Affonso Romano de Sant’Anna, resume muito bem a poesia dele: ”Uma agressividade que torna a poesia de Oswald de Andrade leitura de colégio de freiras”.
Neste lote de livros que Ulisses me mandou pelo correio, um deles me chamou muito atenção, o jornal tablóide Poesias Populares, numero 1. Na primeira página, bem no alto, o escritor mandou a seguinte mensagem para mim, escrita a mão: “Paciência, no futuro vão reconhecer que foi uma ousadia de 1977”. Numa pequena autobiografia, publicada no livro Contramão (1978), 2 edição, o poeta explica que Poesias Populares fora seu segundo livro de poemas. Também informa que o jornal prosseguiu, só que agora abrigando outros escritores, “com quase duzentos poetas agrupados no mesmo projeto”. Infelizmente não possuo os outros números do NP, nem imagino quantos números saíram. Presumo que também tenha abrigado o grupo Pindaíba. Muitos pensam que coletivos é coisa dos tempos atuais, mas não, naquele final dos anos 1970 os grupos artísticos eram muito comuns. Pindaíba era um desses coletivos, do qual Ulisses fazia parte, e que se reunia em torno das Edições Pindaíba.
O tablóide Notícias Populares como já se disse, era na verdade um livro de Ulisses, metamorfoseado em jornal tablóide, formato muito comum nos anos 1970 na Imprensa Alternativa. Seu título e a primeira página eram uma paródia poética do extinto jornal popularesco Notícias Populares, da mesma empresa que edita até hoje a Folha de S.Paulo. Neste jornal há algumas soluções que antecipam o jornal de humor Planeta Diário, que depois iria gerar a Casseta Popular e congêneres. Um tipo de humor besteirol em jornal que vicejou nos anos 1980, em tablóides e revistas, para depois transferir-se para televisão. Consta no expediente a tiragem de 5 mil exemplares, e as ilustrações de Paulo Ernesto Luters Nesti.
A função deste Arquivivo é trazer à tona algum fac-símile do passado, mas não só isto. Pode também ter a função de agrupar nele outras informações que tenham escapado a este escriba. Assim, quem tiver mais dados ou curiosidades sobre este assunto, usar dos comentários, por favor.
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João Antonio Buhrer é jornalista, ex-bancário, ex-blogueiro, ex-livreiro. Colecionador de livros e Arquivista. E-mail: jabuhrer.almeida@gmail.com
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1 março, 2012 as 19:23
4 março, 2012 as 0:04
30 maio, 2012 as 20:26