O prazer de ler e ouvir histórias
…..O prazer de ler e ouvir histórias ou primeiras leituras
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Com Fragata, Cunha, Guedes e Carneiro
Quem é leitor sabe o quanto um livro pode ser a ponte entre nós e nossas emoções, nossos desejos, anseios, ideias e tudo aquilo que cabe dentro do universo de cada um. Todo pequeno leitor sabe, não explica, suas sensações ao mergulhar num livro. Daí a importância da leitura para invadir nossa alma com o sensível: começo, meio e fim de toda boa obra.
Realizei para o meu dorminhoco blog Labirintos no Sótão, no começo deste século, uma série de entrevistas com autores que publicam livros para crianças e jovens e pelos quais tenho grande admiração. Aqui destaco quatro respostas para a seguinte pergunta:
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Qual foi o autor ou livro que, na sua infância ou adolescência, te fez gostar de ler, ter o prazer da leitura?
Claudio Fragata:
Desde que me entendo por gente sempre vivi cercado de livros, ouvia histórias de meus pais e meu irmão mais velho, adorava discos de histórias também. Penso que tudo isso junto despertou meu interesse pela leitura. Mas, sem dúvida, Monteiro Lobato e Lewis Carroll foram decisivos para me tornar um feliz dependente das palavras.
Leo Cunha:
Um só é impossível. Eu li muito muito muito na infância. Minha mãe tinha em casa uma biblioteca com mais de 10 mil livros. Na época, eu tinha fases em que lia 10 livros do mesmo autor, e depois passava pra outro. Lembro de ter devorado grandes doses de Orígenes Lessa, Monteiro Lobato, Julio Verne, Mark Twain, Maria Clara Machado. Isso é o que me veio à cabeça agora, mas com certeza foram muitos outros também.
Luiz Roberto Guedes:
Comecei ali pelos 10 nos, com “Caçadas de Pedrinho”, de Monteiro Lobato. Minha primeira “visita” ao Sítio do Pica-pau Amarelo. Em seguida, meu pai me comprou uma coleção de livros de Júlio Verne, com uns sete livros, lindamente ilustrados. “A maior viagem”.
Flávio Carneiro:
Essa é uma pergunta que sempre me comove, porque na verdade não tive um livro assim. Não sei qual foi o livro que me fez gostar de ler. Me lembro vagamente de umas crônicas, de uns poemas, mas é tudo muito vago. Eu não lia muito quando era criança, mas tive o privilégio de ter um pai contador de histórias, do tipo que não existe mais, daqueles contadores de causos do interior. Nasci em Goiânia e cresci ouvindo meu pai contar suas histórias e minha mãe ficar sempre elogiando minha caligrafia e minhas notas em português, na escola. Isso pra mim foi minha formação, a presença deles em volta, dizendo sem dizer que estavam comigo para histórias futuras. Não acho que seja por acaso que me tornei mais tarde leitor, escritor, que escolhi ser professor de literatura, que fiz e faço todo dia uma verdadeira apologia da leitura. Isso tudo tem a ver com eles.
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E que assim seja! Até o próximo alfabeto!
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Marcelo Maluf é escritor, apanhador de palavras dançarinas e terapeuta corporal. Mestre em Artes pela UNESP. Medita no metrô e dança com sua sombra. Escreveu as novelas infantojuvenis Meu pai sabe voar (FTD) em parceria com Daniela Pinotti, Jorge do pântano que fica logo ali (FTD), organizou a antologia de contos Era uma vez para Sempre (TERRACOTA). Seu mais recente trabalho é o livro de contos Esquece tudo agora (TERRACOTA, 2012). Bloga em http://www.marcelomaluf.blogspot.com E-mail: malufmarcelo@gmail.com
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