Poesia contemporânea italiana
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“Momento Itália-Brasil” terá performances e leituras poéticas na sexta-feira, 8, e no sábado, 9 de junho
A série de eventos Momento Itália-Brasil, em cartaz na Casa das Rosas desde 2 de junho, sob a curadoria de Francesca Cricelli e com apoio do Instituto Italiano de Cultura de São Paulo, do Governo do Estado de São Paulo e da Poiesis – Instituto de Apoio à Cultura, à Língua e à Literatura, traz as poetas Mariangela Gualtieri e Tiziana Cera Rosco. Elas apresentam “Poesia contemporânea italiana – performance e leituras”, sexta-feira, 8 de junho, às 20h, e “Poesia, teatro e performance”, às 16h30 de sábado, 9 de junho. Este evento terá tradução simultânea. Durante as apresentações, Mariangela e Tiziana dialogam sobre a relação de suas obras com o teatro, a performance e outras manifestações artísticas, como artes visuais e música.
Mariangela Gualtieri fundou, com Cesare Ronconi, em 1983, o Teatro Valdoca. Publicou diversas coletâneas de poesia, entre as quais: Antenata (Crocetti, 1992), Fuococentrale (Einaudi, 2003), Senza polvere senza peso (Einaudi, 2006), Bestiadigioia (Einaudi, 2010) e Caino (Einaudi, 2010). Tiziana Cera Rosco cresceu no Parque Nacional do Abruzzo e vive para a poesia. Trabalha também com artes plásticas, instalações, educação e música. Autora dos livros: Dio Il Macedone (Lietocolle, 2009), Il Compito (La Vita Felice, curato da Milo De Angelis, 2008), Lluvia (Lietocolle, 2004), Il Sangue Trattenere (Atelier, 2003), Calco Dei Tuoi Arti (Lietocolle, 2003), e de diversos textos para leitura teatral.
EVENTOS DIAS 8 E 9 DE JUNHO
Casa das Rosas
Avenida Paulista no. 37
SEXTA-FEIRA
8 de junho
Poesia contemporânea italiana
Performance e leituras
Com Mariangela Gualtieri e Tiziana Cera Rosco.
Às 20h.
Entrada Franca
SÁBADO
9 de junho
Poesia, teatro e performance
Por Mariangela Gualtieri e Tiziana Cera Rosco.
Às 16h30 [com tradução simultânea]
Entrada Franca
As poetas Mariangela Gualtieri e Tiziana Cera Rosco apresentarão ao público seus trabalhos poéticos, dialogando sobre a relação de suas obras com o teatro, a performance e outras manifestações artísticas, como artes visuais e música.
Mariangela Gualtieri fundou, com Cesare Ronconi, em 1983, o Teatro Valdoca. Publicou diversas coletâneas de poesia, entre as quais: Antenata (Crocetti, 1992), Fuococentrale (Einaudi, 2003), Senza polvere senza peso (Einaudi, 2006), Bestia di gioia (Einaudi, 2010) e Caino (Einaudi, 2010).
Há um destino teatral nos versos de Mariangela Gualtieri, em suas construções, os espetáculos do Teatro Valdoca são fruto de um movimento perpétuo de criatividade visionária e perturbadora da escritora, suas construções de cena, a interpretação dos atores, tudo adquire substância através da palavra. A poesia de Mariangela está sempre entrelaçada a uma busca interior, uma aproximação formal entre texto e corpo, numa busca desesperada pela profundidade do ser. É fundamental também a relação entre os versos da poeta, seu estilo de action writing, e a direção de Cesare Ronconi, fazendo da companhia do Teatro Valdoca uma das mais fascinantes da Itália.
Uma poesia de Mariangela Gualtieri
(do livro Bestia di Gioia/ Fera de Júbilo)
tradução Francesca Cricelli
2.
Un mio me
soffre. Chi è? Chi scalcia sul fondo
di questo quieto piroscafo. Giù
nella stiva il passeggero più vivo
batte i suoi colpi.
Chi lo tiene sepolto? E che cosa vuole
questo bastardo bambino che scalcia?
Nel fondo di me, un me soffre –
la sua bandiera stropicciata
non ha nessun vento.
E’ murato. Il bambino più vivo
murato sul fondo.
Con la sua magra manina
mi stringe il cuore, al mattino
un poco stringe e duole.
Che cosa prometto quest’oggi al mio
prigioniero? Con quali false parole
lo tengo zitto per un giorno intero?
- Um meu eu
sofre. Quem é? Quem pisoteia o fundo
deste plácido barco a vapor. Aqui,
no porão, o passageiro mais vivo
golpeia.
Quem o aprisiona? O que quer
este filho bastardo que pisoteia?
No fundo de mim, um eu sofre –
sua bandeira esfarrapada
não tem vento.
Está murado. A criança mais viva
murada no fundo.
Sua mãozinha magra,
de manhã, aperta-me o coração
aperta um pouco e dói.
O que prometer ao meu prisioneiro, hoje?
Que falsas palavras devo usar
para calá-lo o dia inteiro?
Tiziana Cera Rosco cresceu no Parque Nacional do Abruzzo e vive para a poesia. Trabalha também com artes visuais, instalações, educação e música. Autora dos livros: Dio Il Macedone(Lietocolle, 2009), Il Compito (La Vita Felice, organizado por Milo De Angelis, 2008), Lluvia (Lietocolle, 2004), Il Sangue Trattenere (Atelier, 2003), Calco Dei Tuoi Arti (Lietocolle, 2003), e de diversos textos para leitura teatral.
Segundo a poeta Isabella Leardini, curadora do Festival Parco Poesia, realizado na Itália, há uma força misteriosa na poesia de Tiziana, algo selvagem e ancestral, uma tensão mística e feroz, uma inerente carnalidade. Sua poesia pode ser tanto teatral e violenta quanto rigorosa e absoluta; tem um forte carisma natural que se mede não somente com palavras mas em outras artes.
Uma poesia de Tiziana Cera Rosco, Il Compito / A Tarefa
Do livro La vita felice, 2008
Tradução Francesca Cricelli
Bevo nell’osso della sedia senza tavolo
una tisana perfetta.
Tra poco anche questa sedia
verrà battuta.
Forse bisognava restare così
senza avere più nulla su cui poggiare i gomiti
per reimparare una postura
Ho sempre avuto paura di uno strappo.
Mi trovo a meno di trent’anni
due figli e un matrimonio rotto.
Ed è la quarta casa che cambio in quattro anni.
Ma è silenzioso tenere tutti i pezzi in un intero.
Non emettere dolore.
Piove.
Senza più un suono su cui poggiare
una parola.
Bebo no osso da cadeira sem mesa
uma infusão perfeita.
Daqui há pouco até esta cadeira
será derrotada.
Talvez seja preciso estar assim
sem lugar algum para apoiar os cotovelos
para reaprender uma postura
Sempre tive medo de uma distensão.
Me vejo com menos de trinta
dois filhos e um casamento quebrado.
É a quarta casa que habito em quatro anos.
Mas é silencioso manter todos os pedaços num inteiro.
Não emitir a dor.
Chove.
Sem mais som sobre o qual apoiar
um palavra.
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Casa das Rosas – Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura
Avenida Paulista, 37 – próximo à Estação Brigadeiro do Metrô.
Horário de funcionamento: de terça-feira a sábado, das 10h às 22h;
domingos e feriados, das 10h às 18h.
Convênio com o estacionamento Patropi: Alameda Santos, 74.
Tel.: (11) 3285-6986 / (11) 3288-9447.
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16 janeiro, 2017 as 16:29