O poder do sexo pago



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Por que os homens, mesmo os que têm mulheres incríveis, mulheres maravilhosas, procuram as prostitutas ou garotas de programa?

É uma pergunta tão antiga quanto a humanidade. Segundo o meu pequeno repertório sobre o caso, uma das melhores respostas em torno do assunto foi a do monstro sagrado, o gênio, o homem, o mito, o ator Jack Nicholson. Quiseram saber do velho lobo do cinema o motivo pelo qual pagava para que belezuras o servissem, sempre em domicílio. Por que, afinal, um cara charmoso e interessante como ele, capaz de ficar, transar, comer, amar, dormir com as melhores mulheres desse mundo, ainda apelava para tal expediente?

Nicholson não titubeou um segundo sequer. “Ora”, disse, “não pago somente para que essas respeitáveis mulheres se desloquem até a minha casa. Pago caro, sim, pela possibilidade de poder mandá-las embora na hora em que eu bem entender”. (Tradução livre do pelotense e amigo Lanzeta, um ex-profissional do ramo, agora bem comportado na serenidade do lar doce lar).

Essa liberdade, na versão do ator, seria a grande vantagem do comércio do sexo sobre as ditas “mulheres normais”.

Assim como essa, existem várias respostas possíveis. Todas com o chamado fundo de verdade, todas deliciosamente furadas, todas porcamente machistas.

Aí é que entra em cena Nickie Roberts, uma ex-stripper de Londres, autora do mais vasto ensaio sobre as mulheres de vida fácil: “As Prostitutas na História” (editora Rosa dos Tempos).
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O livro é um show de experiência própria e compilação de dados antropológicos, com finas citações de intelectuais de responsa como o Hobsbawm, por exemplo, sobre as chamadas “trabalhadoras do sexo” -como são politicamente tratadas.

O calhamaço, com 430 páginas, pode até não responder a nossa dúvida, mas certamente nos ajudará a entender melhor essas moças e o poder que exercem e sempre irão exercer sobre nós. Sem esquecer, é claro, a fantasia de vocês, queridas leitoras, de pelo menos por uma noite -uma noitezinha e nada mais- vivenciarem este papel tão sedutor e fetichista.

Seja sob a luz do poste da rua Augusta, em São Paulo, nos bregas em extinção no interiorzão do Brasil ou nos inferninhos pulverizados de eucalipto de todas as saunas. Não importa. Seja puta por vocação ou apenas as Brunas Surfistinhas da vida que desejam descolar um troco por uma temporada. Do New Sagitarius em BH ou o do Ladylaura, lá do Crato. E o Aritana Drinks, do Recife, infelizmente extinto, ali colado no ainda clássico bar Mustang?

O que faz o homem, repito, amigo, mesmo o mais bem-sucedido dos dons Juans, historicamente procurar as Séverines –para lembrar aqui a personagem da atriz Catherine Deneuve na película “A Bela da Tarde” (Belle de Jour, 1967, do gênio Luis Buñuel)? Séverine, aliás, era uma burguesa, riquíssima, tinha de tudo, nada lhe faltava. Procurou um fino bordel por desejo mesmo.

Tudo bem, a liberação sexual alterou um pouco essa história, mas a prostituição, pelo que se vê, resiste firmemente. A hipocrisia em relação ao tema, no entanto, segue a mesma, óbvio, não acha?
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& Modinhas de fêmea

Esses gringos e suas pesquisas malucas. A última que me chamou a atenção foi a do neurocientista Steven Platek, do Georgia Gwinnett College(EUA). O cara concluíu que as curvas do corpo de uma fêmea deixam o macho tão louco como se tivesse ingerido álcool ou outra droga qualquer. E tanto faz ser uma esquelética quanto uma mulher mais cheinha. O que importa é a pegada curvilínea. Isso me faz lembrar a frase do pára-choque do caminhão, um velho FNM, do meu pai: “Nas curvas do teu corpo, capotei meu coração”. Lindo, né não?

 

 

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[N.E.: Confira artigo sobre as prostitutas ao logo da História, aqui]

 

 

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Xico Sá é jornalista e escritor. Nasceu no Cariri, foi criado no Recife e vive atualmente em São Paulo. Escreve para a  Folha de São Paulo, revistas Trip e Tpm, entre outras publicações. E-mail: xicosa@uol.com.br




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