A tecelã de sonhos
Bárbara Lia e sua sina de tecer livros de prosa e poesia
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Professora de História e escritora Bárbara Lia nasceu em Assai norte do Paraná e vive atualmente em Curitiba. Começou a ler na infância sendo que sua família era ligada em literatura – tinha tias poetas enfim, o ambiente era propicio e ela lia tudo que caia nas mãos apesar de viver numa cidade pequena carente de estímulos culturais. Mas na casa da bisavó paterna havia uma biblioteca recheada de boa literatura: único problema é que ela vivia noutra cidade. Na adolescência Bárbara fazia um diário, mas poemas ela começou a escrever mais tarde.
Para falar a verdade ela até escrevia mas não mostrava para ninguém- guardava na gaveta. Para não dizer que não mostrava chegou a dar alguns para amigos, mas não guardou nenhum. Certo dia, já morando em Curitiba, casada, trabalhando em banco e com três filhos encontrou na rua uma amiga que lhe perguntou se ainda escrevia poesia? E falou de um poema que ela ainda tinha guardado como lembrança. Bárbara disse que não era poeta sem saber que no ano seguinte retomaria o hábito de tecer poemas.
E foi assim que na sequencia dos acontecimentos, ela começou a lecionar História e lá pelas tantas resolveu ler poemas seus em sala de aula. Os alunos gostaram e pediram mais. Bárbara Lia criou coragem e começou a publicar. Isso era 2003 e dai em diante começou a publicar poemas em jornais literários como Rascunho, Garatuja, Mulheres Emergentes, Revista Etcetera, Revista Coyote, Ontem choveu no futuro. Tem publicados os livros: O sorriso de Leonardo (Poesia, Edições Kafka – 2.004), Noir (Poesia, ed. do autor – 2.006), O sal das rosas (Poesia, Lumme editor – 2.007), A última chuva (Poesia, ME – ed. alternativas – MG – 2.007), Solidão Calcinada (Romance, Secretaria da Cultura / Imprensa Oficial do Paraná – 2008), Constelação de Ossos (Romance, Ed. Vidráguas – 2010), Tem um pássaro cantando dentro de mim (Poesia, 2011 – edição independente), A flor dentro da árvore (Poesia- edição independente), Respirar (Ed. independente) e Forasteira (Vidráguas/2016). Na internet tem textos publicados na Zunái, Cronópios, Blocosonline, Editora Ala de Cuervo, Vitabreve entre outros sites e portais. Além disso escreve no seu blog em chaparaasborboletas.blogspot.com.br e tem uma atividade intensa na divulgação da poesia em Curitiba onde participa de eventos em diversos espaços culturais. Sobre esta sua vocação de escrever prosa e poesia Bárbara Lia esclarece que nunca houve uma transição entre os dois gêneros. Sempre escreveu nos dois gêneros literários, mas a poesia foi publicada antes e acabou por ser conhecida mais como poeta que como romancista. Para ela são coisas paralelas e seu primeiro pensamento de menina e por muito tempo em sua vida sempre foram estórias que tinha em mente, apenas a poeta existiu e se revelou primeiro. Nesta entrevista ela conta esta trajetória toda até o presente momento, em detalhes.
P. – Bárbara me conte como foi que começou a escrever? Sei que adorava ler na infância. O que lia então?
Bárbara Lia– Escrever como quem decide seguir este caminho da escrita eu comecei bem tarde. Na adolescência eu escrevia em uma espécie de diário. Lembro, também, de tentativas de poemas. Eu cresci em uma família de amantes da literatura. Não apenas amantes da literatura, mas poetas. Minha avó paterna tinha dois irmãos poetas: Eleonora de Ângelis e Otávio Camargo. Uma das tias de minha avó – Maria Cândida de Jesus Camargo – é um nome sempre lembrado quando se fala em poesia escrita por mulheres aqui no Paraná. Destes poetas ancestrais conheci apenas a tia Eleonora, que vi uma única vez aqui em Curitiba quando ela já era bem velhinha e eu ainda não me sabia poeta. Na casa de meus avós havia uma biblioteca e na infância eu preferia ler O Tesouro da Juventude. Também tinha uma atração por revistas que narravam crimes e histórias de terror. Eu lia X-9 e outra série de histórias de detetives Ellery Queen. Minha bisavó Fernandina Camargo do Amaral vivia em Tibagi, cidade natal do meu pai e consta que ela tinha o mais belo jardim da cidade e na sua estante obras de autores ingleses e franceses. Lembro meu encanto com a biblioteca de vovô, com livros de Machado de Assis e José de Alencar. Junto aos meus primeiros momentos de leitura na infância, cuja preferência era mesmo por ler sobre a História do Mundo e sobre coisas fantásticas, eu ouvia meu pai e avó declamando Gonçalves Dias, Camões, Castro Alves, Vicente de Carvalho, Alan Poe e outros. Achava aquilo de uma beleza atordoante, as palavras daquelas poesias me encantavam e guardo fragmentos inteiros na memória.
P.- Qual foi sua primeira tentativa? Escreveu poemas ou prosa?
BL– Foi no ano de 1993, aos 38 anos, esbocei uma biografia. Uma espécie de narrativa de coisas que vivi. Algumas evocações da infância. Era muito sentimental aquilo e nunca será publicado. Naquele tempo eu conhecia um único poeta – Carlos Barros que atualmente vive em Recife. Achei que ele era a pessoa certa para ler aquele original. Pouco tempo depois ele chegou a minha casa e tocou a campainha, antes que eu abrisse o portão ele disse: mulher, tu és uma escritora. Fiquei feliz. Carlos era bem ativo na divulgação da poesia pela cidade. Acompanhava aquela espécie de êxtase deste meu amigo achando tudo muito lindo. Ele criou um projeto chamado Disque poesia e também o Tem poesia no meio do caminho, que consistia em deixar os livros em algum lugar público, e cada livro tinha um selo dizendo que era para ler e depois ”esquecer” em qualquer lugar. Eu vivia a abandonar livros pelos bancos das praças, ônibus e cafés. Para mim a escrita começou ali, eu já me aproximava dos quarenta anos. Meus pais morreram sem saber que eu era poeta e que escreveria tantos livros. Comecei com prosa, por ser meu sonho desde os doze anos – escrever romances.
P.- Na adolescência tinha preferências por algum autor? Qual? Ou quais?
BL – Minha adolescência foi bem estranha, pois se transformou na era das – leituras descartáveis – se é que posso assim dizer, mas era pura falta de opção. Ninguém me apresentou nada além daqueles poetas e autores canônicos que eu conheci (ouvi) na infância. Comecei a ouvir sobre Neruda e Vinícius de Moraes, e fui ler os dois sob os protestos do meu pai, Neruda era comunista e meu pai detestava comunistas. Não gostava de Vinícius. Este choque de pensamento que tive (e tenho) com meu pai é algo que ainda não consegui resolver aqui dentro do meu coração. Eu vivia em uma cidade que tinha uma única livraria, e até lá chegavam novos livros escassamente. Eu comprava livros nesta livraria pequena e lembro-me de comprar o livro de Richard Bach: Fernão Capelo Gaivota. A questão da reencarnação incomodou o meu pai católico conservador que viu na trajetória do pássaro uma mensagem de uma vida em várias reencarnações. De novo uma crítica com o que eu lia, era um livro autoajuda e também li alguns deste gênero naquele tempo. Ele não se incomodou quando comprei o livro Helter Skelter – The Manson Murders do agente do FBI Vicente Bugliosi que prendeu a família Manson. Era de arrepiar aquela história que eu lia ao embalo daquelas canções dos anos setenta. Eu cresci em uma família conservadora e sob a severa vigilância do meu pai e na escola era outra doutrinação ferrenha da direita no poder, em plena ditadura. Acho que a música me salvou, pois me aferrei ao Chico, Caetano e Gil para beber da melhor poesia. Do Clube do Livro li muitos livros de Harold Robbins e Sidney Sheldon, e li muitas biografias também. Naquele tempo até li alguns poemas de poetas mais conhecidos: Cecília Meireles, João Cabral e Drummond. Na adolescência eu continuava a amar mais o que eu ouvia do que o que lia. Se na infância foram os poemas, na adolescência foram as canções. Desde Bob Dylan (Blowin’ In The Wind), que foi o hino da nossa época, às canções dos anos rebeldes e dos Festivais e Chico. Chico foi o meu poeta preferido naquele tempo, o moço que me salvou quando eu era ainda menina.
P.- Me conta em detalhes tua caminhada até a juventude, por exemplo? A vida numa cidade pequena não deve ter sido fácil para uma pessoa que sonhava ser escritora?
BL – Eu sempre amei música, cinema e livros. Era minha fuga em direção à beleza, em uma cidade pequena, sem opção de arte, sem um único Teatro, sem chance de expandir, sem dividir com ninguém meus pensamentos poéticos (há um varal de poemas inéditos em alguma constelação distante de todos os pensamentos que atirei às estrelas). Lembro-me de um amigo dizendo que eu era uma “menina cabeça” e, sem entender meu espírito poético, minha mãe dizia apenas que eu era – uma menina sensível. Para algumas pessoas, cheguei a confessar meu desejo de ser escritora. Creio que a guinada para outro caminho e carreira que não a poesia decorreu do fato de prestar um destes concursos e passar, de primeira. Passei no concurso para o Banco do Brasil com dezoito anos e passei dezoito anos da minha vida em um trabalho altamente burocrático, mergulhada em números. Eu trabalhava o dia todo e cursava Faculdade. Logo em seguida casei-me e tive três filhos, e aquela ideia (vocação), o meu verdadeiro dom: escrever, eu joguei para escanteio por um tempo enorme.
P.- Você me disse que escrevia neste tempo todo mas dava para alguns poucos amigos e não guardava nada. Mas que um dia, afinal a providencia divina fez com que você se reencontrasse com um desses poemas? Conte a história!
BL– É isso mesmo: o que escrevi se perdeu. Aliás, sobrou um poema. Ele é bem sofrível, escrevi aos vinte anos e também não publiquei, apenas guardo como relíquia daquele tempo. Datilografei na máquina de meu pai e fiz cópias (com papel carbono) e dei para algumas pessoas. Mudei para Curitiba, em uma tarde eu levava meus filhos para a escola, andando por uma rua do bairro eu encontrei uma amiga dos tempos da juventude: Itamara. Ela ficou feliz e quando disse tchau e já estava indo embora ela saiu com esta: você ainda escreve aquelas poesias? Gostei tanto que guardei aquele poema que você me deu. E eu não me lembrei de que poema ela falava. Eu disse que não era poeta, não. E segui. Não demorou dois anos para que escrever poesia se tornasse algo costumeiro, algum tempo depois do meu primeiro texto/biografia. Lembrei-me do que aquela amiga disse e tive uma vontade enorme de ler o poema antigo. Eu não tinha como contatar esta amiga, e por pura intervenção poética, dei de cara com ela – outra vez – dentro de um ônibus. Fiquei feliz quando a vi e fiz questão de ir até a casa dela e ela me deu aquele papel com o poema datilografado, foi tão estranho. Não o reconheci, talvez como uma mãe que entrega o filho que nasce a alguém e só volta a vê-lo vinte e cinco anos depois. E então voltei a escrever e guardava na gaveta.
P.- Mas parece que um dia eles vieram à luz, foram descobertos? E enfim você começou a publicar. Conte esta história. Parece que ao mesmo tempo em que queria tinha medo de ser publicada? É isso?
BL– Eu seguia com os poemas na gaveta, até o ano de 2003. Até então apenas alguns poemas participaram de um projeto do Carlos Barros Buffet de Poesia, ele fez exposições em Curitiba e no Congresso Brasileiro de Poesia em Bento Gonçalves. Ele imprimia as páginas do livro e cada qual escolhia os poemas e montava seu próprio livro. Foi em 1997. Publicar um livro foi decidido por mim em 2003, quando um aluno (Andrew) descobriu que eu escrevia ao bisbilhotar minha mesa e abrir um caderno. Eu disse que escrevia poesia, e ele pediu que eu lesse um poema. A sala achou bonito. No outro dia esta turma pediu que eu lesse outro poema. Era uma turma diferente e disciplinada, era a turma A do segundo ano do Ensino Médio de um Colégio Estadual. Eles tinham entre quinze e dezessete anos e eles nem sabem que foram os responsáveis pela minha coragem de publicar o primeiro livro. Eu lecionava História, mas nossa aula começava com um poema. Foi assim o ano inteiro. Aquele medo de editar um livro apenas para massagear meu ego evaporou. E no final daquele ano fui procurar por um editor. Meu primeiro livro sairia pela Travessa dos Editores do Fábio Campana, e acabou por não acontecer. Fábio falou da minha poesia para os jornais e toda mídia e contou que havia conhecido “uma professora da rede pública que escrevia maravilhosamente bem”. Foi uma estreia plena de louvações, ele publicou um encarte com meus poemas na revista Etcetera da Travessa dos Editores.
P.- Foi então que você começou a publicar para valer? E o primeiro livro enfim saiu: O sorriso de Leonardo?
BL– Nos anos de 2003 e 2004 tive poemas publicados em vários jornais e revistas literárias, como o Jornal Rascunho, Revista Coyote e o extinto site Capitu. O primeiro livro? Nasceu quando o poeta Fernando Koproski fez o convite na noite do primeiro lançamento da Kafka – Edições Baratas, que estreou com a publicação dos livros dos editores naquela época: ele e o Paulo Sandrini. Lembro como se fosse hoje, no Café Mafalda aqui em Curitiba, ele perguntando se eu queria fazer um livro com eles. Livro de bolso. Foi deste convite que nasceu o pequeno livro – O sorriso de Leonardo – com 14 poemas e 20 páginas. Amo este livro. Foi minha primeira publicação em dezembro de 2004. Eu selecionei alguns poemas que escrevi quando li a biografia de Leonardo Da Vinci. Descobri que não há um único registro de Leonardo sorrindo, os autorretratos são de um Leonardo sisudo. Este é o tema do poema que deu título ao livro.
P.- Como é o seu processo criativo: como você escreve, quero dizer como te vem a inspiração? vem uma imagem, você anota as primeiras coisas e depois desenvolve? Enfim conte como a coisa acontece?
BL– Sempre penso minha poesia como um embate que travo com o belo e o horrível. É a minha forma de compreender o mundo e quando escrevo é como jogar água em uma superfície rota para conseguir ver um desenho até então escondido. Meu processo criativo? Não há um rito para a poesia. Escrevo onde estiver e a qualquer hora. Só os romances exigem uma rotina, a poesia não. No início eu não levava bloco ou caneta comigo com este pensamento de anotar ideias ou poemas (alguns já nascem prontos). Lembro-me de atravessar a Rua XV até o trabalho para só então anotar um poema, e um percurso bem maior, de viajar uma noite toda com um poema imenso, com rimas, e só anotar ao chegar a Curitiba. Com o tempo comecei a ter à mão caneta e papel, e anoto sim, no ônibus, em um café. Outra fonte de poesia é um diálogo que mantenho com Toda Arte. Escrevi inúmeros poemas dialogando com poetas, poemas, canções, filmes, e com os grandes mestres da pintura. Quando sou arrebatada por um Artista, passo meses e até anos a fio conhecendo-o e escrevendo sobre. Não sei se já dialoguei mais com alguém que com Frida Kahlo. Talvez pela nossa similaridade de vida, mulheres fortes de alma artística, atacadas pelo vírus da poliomielite. Eu li a biografia de Frida em 1992 mais ou menos, bem antes de me envolver totalmente com a poesia. Eu comprei uma biografia dela na Livraria Feminista, que já não existe. A Livraria era de uma escritora paranaense Bebeti do Amaral Gurgel, lá na Galeria Groff, primeiro pavimento. Esta biografia escrita por Rauda Jamis foi uma espécie de abertura para um mundo de onde não sai nunca mais. Lembro que eu vesti a alma de Frida. Os meus poemas e textos para ela seguem chegando ano a ano e nunca termina. Um dos primeiros poemas que a ela escrevi (À sombra dos murais em flor) está no livro O sal das rosas, publicado em 2007, o mais recente Ela e a Tela a Tela é Ela– está no meu livro Forasteira. Além de Frida, passei mais de um ano envolvida com vida e obra de Sylvia Plath e creio que uns dois anos totalmente concentrada em Emily Dickinson.
P.-Você diria que escreve para quê? Alguns escritores como a Hilda Hilst dizia que escrever é um ato sagrado e que esta era sua vocação, seu oficio!
BL– Escrevo para entender o meu momento. Nada mais complexo que adentrar o território da paixão e isto gera poesia, sim. Fico um pouco irritada quando pessoas tentam vincular poetas mulheres ao único tema: amor. Este tema faz parte da vida e acaba tudo em poesia. E os poemas não são só sobre uma pessoa que me diz mais em algum momento da vida, também escrevo para falar do desejo, da condição feminina, da saudade, da infância, dos medos, das mágoas e até do absoluto rancor. Poesia não é autoajuda e morro de medo quando encontro poetas aferrados a discursos ou tecendo poemas com este viés de – salvação da humanidade – pois, ela não salva nada, ela apenas eleva, transcende e clareia algo que antes estava meio nublado. Ao menos isto é poesia para mim. Uma espécie de cais absoluto que mostra o mar verdadeiro, e nadar neste mar proporciona este encontro com as águas antigas e com águas novas, com a amplidão e com a revelação necessária para entender minha própria humanidade.
P.- Mas você também escreve prosa. E como foi esta passagem da poesia para a prosa quando você começou a escrever romances?
BL– Minha poesia sempre caminhou ao lado da minha prosa, que acabou por ser sufocada pela força dos meus poemas ao ponto dos editores expressarem o desejo de lançar minha poesia e até a receber convites de editores para editar. Sempre escrevi em verso e em prosa. Em 1995 eu já me dedicava a compor um romance, Cereja & Blues que foi o primeiro livro que enviei ao Prêmio SESC de Literatura na primeira edição do prêmio e recebeu menção honrosa. Ocorre que foi o primeiro livro de ficção que consegui finalizar e a minha escrita clamava por alguma maturidade. Um amigo leu e comentou sobre a fragilidade na construção dos personagens e ainda que o livro tenha ficado entre os vinte melhores daquela edição do prêmio, nunca o mandei para um editor. Deve ficar inédito, se não conseguir reescrevê-lo. O primeiro romance publicado: Solidão Calcinada, escrevi em 2004 e também foi finalista do Prêmio SESC. Buscava um editor quando meu amigo Márcio Davie Claudino mandou um e-mail dizendo que a Secretaria de Cultura do Estado do Paraná estava recebendo originais de autores paranaenses e era a última semana. No governo Requião havia possibilidade de enviar um livro no início de cada ano para análise e se o conselho editorial aprovasse o livro era editado pela Imprensa Oficial. Assim, meu primeiro romance foi publicado em 2008 pela SEEC/Imprensa Oficial do Paraná. Solidão Calcinada conta a vida de quatro mulheres de uma família, desde a bisavó Pietra até a narradora Bárbara. A mãe de Bárbara, Serena, integra um daqueles grupos de esquerda que se organizaram durante a ditadura militar para lutar contra o governo. Vivi a infância e a juventude acreditando que aqueles jovens eram terroristas. Era assim que meu pai os chamava, era assim que a imprensa e escola mostravam. Depois comecei a ler sobre este momento do meu país e descobri a verdade do que havia se passado, e eu sabia que este seria o tema do meu primeiro romance em um desejo de lavar uma espécie de culpa que eu sentia por pensar estas pessoas como terroristas na infância e adolescência, ainda que fosse uma culpa estranha, mas era. Talvez por isto a personagem que narra tem meu nome – Bárbara – uma jornalista que é filha de um casal de guerrilheiros, cuja mãe morreu no cárcere, cujo pai desapareceu. O outro romance publicado, Constelação de Ossos, surgiu de uma frase que veio à minha mente em um início de ano e tinha toda a conotação de verso para uma nova poesia. Pensei entre o quarto e a cozinha do apartamento, quando ia preparar meu café: sonhei com o anjo d’água. Eu anotei a frase e desta frase surgiu uma personagem, cantora de bar e garota de programa, cuja mãe morreu quando ela era menina ainda. Lynx, esta menina com o nome da constelação mais apagada que existe, ela é o resumo de um tempo em que percebi que eu seria alguém sempre à margem dentro do cenário literário da minha asséptica Curitiba. É uma metáfora, ou – como penso que me veem – e digo isto sem mágoa, pois eu amo os marginais, os malditos e os que não fazem parte da nata, elite ou, seja qual for o nome que se dá a tudo que é estabelecido. Os meus romances ainda inéditos, incluindo As filhas de Manuela que obteve menção honrosa em Portugal, na primeira edição do Prémio Fundação Eça de Queiroz, todos eles são do gênero Realismo Mágico. No ano de 2004 fui passar uma semana na Ilha do Mel. E foi no pátio interno do Forte Nossa Senhora dos Prazeres na Ilha do Mel a “primeira visão”. Fui até lá descansar e encontrei um casal simpático vindo de Santa Catarina. Nunca mais os vi, lembro apenas o nome da moça, que foi o nome que migrou para o livro, ela entrou na minha ficção. Era inverno, éramos apenas nós em uma pousada na Praia das Encantadas. Uma tarde saímos a caminhar pela orla da ilha e fomos parar no Forte, eles adentraram o Forte e fiquei por alguns minutos no pátio. Primeiro é preciso saber que a mente de escritor permeia universos paralelos, somos sensíveis e acossados por este mistério que traz personagens e histórias. A sós no pátio “vi” ou imaginei um homem magro que tomba morto, com um uniforme branco, e ele precisa dizer algo antes do fim. Ecoou uma frase em minha mente: diga a Helena que eu a amo. Por dez anos eu fiquei imersa nesta possibilidade de dizer a Helena que ele a amava. Era como aquela revoada de pássaros que no céu muda sua jornada e baila e forma cenários vários, escuras nuvens ondulantes. Meu livro era tão ondulante que uma parte da revoada debandou e originou outro livro (inédito) que tem como cenário Paranaguá e uma garota que ama Chopin. Segui em lapidações sem entender quem era Helena, e só quando mudei seu nome para Manuela, pude entender a vida pétrea e traçar o itinerário misterioso que faz de As filhas de Manuela um enredo do gênero realismo mágico. Manuela era mais verossímil e Manuela era a rude menina da antiga Paranaguá, que naquele lugar – grande mar redondo – apaixona-se por um oficial da Armada Nacional e inicia a saga que gerou o meu mais longo romance, nele Manuela é amaldiçoada por um moço que ela rejeita e ele, de posse de uma oração/praga cigana, condena toda a sua descendência a uma vida de dor e perdas e o adendo de uma sombra da cor do sangue. E o livro permeia séculos, desde a Revolta dos Farrapos até aqui. O título final “brotou” um dia antes de imprimir o livro e enviar ao Prémio Fundação Eça de Queiroz. E, em 2013 saiu pela Penalux meu único livro de contos: Paraísos de Pedra. É minha forma de homenagear duas cidades que marcaram minha vida. Peabiru, onde vivi minha infância, e Curitiba onde vivo agora.
P.- Você tem oito livros de poesia impressos de forma tradicional e muitos livros artesanais. Você produz muito! E tem mais, depois de ter começado a escrever romances continuou com a poesia e finalmente publicou vários livros de poemas?
BL – Tenho oito livros de poesia impressos de forma tradicional e uns vinte títulos no formato artesanal. A minha produção é insana. Dois anos depois da edição de O sorriso de Leonardo editei de forma independente: Noir, um livro com poemas eróticos e passionais. No ano seguinte a publicação de O sal das rosas com alguns poemas que narram o meu espanto diante da invasão do Iraque – sol negro, kamikazes, caos de pétalas, poesia morta e céu fuligem. Foi, também, nesta época que escrevi o poema mais longo até aqui. Ele se chama Uma lua em teu ventre, escrevi à mão em uma única manhã. Era sábado, eu não fui ao trabalho. Era inverno. Eu nem sai da cama. Peguei uma imensidade de papel A4 e comecei a tecer versos curtos. O poema tem 14 páginas digitadas e naquela manhã eram páginas e páginas. Era uma infinidade de memória e mágoa mixada: a lua e a memória do meu pai nos mostrando suas crateras azuis em seu instrumento de trabalho, o teodolito, meio ao ocaso de uma paixão que vivi por um poeta que nasceu exatamente no tempo em que o pai nos mostrava a lua e eu tinha nove anos e meio a isto a guerra e o exército cáqui e uma espécie de ópera de amor e morte que eu só publiquei em livro artesanal, e que o Edson Cruz e Carlos Pessoa Rosa publicaram no extinto site Capitu. O sal das rosas foi publicado pelo editor Francisco dos Santos (Lumme Editor), em 2007. Neste ano a Tânia Diniz do editorial Mulheres Emergentes (Minas Gerais), escreveu-me sobre a possibilidade de publicar um livro, como parte da comemoração dos 18 anos do mural – Mulheres Emergentes. Eu havia iniciado um livro onde os poemas teriam nomes de mulheres, mas havia escrito apenas oito poemas até então. Ele é um livro bem feminino, pois ao escolher demais poemas para completar o livro, acabei por selecionar poemas mais confessionais, durante a seleção de poesias, percebi uma presença de chuva e toda espécie de referência ao líquido, era um livro líquido e por isto este título: A última chuva. O poeta Márcio Davie Claudino destacou isto em sua Monografia no Curso de Letras da UFPR, quando estudou a Novíssima Poesia Curitibana no Alvorecer do Século XXI:
“Os elementos em A última chuva são líquidos e noturnos, nota-se o emprego abundante do vocábulo água, além de outros correlatos como chuva, lágrima, gota, pingos, lago, menstrua, vinho, chá, abraço líquido, vendaval molhou, enxurrada, enxágua, sede, sangram, óleos, barco. A maioria dos poemas traz essa marca indelével, a considerar a partir do próprio título. A poeta prefere água à areia, pois dentro do silêncio quebrado pelo ritmo incômodo dos pingos de “uma torneira vazando / enlouquecendo em azul / a noite”, o tempo é marcado pelo elemento líquido que “cai em ritmo de segundos, / tatua o tempo em estilhaços líquidos”.
P.- Você disse que tem um livro mais silencioso? O que significa isso?
BL– O meu livro mais – silencioso – por ser menos divulgado é Tem um pássaro cantando dentro de mim. Ele tem uma capa belíssima – arte da Cintia Casagrande. Fiz apenas 50 exemplares e ele traz a série de poemas para Rimbaud, e poemas delicados, pequenos, e um que eu gosto muito: Giz rendado. Em 2009 eu me envolvi com a poesia de Emily Dickinson e deste diálogo com ela, da leitura de seus poemas, mergulhada em sites, tentando traduzir suas palavras, lendo aquela infinidade de poemas traduzidos, onde cada autor traduz de uma forma a mesma poesia, embasbacada com a força poética dela, sua alma livre, sua aura misteriosa, suas palavras exalando futuro, ainda… Neste mergulho em Emily teci poemas leves, esvoaçantes e em cada um deles coloquei um verso dela como título e surgiu A flor dentro da árvore que foi publicado em 2011. O livro traz o prefácio do poeta gaúcho Sidnei Schneider. Em 2014, por pura mania de datas, quis celebrar a edição do meu primeiro livro e imprimi cem exemplares de um livro – coletânea – a qual dei o título de Respirar. Ele abre com alguns poemas do meu primeiro livro O sorriso de Leonardo e traz poemas dos vários livros que lancei, e também inéditos em livro como a sequência O céu dos poetas, aquela série de poemas que escrevi dialogando com vida e obra de poetas suicidas. Também a série O Tejo, que traz os sonetos que escrevi dialogando com heterônimos de Fernando Pessoa. Finalmente, o livro Forasteira. Estou obtendo um retorno lindo das pessoas que leem. Forasteira ficou mesmo lindo, com apresentação do poeta e tradutor Fernando Koproski, ele traz poemas recentes em sua maioria, escritos entre 2014 e 2016. Editado pela Vidráguas de Porto Alegre, da editora Carmen Silvia Presotto. Ele abre uma coleção nova da editora que vai editar poetas mulheres, sempre com apresentação de um poeta homem, a coleção se chama: VentreLinhas.
P.- Produzir livros artesanais foi uma estratégia tua para tornar mais acessível a publicação já que o grande problema dos autores é justamente encontrar editoras?
BL– Os livros artesanais foi o jeito que encontrei de organizar minha produção que é imensa. É também por amar artesanato e tecer com fios. Misturei as duas paixões e surgiu este projeto que chamei – 21 gramas. Pelo filme – 21 gramas – por saber que o peso da alma e do beija-flor são iguais, por levezas, quiçá. Eu separo por temas e monto pequenos livros. Em 2010 criei uma coleção e imprimi mais ou menos trezentos livros, depois parei de contar. A coleção traz poemas que considero importantes em minha produção poética, como a série que dialoga com Camille Claudel – Para Camille, com uma flor de pedra, Uma lua em teu ventre, Chá para as borboletas e Sol de Coyoacán, entre outros.
P. – E quando começou, digamos, sua fase de leitora dos livros que se costuma chamar de fundamentais para quem pretende escrever?
BL– A minha vida de leitora de forma mais assídua e de livros essenciais iniciou tarde. Quando vivenciei inúmeras perdas – início dos anos noventa – meus pais morreram, desfiz meu casamento… Eu me apeguei, ferrenhamente, à leitura. Agora de uma forma mais seletiva. Vivendo em Curitiba, com acesso a Biblioteca Pública do Paraná. Este acesso a autores incríveis foi essencial para que minha poesia ganhasse em qualidade, mergulhada em um Universo que ajudou a forjar a poeta que sou. É certo que também lia romances, e encantei-me com Gabriel Garcia Marquez e nossos autores incríveis como Guimarães Rosa e Clarice Lispector. Foi neste tempo que o mundo se abriu. Eu me deparei com Albert Camus. Pretendia ler os filósofos existencialistas e acabei deixando o Sartre para um depois que nunca veio, e li alguns livros de Simone de Beauvoir, mas li todos os livros do Camus que encontrei. Talvez por esta busca que não cessa tentando entender o absurdo do viver, era como se encontrasse um mestre a me apontar caminhos, eu amo Camus de forma rara. Foi neste tempo que encontrei meus grandes amores literários: Fausto Wolff, este gigante que só um país como nosso pode relegar a uma escuridão torpe. A vida de Joaquim Nabuco plena de lutas e beleza e que me prendeu por um tempo enorme quando li Minha Formação. Os romances de Ana Miranda. Henry Miller, John Fante e Anaïs Nin. Marguerite Duras e Jean Genet. Eu quis conhecer a cultura árabe logo após o episódio do ataque às torres gêmeas e fiz um curso de extensão universitária na UFPR, organizado pelo Professor Jamil Zugueib Neto. Foi um encontro com os poetas árabes que mais amo: Mahmoud Darwich e Adônis. Foi neste curso que conheci o tradutor de Adônis no Brasil, o Professor de Literatura Árabe da USP, poeta Michel Sleiman e em 2006 organizamos um recital de poesia árabe aqui em Curitiba em apoio aos civis do Líbano, com poemas de vários poetas árabes do mundo e autores brasileiros de origem árabe como Milton Hatoum e Raduan Nassar.
P.- Você me disse que se acha caótica. Em que sentido?
BL-Eu vejo a minha vida de leitora como uma espécie de caos, e isto reflete aquilo que sou: caótica. Quando escrevia o romance com o tema dos rebeldes dos anos sessenta, li vários livros publicados depois de 1985. Foi muito impactante. Chorei rios ao percorrer as Cartas da Prisão e Batismo de Sangue do Frei Betto, ao ler As moças de Minas, do Luiz Manfredini, a biografia de Iara Iavelberg, Brasil Nunca Mais e outros. Há alguns anos fiz um plano de leitura com meu amigo Pedro Carrano. A ideia era percorrer todas as épocas e foi um tempo bem rico em termos de trocas e aprendizado. Uma cara e rara amizade a minha e a do Pedro. Começamos com Dom Quixote e fomos seguindo um traçado. Foi quando me aventurei a ler A Divina Comédia. Iniciamos com os clássicos e na sequencia a aurora da literatura aqui no Brasil, foi muito lindo ler o Padre Antonio Vieira, Gregório de Matos. Paramos no Arcadismo, no último ano da Faculdade de Jornalismo do Pedro, paramos nosso rito pelo momento dele. Depois, ele saiu viajando pela América do Sul, seguindo a trilha do Che e segue até hoje nesta trilha revolucionária atuante e escrevendo agora para o jornal Brasil de Fato, e eu fiquei com os poetas e minha antiga solidão, sem ser a guerrilheira nunca. Apenas no nome e ideias, quiçá.
P.- E quanto aos poetas? Quem são teus prediletos?
BL- Digamos que poesia matou a minha sede nestes anos todos desde o início dos anos noventa até aqui. Eu escolhia um poeta e lia tudo que encontrava dele. Foi assim que passei muitas férias de verão. Passei um verão com Borges, e outro com Fernando Pessoa, outro com Sylvia Plath. Lembro que os poetas russos eu li em um inverno de encanto branco. Desde 2009 caminho ao lado de Emily Dickinson, em todas as estações. Sem contar que conheci os poetas contemporâneos ao frequentar a Biblioteca Pública, e me colocava diante daquelas estantes e me extasiava. Foi quando descobri – O sermão do viaduto – do Álvaro Alves de Farias e – As banhistas – do Carlito Azevedo. Também tive meus dias de ler Bukowski e é inevitável: todo poeta um belo dia se aproxima da geração beat. Sinto falta de livros de mulheres poetas da geração beat, e amo absurdamente Patti Smith. Eu admiro poetas consagrados como Drummond e Jorge de Lima. Murilo Mendes, Manoel de Barros e Roberto Piva, mas também posso colher o mesmo espanto e encanto com os poetas que estão a publicar agora como Marcelo Ariel, Fabiano Calixto e Ademir Assunção. Acho incrível a poesia que muitas mulheres escrevem hoje no Brasil, como se elas rebentassem a terra em forma de flor já pronta pra ser colhida. Leio algumas destas jovens poetas como Regina Azevedo, Maiara Gouveia e Carla Diacov. Não devo citar nomes, não é? São tantas poetas incríveis e não dá para lembrar o nome de todas elas, em alguns dias eu me lembro da Camila Vardarac, e não leio mais poemas dela em lugar algum. Em outros dias me encanto com os poemas da Mar Becker, que nem tenho certeza se já lançou um livro. Sim, eu sou uma velha senhora, mas o novo me seduz, encontro similaridades como se minha alma contasse apenas vinte anos, os poemas que visto tem mesmo esta aura de Alice Sant’Anna (que lembra Ana C. até mesmo fisicamente), ou aquela leveza dos poemas da Bruna Beber. Há poetas de rara estirpe de todas as idades neste Brasil, desde Renata Pallottini, Eunice Arruda, Maria Carpi e Olga Savary, até poetas mais jovens que eu e estão na estrada há mais tempo como Josely Vianna Baptista, Iracema Macedo, Micheliny Verunschck, Greta Benitez e outras. E o êxtase maior, ler Ana Cristina Cesar, e as incríveis Hilda Hilst e Orides Fontela. Aliás, é injusto dizer qual poeta nos extasia mais, e eu estou mergulhada neste êxtase há quase três décadas. É impossível traçar um panorama dos poetas em uma entrevista, e a cada dia uma nova voz se levanta acima de outras vozes, ainda não consigo falar sobre a poesia de Alberto Lins Caldas, de tão potente e diferente que incomoda e remexe o interior da gente, não deixa pedra sobre pedra. E a cada dia você dá de cara com um poeta incrível e agradece ao Universo por tanta beleza, é o que a gente pensa ao ler Wislawa Szymborska ou Herberto Helder. Existem os monstros da literatura e existe o novo que encanta tanto quanto, pensei nisto ao ler um livro lançado há dois anos, aqui no Brasil, pela Patuá, o surpreendente Trato de Levante do poeta paranaense Jr. Bellé, um poeta, para mim, ainda desconhecido, mas que escreveu um romance em versos com uma carga poética madura e rascante, um livro belíssimo. E os poetas de agora são generosos e lindos. Bellé colocou seu livro em um provedor para que todos possam ler, o poeta Alexandre Guarnieri também disponibilizou seu livro Casa das Máquinas no mesmo provedor ISSUU, eu tenho lá alguns pequenos livros como Para Camille, com uma flor de pedra, e seleção de poemas dos meus livros Noir e O sorriso de Leonardo e Regina Azevedo tem neste mesmo provedor um livro terno e arrebatador: Carcaça. E vários poetas estão acessíveis com seus livros e com seus sites na rede, basta acessar e ler. Os poetas encontraram na Internet um espaço para depositar suas belas obras. É preciso seguir rastreando nesta caverna cibernética estes poetas-diamantes que a grande mídia não mostra.
P.- Você participa ativamente de vários eventos ligados a literatura. Fale sobre isto.
BL– Normalmente eu participo de um evento a cada ano, isto é não tenho esta participação ativa de alguns poetas. São eventos esporádicos, mas todos eles foram muito especiais para mim. Fui ao Festipoa em 2010, estive em um dos eventos A cidade aTravessa (2009), em uma das edições “Quinta poética da Casa das Rosas”. Fui uma das poetas a integrar a Bienal de Arte de Curitiba em 2013 que resultou na Antologia Fantasma Civil, um belo projeto com curadoria do Ricardo Corona e Eliana Borges. Ano passado participei da Semana Literária SESC Paraná ao lado do Chacal, e foi o evento de maior porte que participei. Na minha cidade, Curitiba, a participação maior é nos recitais e participei ativamente das terças no Porão de um bar local chamado Wonka Bar, onde a Ieda Godói acolheu poetas desde 2005, primeiro com o Porão Loquax com a curadoria do poeta Mário Domingues, depois o Vox Urbe com curadoria do poeta Ricardo Pozzo. Cada livro meu desde 2005 teve sua noite de leitura no porão do Wonka Bar, que encerrou suas atividades e deixou este tempo lúdico, poético, lírico e transcendental na memória. Eu me considero uma poeta reclusa e não uma poeta popular, mas a poesia floresce em toda a parte, importa gravá-la em livros ou propalar nos palcos. Cada qual à sua maneira, o mais importante é mantê-la viva, e esta é a missão dos poetas do mundo.
Para saber mais sobre Bárbara Lia
http://www.cronopios.com.br/rede_cronopios/profile.php?id=5164
http://www.mallarmargens.com/2014/03/4-poemas-de-barbara-lia.html
http://www.revistacontemporartes.com.br/2010/04/poeta-paranaense-barbara-lia.html
http://rascunho.com.br/barbara-lia/
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Ana Lúcia Vasconcelos é atriz, jornalista, escritora e tradutora, licenciada em Ciências Políticas e Sociais pela PUC de Campinas, Mestre em Filosofia da Educação, pela Unicamp, e acaba de preparar um livro ainda inédito sobre Hilda Hilst que o MUSA RARA publica em partes. E-mail:analuvasconcelos@globo.com
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