Editores


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Autores vivem reclamando que as editoras precisam “prestigiar o autor nacional”. Essa queixa deveria ser dirigida não às editoras comerciais, mas aos programas de formação de bibliotecas, por exemplo. (Os quais, aliás, prestigiam bastante.) Uma editora particular é um risco auto-sustentado. Os livros precisam pagar as despesas materiais da editora, e dar um lucro que possibilite ao editor as duas coisas que se faz com lucro: botar uma parte em sua conta pessoal e reinvestir outra parte.

Administrar uma editora não é diferente de fazer filmes ou manter um jornal. Há um trabalho artístico ou de comunicação a ser realizado, mas isso precisa render dinheiro, a menos que todos os envolvidos tenham outra fonte de renda e façam aquilo apenas por realização pessoal. Todo editor sonha que lhe caia nas mãos um livro que venda muito, que em pouco tempo multiplique seu capital e lhe permita reinvestir na estrutura física da editora: melhores salas, melhores computadores, profissionais mais qualificados, com melhores salários, etc. E também reinvestir nos autores – publicar livros com menor apelo comercial, mas de que a editora gosta, e acha que vale a pena revelar. O que um editor não deveria fazer é apostar todo seu capital apenas em livros difíceis, ou apenas em autores desconhecidos, ou apenas em autores ainda imaturos mas que são primos da namorada ou cunhados do irmão dele.

Se eu fosse editor, procuraria títulos que pudessem se pagar rapidamente, e que fossem marcantes de alguma forma, para chamar a atenção para o nome e o catálogo da editora. Às vezes, editoras pequenas surgem do nada e se tornam grandes porque descobriram um filão editorial a que ninguém estava dando muita atenção. Outras vezes, um editora pequena emplaca um best-seller, ganha rios de dinheiro, mas o proprietário, em vez de reinvestir, gasta tudo em carros de luxo e cruzeiros marítimos, e se apavora quando o segundo livro lançado não rende tanto quanto o primeiro.

“E o editor grande, que teria cacife para bancar o jovem autor?”, pergunta alguém. A resposta é que isso é uma possibilidade, mas cada editor só publica o que gosta. Se eu for dono de uma editora ninguém pode me obrigar a publicar um livro que eu (=minha equipe) ache ruim ou desinteressante. Se o livro não é bem escrito ou não tem um tema que valha a pena, por que eu o publicaria? Que o autor bata em outra porta. Por outro lado, acho meio covardes os editores que dizem: “Seu livro é excelente, mas não publico porque acho que vai vender pouco.” Se ele gosta e não publica, a única desculpa possível é que já esteja endividado demais e não queira correr o risco de aumentar o prejuízo.

 

 

 

 

 

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Braulio Tavares é escritor e compositor. Estudou cinema na Escola Superior de Cinema da Universidade Católica de Minas Gerais, é Pesquisador de literatura fantástica, compilou a primeira bibliografia do gênero na literatura brasileira, o Fantastic, Fantasy and Science Fiction Literature Catalog (Fundação Biblioteca Nacional, Rio, 1992). Publicou A máquina voadora, em 1994 e A espinha dorsal da memória, em 1996, entre outros. Escreve artigos diários no Jornal da Paraíba: http://jornaldaparaiba.globo.com/ Blog: http://mundofantasmo.blogspot.com/ E-mail:btavares13@terra.com.br

 




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