Zunái, Revista de Poesia & Debates
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Zunái, Revista de Poesia & Debates apresenta, em sua edição n. 25, uma entrevista com o poeta, ensaísta e tradutor Claudio Willer e poemas de um livro inédito do autor, A verdadeira história do século XX. No link de ensaios, a revista eletrônica, que circula há sete anos no ciberespaço, traz textos de Milton Hatoum sobre o poeta sírio Adonis, de Simone Homem de Mello sobre o poeta Duda Machado, entre outras surpresas.
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O caderno de traduções apresenta ao leitor poemas e textos em prosa de James Joyce, Chyio-Ni, Du Fu, Tenessee Williams, Goethe, e o link Opinião publica artigos e fotos sobre a questão palestina, com destaque para os 30 anos do massacre de Sabra e Chatila. No link Galeria, há uma exposição virtual com fotos de Carla Ramos, e a página de poesia destaca uma novíssima geração de autores de qualidade, como Marceli Andresa Becker, Paula Freitas, Nuno Rau, Raul Macedo, Wesley Peres e Gabriel Resende Santos. O link Especiais publica textos e fotos dedicados ao tema do erotismo, além de depoimentos de usuários do Facebook que sofreram a censura na rede social por publicarem imagens de obras artísticas consideradas “obscenas” pelos critérios do site, numa clara violação à liberdade de expressão.
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A revista Zunái surgiu em 2005, tendo como editores Claudio Daniel e o falecido poeta carioca Rodrigo de Souza Leão. O projeto de arte da revista é de Ana Peluso e a atualização periódica das matérias é feita por Mariza Lourenço. A Zunái nunca recebeu patrocínio de nenhuma entidade pública ou privada e sobrevive pelo trabalho voluntário de sua equipe de colaboradores. Em sete anos de existência, a revista já publicou alguns dos mais importantes poetas, ficcionistas e críticos literários brasileiros, como Augusto e Haroldo de Campos, Armando Freitas Filho, Claudia Roquette-Pinto, Josely Vianna Baptista, Glauco Mattoso, Arnaldo Antunes, Alice Ruiz, Duda Machado, Claudio Willer, João Alexandre Barbosa, Leda Tenório da Mota, Aurora Bernardini, Luiz Costa Lima, Nelson de Oliveira, Marcelino Freire, Milton Hatoum, além de poetas do cenário internacional, como José Kozer, Reynaldo Jiménez e Victor Sosa, entre outros. A linha editorial da revista privilegia a pesquisa de linguagem e a invenção, mas sem se ater a uma única tendência estética.
Confira abaixo um relato em prosa do mexicano Rafael Toriz.
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O PATO
No princípio dos tempos, muito antes do nascimento dos planos de crédito e da invenção dos casos do latim, um estranho animal, parente próximo dos dinossauros, viu-se na necessidade de repensar sua existência (e por ende sua essência) ao dar-se conta de que não podia expressar sua onomatopéia característica: era um pato que não sabia fazer cuac.
Realizou grandes esforços fonéticos, estudou a semântica de seus congêneres, analisou o discurso anseriforme e até plasmou uma gramática generativa. Impossível. Não conseguia articular linguagem. Patológicas causas, certamente
Tal adversidade o fez repensar sua ontologia. Sendo um pato que não tinha uma ferramenta para expressar o pensamento não conseguia ser, inclusive não podia pensar, logo, tampouco existir.
Subitamente se deu conta de sua fugacidade e despareceu em um brusco pavoneio deixando uma zurrada espessa e esmeralda atrás de si. (Ao pato Galleta)
(Outras narrativas do escritor mexicano estão na página http://www.revistazunai.com/traducoes/rafael_toriz.htm da Zunái.)
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