Psiiiuu Poético!!!


……………………..PULSAÇÃO DO PSIIIUU POÉTICO

[O poeta organizador Aroldo Rereira]

 

A história que parece um longo poema de variados sotaques. Um jogo desafiador de linguagens. É  um caso a se estudar, se fazer contas e se contar contos, tantos foram os encontros concretos. Agora, parece ser o momento de se quebrar o silêncio e anunciar-se desenvergonhadamente ao mundo das letras. Afinal, quantos “is” e quantos “us” cabem num Psiiiuuu que sibila poeticamente há quase 30 anos?

Voltemos lá no final da década dos 70 do século passado, quando a Poesia Marginal corria solta no Rio e os concretistas dominavam a cena paulista. Exatamente em 1979, na cidade de Montes Claros, terra natal de Darcy Ribeiro e Cyro dos Anjos, localizada no norte de Minas, fronteira do cerrado com o sertão, a 455 quilômetros de Belo Horizonte; três jovens poetas – Aroldo Pereira, Mirna Mendes e Renilson Durães – criam o grupo cultural Transa Poética. Anos depois, inventaram um espaço para reunir anualmente Poetas Vivos de todo o país.

“Psiu, a Poesia Chama”. Foi o título que Aroldo Pereira criou enquanto participava de uma oficina coordenada por Ernesto Cardenal & Thiago de Mello, na UnB, em 1987, dentro FLAAC-Festival Latino Americano de Arte & Cultura. Nesse mesmo festival criei o verso “Ou a gente se Raoni/ Ou a gente se Sting”, que viria a ser lema da revista Bric-a-Brac.

A ideia era chamar a atenção da mídia e da academia para a jovem poesia brasileira. De lá para cá, centenas de recitais e conferências; noites de autógrafos e espetáculos performáticos; músicas de todas os matizes; poemas pendurados pelo salão do Espaço Cultural Godofredo Guedes como se fossem estandartes da bandeiras do Divino. E papos… diurnos e noturnos, sempre invadindo madrugadas, regados a cervejas, vinhos, carne de sol com feijão tropeiro, pequi e mandioca, comidas típicas mineiras.

O Psiu Poético acaba de viver a sua vigésima oitava edição. Daqui a dois anos, portanto, em 2016, esse furdúncio de rimas, metáforas, visualidades e musicalidades completa 30 anos de pulsações. Um acontecimento, digamos, balzaquiano

Por si só, isso já merece celebração: urras e vivas ao Psiu, cujo ecopoético reverbera silenciosamente por aí.

Apesar de local, é também nacional e transcendental. Não foram poucos os poetas aclamados que desfilaram seus versos na passarela do Psiu. Mineiros como Adélia Prado e Adão Ventura; baianos como Waly Salomão e o tropicalista José Carlos Capinam. Veteranos como Thiago de Melo e Jorge Mautner; e expoentes de uma geração contemporânea, como Alice Ruiz, Nicolas Behr, Arnaldo Antunes.

O Psiu tem ritual próprio. Oficialmente ocupa por 10 dias o centro cultural da cidade e lota todas as noites o auditório de 200 lugares com convidados, poetas, estudantes e professores da cidade. Já é uma tradição da cultura mineira e até tem forte patrocínio da Petrobras.

O evento transborda pela cidade. Ocupa praças, a rodoviária, escolas secundárias. Têm convênios com a Unimontes, Universidade Estadual de Montes Claros, Prefeitura Municipal, Secretaria Municipal de Esportes, Juventude, Lazer & Cultura.  A produção executiva é da Fulô.

Um pulsante recital acontece no tradicionalíssimo Mercado Municipal, onde poetas compartilham o espaço com aromas irresistíveis dos temperos, carnes, artesanatos, frutas que se misturam com versos e tira-gostos. É o sábado poético do Psiu – singelo e imperdível.

Mas agora que chegou a adultez, o Psiu precisa piscar fortes luzes transcendentais e anunciar-se nacionalmente como umas das grandes festas de poesia brasileira. E a grande oportunidade é agora, na preparação do TRIPSIU, a festa de seu trigésimo aniversário.

Primeiro, é necessário montar uma estrutura nacional de apoios, patrocínios e ações culturais. Convocar uma comissão de poetas, professores, intelectuais e artistas diversos que possa juntar-se a Aroldo e sua galera na organização do grande TRIPSIU de 2016.

Firmar novos convênios e parcerias com outras faculdades e institutos de letras do país, tipo a UFRJ, USP ou UnB, onde existem fortes núcleos de poesia contemporânea. Jogar o Psiu na rede, construindo um site multimídia. Transformar suas acanhadas antologias em produtos multimídias como uma “A Caixa Psiu” com a edição de uma belíssima antologia. Exposições com fotos históricas, imagens e um clip musical, pois o Psiu tem forte tradição com músicas-tema. É o caso de se pensar em grande show com um artista nacional ligado a construção de linguagem.

Em rodas descontraídas de conversas após as apresentações do Psiu deste 2014, essa pauta assunto veio à tona. Poetas como Jairo Fará, de São João del Rey; Ele Semog, do Rio de Janeiro; Wagner Merije, de São Paulo; além de mim, se comprometeram a participar da empreitada. Mãos à obra! Afinal, sabemos todos dos valores do patrimônio intangível de produtos e pessoas que pulsam em torno do Vale do Jequitinhonha. E a linguagem poética, com seus cantos, causos, rimas, sacadas, está incluída neste mapeamento. O Psiu de Montes Claros é um exemplo do bom momento da poesia brasileira que pulsa mesmo à distância e funciona como integração e troca de linguagens. Salve o trintão!

[Performance da poeta Patricia Giceli]

 

 

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[ver matéria televisiva aqui]

 

 

 

 

 

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Luis Turiba é pernambucano, criado no Rio de Janeiro, radicado em Brasília. Fundou a revista de poesia experimental BRIC-A-BRAC, em Brasília, em 1985. Na poesia, tem militância ativa há mais de 30 anos. Publicou seu primeiro livreto, Kiprokó, em 1977, no Rio de Janeiro. Em Brasília publicou Clube do Ócio, em 1980, Luminares, em 1982; Realejos, em 1988; a antologia Cadê?,em 1998; e Bala, em 2005. Em 2010, lançou dois livros em Brasília: “Meiaoito”, pela coleção Oipoema; e o infantil “Luísa, Lulusa: a atriz principal”. No jornalismo, trabalhou em O GLOBO e na Manchete, no Rio de Janeiro, ainda na década de 70. Chegou em Brasília em 1979, onde trabalhou na Gazeta Mercantil, no Jornal do Brasil, no Jornal de Brasília, no Correio Braziliense, onde cobriu a campanha das Diretas e a eleição de Tancredo Neves. Fez assessoria de imprensa para a Assembléia Nacional Constituinte e foi da equipe do Ministro Gilberto Gil no MinC por quatro anos. Publicou um livro com os principais discursos do ministro Gil, editou dois DVDs: Gil na ONU e Programa Mundial da Capoeira. Foi vencedor da Bolsa Literária FUNARTE em 2008, pelo qual escreveu seu livro “Meiaoito”. E-mail: turibapoeta@gmail.com




Comentários (4 comentários)

  1. Aroldo Pereira, Parabéns pelo amplo olhar, direcionado ao nosso Salão Nacional de Poesia Psiu Poético, querido poeta Luis Turiba. Valeu !
    27 outubro, 2014 as 13:41
  2. Luis Turiba, O PSIU é um acontecimento cultural e poética que merece nossa atenção, divulgação e participação. TRIPSIU, rumo aos 30 anos. A Musa Rara deve ser convidada a participar
    27 outubro, 2014 as 14:12
  3. Patrícia Giseli, Psiu Poético é um poema confraria! te beija-flor e te deflora
    27 outubro, 2014 as 14:25
  4. Cristiano Ottoni de Menezes, Salve o TRIPSIU! Salve esta pulsação! Grande toque, Turiba! Abraços, Cristiano Menezes
    27 outubro, 2014 as 14:41

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