Notas sobre Pindorama


 

A língua hebraica e a Tupi e Guarany não possuem o verbo ser, uma engendrou metade da assustadoramente trágica dimensão bíblica e a outra uma das mais lindas  e antigas cosmogonias naturantes. É impossível conceber um KRYZTO GUARANY embora essa visão tenha provavelmente visitado o Padre Antônio Vieira em sonho (……..) O encontro de ESPINOSA & KOPENAWA já aconteceu há mil anos. O tempo no Sul flutua em uma espiral de neutrinos , como em Solaris do indígena russo A. Tarkovski. (…….) O sabiá do paradoxo disse que o ser não faz pactos com a linguagem não poética…

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Autonomia temporal antes e autonomia espacial depois, difícil é traduzir isso de um modo que qualquer pessoa possa compreender, como o conceito de retidão que não tem nada a ver com moral mas com a criação de uma linha que une e costura no corpo exterior, o sentimento, o pensamento, o desejo e o ato. Aliás, falar é um pré-ato que configura um pré-existir, não é uma topologia ( lugar) É UM TRANSE !
O existir em si depende obviamente dos atos do desejo e suas linhas e costuras com o entusiasmo, com a linguagem poética ( mundo ) e etcetera. Se a forma não gerasse o vazio, o colibri não poderia voar ou dançar porque  o vazio é a mãe da dança e do Cosmo ( corpo exterior)

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Quem tomou chuva de medo está banhado de coragem, vale para certos  multivíduos  ou cosmoentes mas não para os povos do Brasil, a chuva de granizo mercantil militarista genocídica se condensou na chuva ácida do neoliberalismo genocídico do totalitarismo empresarial. A micropolítica real é feita pelos detentores da anormalidade imanente que se sobrepõe ao conceito de cristalização da identificação, da identidade fixa, se formos mais corpo do que euzinhos se abrem as possibilidades extraordinárias de anormalidade mutacional e podemos adentrar no mundo multividual e cosmonaturante. ‘ Todos’ é uma instância da porosidade cosmonaturante dos corpos e não dos eus, em ‘ Todos’ somos indígenas: eis o mais extenso devir do Brasil!

 

 

 

 

 

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Marcelo Ariel é poeta, ensaísta e teatrólogo. Nascido em Santos-SP, Brasil em 1968. Autor de Tratado dos Anjos Afogados (Letra Selvagem ), Ou o Silêncio Contínuo poesia reunida 2007-2019 (Kotter Editorial-Prêmio Biblioteca Nacional 2020 ), Nascer é um incêndio ao contrário ( Kotter, 2020) e Subir pelo Inferno, descer pelo céu ( Kotter Editorial, 2021), As três Marias no quadro de Jan Van Eick  (Fósforo/Luna Parque/Círculo de Poemas-2022, Arcano 13 (Com Guilherme Gontijo Flores- Editora Quelônio-2022), Escudos- Cinco R.A,Ps e um samba escritos com Cruz e Sousa seguido de  A vida de Clarice Lispector ( Arte & Letra,2023) entre outros. É colaborador das revistas Quatro Cinco Um, EGaláxia e Cult  e como autor convidado  do Laboratórios de Criação — Escrita de Literatura e Teoria dentro do Programa de Estudos Comparados de Literatura Portuguesa  (Pós-Graduação da Universidade de São Paulo, Letras/FFLCH) em 2022 compôs o júri do Prêmio Jabuti. Coordena desde 2016 cursos livres de escrita, poética e filosofia em São Paulo.




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